Capítulo 9

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As luzes do campo aberto se acenderam conforme o dia começava a desaparecer e ficar escuro. Alguns alunos da academia saíam pela lateral depois de mais um dia de aulas e Sasuke encarou a menina agachada no gramado a sua frente. Os cabelos negros caíam pelos olhos cobrindo um pouco de sua expressão cansada. Mas a sua respiração denunciava que eles já haviam chegado ao limite por hoje. Limpou as mãos na calça e caminhou pelo local recolhendo as shurikens espalhadas pelo treino deles, dando um tempo para Sarada se recompor.

Ouviu um barulho ao lado, se deparando com Boruto derrubando uma árvore a margem do começo da floresta ao redor da vila. Bufou revirando os olhos, mesmo anunciando o fim do treinamento, as duas crianças eram tão teimosas quanto os respectivos pais. Mas ele não tinha mais aquela tenra idade e depois de um tempo aprendera a respeitar o equilíbrio de força e vontade. Com isso em mente, virou-se para Sarada novamente e juntou as sobrancelhas ao ver que a garota ainda possuía os olhos vermelhos. Se aproximou e entregou uma garrafa transparente para a menina que ainda respirava com dificuldade.

- O-o-obrigada – agradeceu com as mãos trêmulas e desviando o olhar.

Desde que começou a treinar junto com Sarada não tocaram mais no assunto de sua relação como pai e filha. A menina se mantinha totalmente restrita aos assuntos irreverentes ao treinamento e tentava a maior parte do tempo se esforçar mais do que seu limite em uma competição imatura com Boruto. Sasuke estranhou tal comportamento no início e ainda não sabia muito bem como lidar com a garota. Quando seus olhos se encontravam ela fazia questão de desviar e as vezes podia jurar que conseguira enxergar um brilho triste no fundo dos olhos negros iguais ao seus. Queria conversar com ela e poder esclarecer tudo, mas sabia que não só não podia como não era o momento. E temia que quando ele chegasse, fracassasse mais uma vez com a menina.

Sasuke nunca foi bom com palavras e nem com relações, mas estava disposto a fazer o que estivesse ao seu alcance para ficar perto da filha, mesmo que isso o custasse os olhares de remorso da menina. Porém isso não o impedia de a observar de perto, agora que treinavam juntos e aparentemente ela não o repelia. Ele agradeceu aos céus pela postura madura da menina e fazia de tudo para que não ultrapassasse quaisquer limites que ela poderia tê-lo imposto. Sarada era uma aluna excelente na academia pelo que soubera e conforme a acompanhava de perto nos treinos, via muito de si nos movimentos ágeis e nos olhos concentrados da menina. Em matéria de aparência e comportamento em batalha, podia-se dizer que eram cópias perfeitas. Mas conforme foi passando mais tempo, Sasuke constatou que Sarada herdara completamente a personalidade de Sakura.

Via nos pequenos detalhes, como a forma que cruzava os braços quando estava brava, quando encarava Boruto ao dizer algo idiota, quando juntava as sobrancelhas e ficava séria ao prestar atenção nos movimentos de seu oponente ou quando levantava a voz. Tudo parecia ser um pequeno lembrete, um pequeno pedaço de Sakura ali e não se surpreendeu quando em um dos treinamentos reparou na árvore de cerejeira ao lado da academia, que começara a desabrochar conforme chegava o outono.

- Está frio! Credo. – Boruto reclamou alto enquanto pegava uma das garrafas de água e a esvaziava em um só gole.

Sasuke estremeceu com a brisa fria que se apossava do ambiente conforme já estava de noite e reparou nos braços descobertos de Sarada, grunhindo em frustração.

- Não trouxe nenhum agasalho...

Sarada o encarou surpresa e balançou a cabeça dispensando seu lamento implícito. Mas logo o queixo da garota caiu quando Boruto se levantou e jogou a jaqueta preta para cima da morena.

- Toma. Não quero que fique doente e atrapalhe nossos treinos. – o loiro cruzou os braços e saiu andando na frente em direção a saída do campo.

Sasuke e Sarada seguiram o menino sem trocar qualquer palavra e assim mantiveram um ritmo lento de caminhada até o centro perto do escritório do hokage.

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