Pov Juliette Freire
Brookside, Texas
— Realmente não consigo entender essa fascinação. — Carla dá de ombros quando nos acomodamos no topo da torre da caixa d ́água de Brookside. — Além do mais, esta coisa está tão enferrujada que acho que vamos cair a qualquer segundo.
— Olhe em volta, não é lindo? — pergunto ao apontar lá embaixo para o campo árido e queimado pelo sol, que está começando a se pôr ao longe.
— Sinceramente? Acho meio sinistro aqui em cima.
— Sinistro? O que tem de sinistro aqui?
— Sei lá. Acho que é meio... — Ela tem dificuldade em encontrar a palavra certa. — Solitário.
Talvez Carla só esteja pegando minha vibração, porque é exatamente assim que tenho me sentido nos últimos dias: solitária. Embora Carla tenha estado comigo desde que voltei ao Texas, a tristeza e a solidão me consomem.
— Como você poderia se sentir sozinha quando eu tenho sido uma companhia tão maravilhosa?
Bato meu ombro no dela pela primeira vez desde que voltei. Estou num estado lamentável e nós duas sabemos disso.
— Você é um tipo de draga — ela brinca, ainda que seja verdade.
— Sinto muito.
— Não seja ridícula. Mesmo você sendo uma péssima companhia, ainda prefiro ficar aqui com você a estar no estacionamento de trailer tomando conta dos rebentos da minha mãe.
— Nossa, obrigada. Sou melhor do que os rebentos. Isso me faz sentir fantástica.
— De nada. — Ela força um sorriso.
Meu celular toca dentro do bolso. Ela tem ligado desde que fui embora, mas não consigo atender. Só vai tornar as coisas ainda mais difíceis.
— Vai atender?
— Não.
— Por que não?
— Por que atenderia? Só para ouvi-la dizer que nunca gostou de mim de verdade... que só estava me usando para ocupar o lugar dela.
— Sua tia Claire parece achar que ela realmente gosta de você. Sarah já foi à casa dela uma dúzia de vezes para tentar conseguir meu endereço.
— Por que eu deveria confiar em qualquer coisa que a tia Claire diz? Ela sabia de tudo. Por favor, pode parar de atender o telefone quando ela ligar?
— Tudo bem. — Ela bufa.
— Além do mais, a tia Claire não sabe da metade das coisas que Sarah aprontou. Se ela soubesse, ela não acreditaria que Sarah era tão verdadeira.
— Do que ela não sabe?
— A mãe de Emily me contou que Sarah sabia. Ela não hesitou em nenhum momento. Ela me disse, claramente, que ela estava me usando para substituir a filha dela. Ela a conhece desde que era pequena. Nós corríamos juntas. Ela corria com Emily o tempo todo. Essa era a coisa delas. Sarah a levava aos faróis.
— Tudo bem. Mas vocês eram gêmeas, Juliette. É tão estranho assim que vocês duas gostassem de correr e de visitar faróis? — Carla dá de ombros.
— Sarah mentiu na minha cara. Ela me disse que passava pelos faróis o tempo todo e nunca nem os notou até me conhecer. Mas tinha uma foto delas em pé na frente de um farol no quarto de Emily. E quando encontramos o Dr. Bennett no hospital, ela mentiu de novo. Ela me disse que o Dr. Bennett era um amigo da família. Por que mais ela mentiria?
— Não sei. Mas alguma coisa não bate.
— De que lado você está? Nem sabia que você gostava da Sarah.
— Estou sempre do seu lado. Estava preocupada que ela pudesse te magoar.
— Parece que você tinha uma boa razão para se preocupar.
Ela suspira.
— Tudo bem. Não vou ganhar essa discussão. Vou só continuar com o "eu te disse". Não tem que me perguntar duas vezes. É tão raro que eu tenha razão nas nossas vidas. — Ela sorri.
— Obrigada. Isso me faz sentir muito melhor. — Forço um sorriso. — Sabe o que mais está ferrado?
— Tem mais alguma coisa? — ela brinca.
— Eu perdi uma irmã e estou sofrendo mais por causa de Sarah.
— Você nunca teve uma irmã de verdade para perder.
— Também nunca tive Sarah.
*************
Sentamo-nos num silêncio cômodo até ficar escuro.
— Pronta para ir, Srta. Karla?
— Não acho que deva continuar me chamando pelo meu nome de celebridade se eu não vivo mais na Califórnia.
— Então vai ficar no Texas para sempre?
— Você é tudo o que tenho — digo com sarcasmo, embora seja verdade.
— Isso é bem triste. — Carla sorri e levanta-se, me oferecendo a mão. — Venha, vamos descer desse lugar deprimente.
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Peças do destino - Versão Sariette
RomanceSarah : Meu mundo mudou, completamente, quando conheci Emily. Juliette : Apaixonar-me por ela não estava nos planos. Mas... Quantas peças o destino era capaz de pregar? Sarah G!P - Se não gosta, não leia!