Pov Juliette Freire
Dia dos NamoradosTrês Anos Depois
Acordo com Sarah resmungando ao tropeçar em uma caixa. De novo. Eu sorrio no escuro enquanto ela tenta, em vão, sair silenciosamente para sua aula matinal. Em vez disso, uma pequena sequência de palavrões enche o quarto quando ela manca em direção à cama, resmungando alguma coisa relacionada a um dedo quebrado. Não a deixo perceber que estou acordada quando ela se inclina e beija minha testa, colocando alguma coisa debaixo do meu travesseiro.
Espero até ouvir a porta da frente se fechar, então tiro o bilhete. Faz tempo que ela não me deixa nenhum. Embora sinta falta de recebê-los, isso os torna ainda mais especiais. Desdobro-o:
" Quer ser minha namorada, aniversáriante? "
Como uma garota de quatorze anos, seguro o bilhete contra o peito e o aprecio pelo que é: um bilhete da garota mais bonita da escola, por quem tenho uma queda gigante. Só que agora, estamos começando nosso quarto ano de faculdade.
Duas semanas atrás, finalmente demos o grande passo e fomos morar juntas. Um apartamento pequeno perto do campus — não é o Waldorf —, mas eu o amo como se fosse uma cobertura chique. É engraçado porque, nos últimos três anos, passávamos quatro noites por semana juntas, então, não achava que seria tão diferente quando fôssemos viver no mesmo espaço. Mesmo assim, é totalmente diferente. E não tem nada a ver com Sarah não precisar escapar antes da tia Claire chegar em casa. Eu lhe disse que ela não se importava, mas ela insistiu em fazê-lo até o dia em que me mudei; ela não queria esfregar na cara da minha tia que estávamos dormindo juntas. Embora fosse impossível que ela já não soubesse.
Depois que voltei do Texas, tia Claire e eu passamos muito tempo conversando. Eu sabia, antes de conhecê-la, que ela guardava segredos de mim, mas meu coração ainda estava magoado por ela não ter me contado sobre Emily.
Descobri que ela ficou em Long Beach a vida inteira para ficar de olho na minha irmã. Ela também acompanhava minha mãe e eu. Enquanto crescia, lembro-me de receber grandes entregas, uma vez por mês, — frutas frescas, legumes, iogurte — e adorar o dia que o moço da entrega vinha todo mês. Mamãe nunca mencionou quem mandava as mercadorias e chorei por uma hora quando a tia Claire me disse que era ela.
Durante dezessete anos, ela amou a mim, mamãe e Emily, de longe; um anjo da guarda tomando conta de nós. Agora, tia Claire e eu temos uma à outra e nossos anjos da guarda são a mamãe e a Emily.
Não levei muito tempo para perdoar a tia Claire por não me contar sobre meu pai e Emily. Ela só estava tentando me proteger. E eu apenas precisava enxergar as coisas claramente. Atualmente, penso nela como uma melhor amiga, embora nunca tenha contado a Carla, porque ela ainda tem um pouco de bronca da tia Claire pelas coisas que aconteceram três anos atrás. Se contasse, Carla ficaria arrasada ao saber que meu relacionamento com a tia Claire concorria com o nosso.
E também havia meu pai. Fiquei longe dele durante os primeiros meses depois que voltei para a Califórnia. Era muita coisa para lidar. Mas Sarah, uma hora, me convenceu de me encontrar com o Dr. Bennett para almoçar um dia. Nunca me esquecerei da minha entrada no restaurante naquela tarde de sábado. Eu o vi sentando à mesa, e nossos olhos travaram. Ele ficou em pé e, de repente, eu tinha cinco anos de idade de novo e ele era o Mike. Se Sarah não estivesse em pé ao meu lado, eu teria caído no chão quando vi meu pai cair no choro. Ele me deu um único lírio roxo antes de eu ir embora naquele dia.
Olho para a mesa de cabeceira, encontrando um lírio fresco. Ele tem me trazido um toda semana desde aquele almoço. De alguma forma, sei que sempre terei um. Ao longo dos últimos dois anos e meio, passamos muito tempo conversando sobre a mamãe. Ele a amava de todo coração, de verdade. Mas é complicado...
Tanta coisa mudou nos últimos três anos. Olho ao redor do quarto. Está lotado de caixas, mas já fiz algum progresso. Minhas caixas de papelão marrom e mofadas tiveram uma melhoria. Agora são caixas bonitas, em tons de rosa, da Box Store. Gosto de pensar que elas dão um ar chique e despojado ao apartamento, mas ousaria dizer que Sarah teria outra escolha de palavras para descrever minha neurose, embora ela nunca tenha reclamado uma só vez por elas estarem em todo lugar.
*************
Sexta-feira é um dia longo para Sarah. Ela está na faculdade desde cedo e são quase sete da noite agora. Vai chegar a qualquer minuto. Geralmente, está exausta e dolorida depois de quatro aulas seguidas e horas de treino torturante de futebol americano. Mas algo me diz que ela terá um novo ânimo quando der uma olhada no presente de Dia dos Namorados dela: minha nova lingerie vermelha, um espartilho justo, feito de uma renda maravilhosa com a frente de cetim. Parece uma segunda pele. O que é bom, porque a segunda pele combina com toda a pele à mostra quando eu me viro; a calcinha fio-dental deixa pouco espaço para a imaginação.
Ao ouvir as chaves dela na porta, abro-a, sabendo que suas mãos estarão carregadas de equipamentos. O equipamento cai ruidosamente no chão de madeira, quando ela o derruba sem dizer uma só palavra e vem direto na minha direção. Colocando minha mão no peito dela, eu a paro antes do ataque.
Dou-lhe um bilhete dobrado. É a primeira vez que lhe dou um e ela arqueia a sobrancelha. Nenhuma de nós fala enquanto ela o desdobra:
" Obrigado por estar comigo sempre, e ser tudo que eu sempre quis, te amo, amor "
Ela levanta os olhos, olhando dentro da minha alma com aqueles olhos verdes que me dizem tudo o que quero ouvir sem dizer uma só palavra. Pegando-me no colo, ela me carrega carinhosamente nos braços. Tão diferente de como ela provavelmente planejou me ter a alguns minutos atrás quando abri a porta.
Esta noite tem a ver com amor. Em outro momento, poderá ser louco e frenético. Que coisa! Adoro de qualquer jeito com Sarah. Mas esta noite... esta noite será devagar e doce. Meu jeito favorito!
Ela entra no quarto me carregando nos braços e pára repentinamente, absorvendo tudo o que não está lá.
As caixas. Elas se foram. Cada uma delas.
Quando os olhos dela finalmente encontram o caminho de volta para os meus, eu digo as palavras que esperei vinte e um anos para sentir:
— Estou em casa, finalmente!
Foi isso amores ❤️, espero que tenham gostado e logo logo eu trago fanfic nova.
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Peças do destino - Versão Sariette
Roman d'amourSarah : Meu mundo mudou, completamente, quando conheci Emily. Juliette : Apaixonar-me por ela não estava nos planos. Mas... Quantas peças o destino era capaz de pregar? Sarah G!P - Se não gosta, não leia!