Pov Juliette Freire
Escorrego pela parede para me sentar ao lado da porta da frente, ouvindo o barulho do Dodge Charger de Sarah se afastar da calçada e sair para o Better Burger. Minha cabeça está girando, revivendo cada um dos momentos no sofá enquanto enfio a mão na minha calça jeans e puxo o bilhete que Sarah me deu quando entrou. Esqueci que o tinha guardado no bolso até agora. Meu coração está a mil por hora quando o abro. Esse pequeno ritual com Sarah se transformou em algo pelo qual sempre fico esperando.
" Você faz meu coração pulsar de alegria, meu corpo tremer a cada toque, minha mente espera por cada palavra sua, por favor me perdoe "
Eu me belisco para ter certeza de que é verdade. Ela não pode ser de verdade. Vim para Long Beach para encontrar uma irmã que eu não sabia que existia e conheci uma garota por quem sou apaixonada. Ela não é perfeita. E daí? Eu também não sou. Nós duas temos uma tonelada de bagagem emocional. Mas sinto a ligação com ela no fundo da minha alma. O destino tinha que nos juntar.
Tentando sair do torpor provocado por Sarah, pego o celular para ligar para Carla. Ele vibra enquanto meus dedos ainda estão passando pelo teclado.
— Como você está? — ela continua. — A garota do bilhetinho partiu seu coração de novo nas
últimas horas? Porque, se ela fez isso, vou colocar meu dedão para fora e pegar uma carona com o próximo caminhoneiro pavoroso que passar por essa porcaria de cidade. Vê só que boa amiga eu sou! Estou a fim de arriscar ser assassinada por um caminhoneiro horrendo só para dar um chute no traseiro da garota muda do bilhetinho se ela te magoar de novo.— Já ouvi isso antes. É apenas um das várias coisas maravilhosas da sua melhor amiga. Há tantas outras. — Carla ri de si mesma.
— O seu timing está perfeito, DJ — eu digo enquanto tento sair da terra da fantasia.
Carla. E quem mais poderia ser?
Ela tem um jeito peculiar de dizer, mas o ponto é sincero. Carla tem boas intenções. Ela caminharia até a Califórnia se soubesse que eu preciso dela.
— Exatamente o contrário, Chee. Tudo está ótimo. Conversamos, ela se desculpou e explicou por que esteve passando por um momento ruim e as coisas estão bem. Sinto que fizemos muito progresso. Ela está aqui agora. Bem, não neste exato momento. Ela saiu para comprar hambúrgueres, mas vai voltar logo. Nunca senti isso por alguém antes, Carla. Nunca. Não sei explicar.
— Ah, não. Você está me assustando. Essa garota te deixou maluca. Por favor, não me diga que está se apaixonando, Ju. O amor é perigoso e você não está pronta para isso. Mal está preparada para uma paquera idiota.
As palavras dela me chateiam, me colocam na defensiva.
— Como se você estivesse preparada para isso, Carla. Dá um tempo! Você se apaixonou quatro vezes no ano passado e eu tive que aguentar todas elas. E isso aqui é diferente. Muito, muito diferente. É real. Quer queira acreditar ou não.
Meu tom faz Carla perceber que não quero que ela faça nenhuma piada neste momento.
— Calma! Acredito em você. Só estou preocupada. Essa garota está brincando com o seu coração desde quando chegou aí. Eu não confio nela. É só isso. — Sei que Carla tem boas intenções, mas não há como explicar o que está acontecendo entre Sarah e eu. Nosso elo não é algo que eu consiga colocar em palavras, assim não espero que ela entenda.
— Ela vai voltar a qualquer minuto, Dj. Posso ligar mais tarde? — Sinto-me mal por cortá-la, não quero ofendê-la, mas estou me sentindo bem pela primeira vez em semanas e não quero que ela me desanime.
A campainha da porta toca quando estou em pé no quarto colocando meu cabelo no lugar.
— Hambúrgueres, batatas fritas e milk-shakes de chocolate. — Sarah segura duas sacolas de papel enormes quando eu abro a porta. — A tia Claire me expulsaria se descobrisse. Na verdade, ela provavelmente me expulsaria mesmo se eu estivesse trazendo tofu orgânico, se soubesse o que estou pensando com relação à sua sobrinha.
— E o que você está pensando com relação a mim? — É óbvio pelo tom de voz dela, mas quero ouvi-la dizer em voz alta.
Carla coloca as sacolas em cima da mesa e me puxa para seus braços. Os olhos dela descem até os meus lábios.
— Quer que eu lhe diga? — ela provoca.
— Será? — pergunto timidamente.
Com um sorriso diabólico no rosto, Sarah balança a cabeça. Engulo em seco. Minha voz mal é um sussurro.
— Me diga.
— Estava pensando em que gosto você teria. Em como seria ter você embaixo de mim. O sonzinho que faz quando começa a gozar.
Não tenho certeza se ela ouve, mas um gemido quase inaudível escapa da minha garganta. Ela me beija.
— A tia Claire não chega até às oito horas de amanhã, certo?
Balanço a cabeça. Inconscientemente, lambo meus lábios.
Sarah rosna. Dá um passo para trás e balança a cabeça.
— Vá. Coma. Vou jogar um pouco de água fria no rosto.
Ela sai em direção ao banheiro, resmungando.
— Coma rápido!
*************
Deito-me na cama ainda acordada quando o sol nasce, repassando em minha cabeça a noite inteira com Sarah. Não sei como conseguiria dormir. A visão de Sarah deitada ao meu lado na cama, apoiada nos cotovelos, aparece em minha cabeça.
— Você é virgem? — ela perguntou casualmente, enquanto desenhava círculos delicadamente com o dedo em volta do meu umbigo exposto.
— Sou.
O dedo dela parou momentaneamente no meio do caminho.
— Isso te incomoda? — pergunto, curiosa com a parada repentina dela.
Ela não respondeu verbalmente. Apenas balançou a cabeça lentamente, com um sorriso.
— Então por que hesitou?
— Estava tirando um minuto para agradecer a Deus — ela respondeu com um sorriso malicioso.
Não estou acostumada a conversar sobre sexo com garotas por quem me interesso. Ou com qualquer um, para ser sincera. Principalmente porque nunca houve nada sobre o que falar. Assim, levei alguns minutos para tomar coragem e perguntar.
— Você é? — Quase me senti idiota por perguntar. Ela teve um relacionamento longo com Emily e... bem, olhe só para ela. Muitas pessoas se jogam em cima de uma garota como Sarah.
Fiquei chocada quando ela assentiu.— Sei que é difícil de acreditar, já que qual tipo de garota seria capaz de manter as mãos longe de mim? Mas sim, sou virgem. E, devo dizer que, na verdade, agora não estou nem aí. Estou feliz por nós duas sermos. Se decidirmos que estamos prontas, vai tornar o momento muito mais especial.
Eu quase derreti.
Não é só a conversa sobre sexo e os "amassos" que me mantêm acordada. Apesar de termos feito o suficiente das duas coisas para manter minha mente ocupada durante um dia inteiro.
Alguma coisa maior aconteceu entre nós na noite passada. Mais do que uma desculpa ou um perdão, nós demos um grande passo à frente, concordando em nos abrirmos e sermos honestas, sem esconder as coisas que nos fazem o que somos. Nós nos conectamos de uma maneira que nunca senti com ninguém antes.
É por isso que me sinto culpada. Não contei a ela sobre a minha irmã. Queria. Realmente queria. Mas o momento nunca me pareceu adequado. Eu a fiz prometer ser aberta e sincera comigo daqui para frente, no entanto, ainda estou mantendo meus próprios segredos.
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Peças do destino - Versão Sariette
Roman d'amourSarah : Meu mundo mudou, completamente, quando conheci Emily. Juliette : Apaixonar-me por ela não estava nos planos. Mas... Quantas peças o destino era capaz de pregar? Sarah G!P - Se não gosta, não leia!