Pov Sarah Andrade
— Sarah, querida, você tem companhia. Pode descer, por favor? — Mamãe parece bem nervosa.
Tenho companhia? A única pessoa que ainda passa por aqui é o Bill e ele nunca viu o relógio bater dez horas em um domingo desde que o conheço, há doze anos.
Visto uma camiseta e pego meu boné dos Dodgers. Desço alguns degraus e ouço minha mãe em meio a uma conversa com outra mulher. Achei que ela tinha dito que a companhia era para mim.
Do topo da escada, vejo de relance um rabo de cavalo. As costas dela estão viradas para a escada, mas eu reconheceria aquela risada em qualquer lugar... e a imagem daquele traseiro está permanentemente encrustada no meu cérebro. Juliette está na minha casa, conversando com a minha mãe.
O estalar dos meus passos nos degraus de madeira faz Juliette perceber minha presença, e ela se vira antes de eu chegar aos pés da escada.
— Oi, Sarah — ela diz, com a energia que geralmente vem de um saco de Swedish Fish seguido por um Red Bull. Noto seu sorriso nervoso ao falar. — Saí para correr e achei que você pudesse querer se juntar a mim. O dia está lindo! — ela diz apressadamente.
Minha mãe está sorrindo ainda mais do que Juliette. Ela parece estar vendo o sol depois da tempestade. Não me dei conta de quanto tempo passou desde que vi minha mãe se alegrar com uma felicidade verdadeira. Degusto o momento.
— Quer apostar corrida comigo de novo? Eu deixei você ganhar da última vez. Não fique achando que vou fazer isso duas vezes — respondo com um sorriso malicioso.
Juliette se vira para minha mãe, o rosto cheio de inocência.
— Sarah não me deixou ganhar, Sra. Andrade. Ela está tentando reescrever a história para lidar com o fato de que perdeu para uma garota com menos preparo físico.
Ela se vira para mim.
— Dormiu bem? — Juliette arqueia uma sobrancelha e tenta esconder seu sorrisinho. — Está pronta para competir? Não quero que me venha com desculpas quando eu lhe der uma surra de novo.
Depois das horas no carro na noite passada, ela sabe muito bem que não tive uma boa noite de sono. Olho para ver se minha mãe se deu conta da paquera. É um lado de Juliette que só notei muito rapidamente antes, mas do qual gosto muito. Alguma coisa mexe comigo quando ela é audaciosa, ultrapassando seus limites mesmo quando algo a assusta.
Minha mãe não entende nossa troca de olhares, já que não sabe sobre a noite passada. Tenho certeza de que ela presumiu que eu saí com Bill — ele é a única pessoa com quem eu saí desde Emily. Mas mamãe está obviamente encantada com o jeito alegre e despojado de Juliette, pois está reluzindo de orelha a orelha.
— Uma nova competição? Tem certeza de que sabe o que está pedindo? — Olho nos olhos de Juliette e seu rosto fica imediatamente cor-de-rosa brilhante. Adoro que possa provocar isso nela apenas com um olhar e algumas palavras com significado nas entrelinhas.
— Tenho certeza. A não ser que você esteja com medo de me enfrentar de novo.
— Vou colocar minha roupa de corrida — respondo. Subo os degraus dois de cada vez e coloco meu short e o tênis.
A risada de Juliette paira sobre a escada enquanto eu me troco. Minha mãe a acompanha.
Que droga, é um som maravilhoso.
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Quando desço, minha mãe está cantarolando baixinho uma música de Billy Joel que está tocando no rádio via satélite da cozinha, enquanto amassa os legumes no liquidificador.
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Peças do destino - Versão Sariette
Roman d'amourSarah : Meu mundo mudou, completamente, quando conheci Emily. Juliette : Apaixonar-me por ela não estava nos planos. Mas... Quantas peças o destino era capaz de pregar? Sarah G!P - Se não gosta, não leia!