Em apenas alguns dias Alec descobriu que Catarina era a pessoa mais animada da face da terra.
Óbvio que ele não conhecia toda a face da terra. Na verdade ele não conhecia mais ninguém além dela, mas o entusiasmo daquela mulher era fora do comum.
Toda manhã ela acordava cedo, cantarolando e dançando pela casa enquanto preparava o café.
Alec era chamado gentilmente, mas sempre ia se arrastando até a mesa e ele apenas escutava as canções serem substituídas por histórias sobre a vida dela.
Catarina Loss tinha mesmo 30 anos.
Era enfermeira desde os 22 e sonhava em ter uma família, mas nunca encontrou a pessoa certa para iniciar uma.
O garotinho não entendia muito bem o que "pessoa certa" significava, mas pensou em seus pais e na felicidade deles.
Agora, toda noite sem sua família parecia um pesadelo, e esse pesadelo ficava ainda pior quando ele acordava e descobria que era tudo verdade.
Que todos estavam mortos.
Desde que gritou o nome da irmã depois do acidente ele não falou mais, e como prometido, Catarina não o forçou a nada, mas sempre tagarelava por ambos.
Ele escutava tudo, sem prestar realmente atenção, mas assentia ou negava com a cabeça quando ela fazia alguma pergunta.
Ela também trocava o curativo de sua bochecha com frequência, e quando anunciou que o ferimento causado pelos cacos de vidro era tão profundo que ficaria uma cicatriz, ela chorou.
Mas Alec não se importou com isso porque ele não se importava com mais nada.
Tudo o que ele queria era ter alguma coisa para se lembrar da sua família, então mostrou para Catarina o colarzinho em seu pescoço num pedido silencioso.
O colarzinho que Robert havia dado aos dois filhos caso algum dia eles se perdessem.
Ali continha seu endereço, telefone, nome completo e data de nascimento.
Por sorte Catarina entendeu o que ele queria.
- Você quer ir à sua casa, certo? - Alec assentiu com os olhinhos tão ansiosos que o coração dela doeu. - Ah, querido. Não sei se essa é uma boa ideia.
A verdade era que ela não podia levá-lo porque advogados e policiais ainda estavam tratando do caso, mas quando ele abaixou a cabecinha e apertou aquele mesmo colar junto ao peito, ela não aguentou e ligou para um táxi.
O endereço de Alec não ficava muito longe de sua casa, mas tiveram que esperar uma hora até a área ficar vazia.
Alec era uma bolinha encolhida atrás das pernas de Catarina, e o coração dela se partiu por isso, mas também a deixou mais determinada em levá-lo lá pra dentro.
Assim que constataram que não havia mais ninguém por perto, os dois deslizaram silenciosamente pelo prédio.
Foram de escada até o quarto andar, mesmo tendo elevador, e Alec tirou uma chave que ficava junto com o pingente do endereço em seu colar.
Ele esticou a chave para Catarina, e assim que a porta foi aberta, o garotinho desapareceu lá pra dentro.
Ela deu um passo para segui-lo, mas parou ao constatar que ele talvez precisasse de privacidade em seu próprio quarto.
O silêncio era absoluto naquele apartamento frio, e Catarina ficou passeando pela sala.
A decoração era bem simples e bonita, típica de uma família inglesa, mas ao olhar mais atentamente para uma pintura acima da estante, ela notou algo completamente fora do comum.
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BE MY VOICE
Fanfiction"Alec Lightwood era um menino feliz e amado. Era jovem mas tinha tudo... até que um acidente o deixou com nada além de marcas, tanto por fora quanto por dentro, e desde aquela noite ele nunca mais falou. Muitos tentaram, mas todos falharam, até que...