4- Não foi impressão sua?

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 Demorou um bom tempo, mas as coisas foram ficando menos piores.

1 ano e 3 meses haviam se passado e Alec continuava sem falar, mas as outras crianças já não o ignoravam tanto, ainda que só o cumprimentassem pelo caminho.

Muitas delas saíram do orfanato, e outras chegaram.

Catarina estava quase implorando de joelhos pra alguém ir conversar com Alec, só que nem foi preciso porque um menininho novo fez isso de boa vontade.

Numa tarde entre os intervalos da aula, Alec estava sentadinho embaixo de uma árvore, concentrado em seu caderno até que o menininho novo se aproximou devagar.

Ele havia se apresentado como Jace, e não se abalou com a falta de resposta de Alec, na verdade o menininho loiro até aceitou aquilo como um grande desafio, e parecia bem disposto a conquistar a amizade dele.

Todas as manhãs ele esperava no corredor até Alec sair e perguntava se podia acompanhá-lo pra aula.

Quando recebia uma pequena confirmação com a cabeça, Jace abria um grande sorriso e saltitava ao lado de Alec.

Ele mesmo não falava muito, mas sempre tentava fazer uma palhaçada pra que Alec risse.

Era óbvio que seria um processo longo porque nem um sorrisinho conseguia, mas ao observar os dois de longe, Catarina sentiu a forte pressão em seu peito diminuir.

Ela ficou tão hipnotizada num sábado de manhã, olhando Jace jogar uma bola de beisebol e Alec a pegando e jogando de volta, que quase deu um grito quando alguém parou do seu lado na porta do jardim.

- Que merda, Magnus Bane. Assim você me mata de susto. - Ela acusou o amigo, que fazia visitas inesperadas e raras desde que ela voltou para Nova York há mais de um ano atrás.

Ele não se dava muito bem com crianças, ainda mais nessa quantidade tão grande, por isso sempre esteve protegido nas 3 vezes em que a visitou no orfanato.

- Você cuida de um bando de pestinhas mundanos com essa boca suja? - Magnus retrucou com uma sobrancelha erguida. - Se aqui fosse a Academia de Idris, a Clave cortaria sua língua fora.

- Aqui não é a Academia, Magnus. Eu abandonei o mundo das sombras para cuidar de pessoas que não tem poderes especiais para consertar qualquer coisa errada. Você também abandonou tudo como feiticeiro, então porque se importa com a Clave?

- Eu não me importo, querida. Nem um pouquinho. Abandonei toda a chatice política do mundo das sombras, mas não abandonei meus poderes. E só com um feitiço de invisibilidade pra eu vir até aqui. Não sei mesmo como você aguenta todas essas pestes correndo, gritando e se pendurando por aí. É ainda mais bizarro do que demônios correndo, gritando e se pendurando por aí.

- Se você não gosta de crianças, então por que veio aqui 3 vezes?

- Não é que eu não goste. É que eu prefiro não ter contato. E pro seu governo, "Chatarina", eu venho aqui por sua causa. Além de você se recusar a sair daqui para uma simples baladinha, nesses 400 anos de amizade eu nunca te vi tão preocupada assim. Muito menos por um mundano com meio metro de altura.

- O Alec é diferente, Magnus. Eu sinto isso. Ele é um menino especial.

- Você vai ter que decidir o que significa "especial", Cat, porque você disse a mesma coisa daquela criança com diabetes que cuidou há uns 30 anos atrás.

Catarina revirou os olhos e cruzou os braços.

- Você é muito insensível, Bane. Se já terminou de me atrapalhar, pode ir embora.

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