19- Inalcançável

580 75 59
                                    

No primeiro mês, Magnus retornou duas vezes, mas Alec se manteve em silêncio durante as poucas horas que ele ficava pelo apartamento.

No segundo mês, Magnus passou a fazer suas visitas toda sexta-feira, mas Alec também se manteve em silêncio. Trocando nada além de cumprimentos básicos.

No terceiro mês, Alec começou a interagir mais durante o jantar, apenas por que Catarina parecia feliz em ter seu amigo de longa data por perto.

A raiva e a decepção ainda estavam lá, bagunçando a cabeça e coração do jovem Lightwood, só que ele estava disposto a esquecer isso um pouco em pró de sua guardiã.

Mas o fato é que ver Magnus Bane, tão perto e ao mesmo tempo tão distante, era difícil.

Uma parte de Alec continuava com aquela raiva dolorosa pelo abandono e pelas mentiras, mas outra parte, a parte menor era dominada pela vergonha e a saudade.

"Ele sabe que eu o amava" - Pensou enquanto remexia a comida no prato durante aquele jantar.

"Mas você ainda o ama." - Uma outra voz cutucou seu cérebro, e Alec só teve tempo de soltar um suspiro antes de ser puxado de seus devaneios.

- Alec! É sua vez de contar como foi o seu dia, querido. - Catarina soou esperançosa, e as bochechas do garoto ruborizaram ao perceber que estava encarando Magnus fixamente, e que Magnus já o encarava de volta, curioso.

Nunca ia entender porque cada pedacinho daquele homem o atraía, e talvez por isso tenha demorado uma eternidade para responder.

- Eu consegui um emprego.

- Um emprego? - Jace ecoou antes que a Guardiã tivesse chance. - A onde? E por que você não me contou sobre isso?

- Eu contei. Mas você estava tão ocupado agarrando a Clary que seu cérebro deve ter parado de funcionar.

O loiro abriu a boca para argumentar, mas fechou de novo porque sabia que era verdade.

- Que emprego é esse, querido? - Catarina voltou a perguntar.

- Eu vou ser garçom no Taki's. É um emprego de meio período, mas com o salário eu vou poder pagar pelas minhas aulas de direção. Quero comprar um carro aos 18 anos, quando eu receber a herança dos meus pais. Sei que não é muito, mas vai ajudar bastante.

Catarina parecia orgulhosa de ver seu protegido tomando suas próprias decisões, enquanto Jace parecia estar se dando conta pela primeira vez na vida que não seria eternamente bancado pela mulher que o acolheu e que sua própria família de sangue não tinha nenhuma herança para lhe dar.

Já Magnus estava franzindo o cenho do outro lado da mesa, perdido em pensamentos, mas quando quebrou o silêncio foi como um balde de água fria direto na cara de Alec.

Foi como uma onda destruindo mais uma vez toda a esperança de que aquela convivência pudesse dar certo, ou que talvez eles pudessem ter um futuro juntos.

- O Restaurante Taki's é exclusivo para Caçadores de sombras. - Magnus observou.

- Sim! E daí?

- E daí que você não devia se envolver com nada desse mundo, lembra? Não foi pra isso que eu te criei.

Jace se engasgou com o suco que bebia e logo cobriu o rosto com as duas mãos.

- Ah meu santo Cristo! Agora sim você ferrou tudo, cara.

Magnus não tinha se dado conta do que falara até aquele momento, mas ignorou Jace.

Ignorou os murmúrios de Catarina.

BE MY VOICEOnde histórias criam vida. Descubra agora