6- Não precisa ter medo

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Depois que Magnus Bane foi embora, Alec ainda ficou um tempo sentadinho na pedra, pensando.

Sua mente estava agitada com tudo o que Magnus disse, e sobre o que ele não disse também.

As dúvidas sobre aquele homem, sobre a presença dele, ainda o atormentavam porque ele era diferente de tudo e de todos.

Alec não queria se aproximar de ninguém que não fosse sua família, mas ele queria se aproximar de Magnus.

Queria muito, só não entendia o porquê.

Distraído, o garotinho começou a caminhar pelas árvores de volta pro orfanato, e foi só então que ele percebeu que haviam se passado várias horas desde que saiu correndo naquela manhã, e que seu sumiço não foi totalmente despercebido.

As crianças brincavam em grupinhos no jardim e o ignoravam, como sempre faziam quando ele andava por ali, só que mais adiante ele viu Jace, agitado perto da porta enquanto falava com alguém lá dentro.

Com passinhos hesitantes, Alec percebeu que o seu amigo estava preocupado, dizendo "Eu vou procurá-lo de novo", enquanto Catarina andava de um lado pro outro, murmurando que havia falhado como guardiã por não ter ideia de onde seu protegido estava.

Ragnor também estava ali, tentando consolá-la, mas a voz embargada de Catarina fez o coraçãozinho de Alec se encher de culpa, e era mais do que óbvio que ele é quem havia falhado como protegido, e não ela como guardiã.

Ainda caminhando, Alec não se lembrava de ter feito qualquer ruído, mas Jace se virou subitamente, como se tivesse sentido sua presença e gritou seu nome.

Ele começou a correr em sua direção, mas parou de repente e corou.

- Me desculpe. Eu sei que você não gosta de abraços, mas eu estava preocupado.

Naquele momento, Alec não se importou com esse fato e esticou os bracinhos.

Jace deu um grande e brilhante sorriso, e no segundo seguinte estavam os dois se abraçando.

Dois melhores amigos, tão diferentes um do outro, mas que se completavam de várias maneiras.

Catarina já estava parada na porta, com seus olhos castanhos arregalados e uma mão sobre o peito ao observar aquela cena.

Alec deu um tapinha nas costas de Jace e caminhou até sua guardiã.

Quando ele abraçou suas pernas, Catarina chorou e riu ao mesmo tempo.

- Ah meu menino. - Ela disse ao se abaixar para abraçá-lo de volta. - Você sumiu a manhã inteira e eu fiquei tão preocupada. Nunca mais faça isso, por favor.

Ragnor estava ali também e os olhava com curiosidade.

- Ele sumiu por horas e de repente voltou todo receptivo à abraços. Não é por nada não, mas eu acho que alguém raptou o verdadeiro Alec e colocou uma cópia no lugar.

Catarina lançou um olhar feio na direção dele e o espantou antes de voltar a focar sua atenção em Alec.

- Você está bem, querido?

O garotinho assentiu imediatamente e depois negou quando ela perguntou se ele tinha se machucado.

- Você estava aqui por perto? - Jace deu um passinho pra se aproximar mais deles e questionou baixinho, sabendo que "Onde você estava?" não funcionaria.

Ele sempre escolhia bem suas palavras com Alec, e dessa vez não foi diferente.

O garotinho confirmou com a cabeça que estava por perto e Jace o analisou mais intensamente quando viu as bochechas do amigo ganharem uma coloração vermelha.

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