21- Uma palavra

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"Então me diga agora se quer ficar comigo ou vá embora, e por favor, se você for... dessa vez não volte mais."

Magnus já participou de inúmeras batalhas ao longo de seus 300 anos e já se arrebentou de tantas maneiras que nem poderia contar, principalmente nos últimos meses, mas nada jamais doeu tanto quanto ouvir a voz de Alec ao pronunciar essas palavras.

Nada jamais doeu tanto quanto ver o olhar de total desesperança dele.

Alec ainda não acreditava que era adorado, amado e desejado com todas as forças por Magnus.

Ele ainda não entendia que Magnus estava morrendo, e dessa vez por estar tão perto daquela boca que sonhou sobre a sua, tantas e tantas vezes.

"Fique comigo ou vá embora"

Parecia uma decisão óbvia. Parecia haver uma única escolha.

O problema é que Magnus ainda tinha barreiras a serem superadas. Ainda tinha muitas desculpas para pedir, segredos para revelar. E ainda tinha que ter certeza do que era melhor para Alec, para a segurança dele.

Talvez, ir embora de vez fosse o mais sensato, mesmo que doesse agora, mas aquilo não podia ser um adeus.

Magnus não deixaria isso acontecer.

E daí que Alec era menor de idade?

E daí que eles eram completamente diferentes?

E daí que um feiticeiro rebelde e um mundano juntos era um constante chamado para problemas?

Magnus soltou um suspiro frustrado por causa dessa briga interna entre razões e emoções, e só então percebeu que Alec tinha se afastado em algum momento e virado de costas.

Seu silêncio com certeza deve ter sido mais longo do que ele esperava, e talvez Alec tenha entendido tudo errado.

Talvez ele tenha entendido que Magnus escolheu partir de uma vez por todas, e estava só esperando o barulho da porta batendo para se permitir chorar.

Magnus o observou por um segundo.

Alec estava de frente pra parede, e a cabeça baixa indicava que ele encarava o chão.

Seus ombros pareciam encolhidos, tensos, e suas pernas semi nuas...

*Oh Deus*

Quando Magnus percebeu já tinha atravessado o quarto e agora estava bem atrás de Alec.

Sua mão deslizou pelo braço dele, provocando-o um pequeno susto, e então Magnus o virou num súbito movimento, deixando-o de frente para seu corpo e prendendo-o pela cintura.

- O que você está fazendo? - Alec perguntou com um ofego, sem fazer qualquer movimento para se soltar do aperto firme do feiticeiro.

Seus olhos ainda mais azuis e embaçados pelas lágrimas indicavam que ele realmente não acreditava que Magnus ainda estava ali.

- Eu nunca vou te dizer adeus, Alexander. Nunca.

- Então por que você continua tão relutante? Por que você não vai embora se também não vai ficar comigo? - Alec alfinetou, e por um instante Magnus pôde ver que o peito dele subia e descia rapidamente.

Pôde ouvir as batidas fortes do coração dele, aceleradas sob a solidez das costelas.

O corpo dele estava quente contra o seu, vivo, e Alec moveu a mão cautelosamente, quase sem perceber, e a repousou no pescoço de Magnus, sentindo a forte pulsação respondendo à sua.

Magnus fechou os olhos e suspirou.

Bastava um pequeno movimento para acabar de uma vez com toda a dor e todas as dúvidas, mas por que era tão difícil?

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