Alec bateu a porta do apartamento e foi como sentir uma porta batendo ao redor do seu coração, estraçalhando-o ainda mais.
Seu mundo todo estava ruindo outra vez e ele não sabia o que fazer.
Não tinha coragem de encarar Magnus e ouvir porque o abandonou, porque se cansou ou porque nunca o amou.
Não tinha coragem de vê-lo chegando e então partindo de novo.
Alec precisava respirar, clarear a mente, e Lydia ajudaria com isso.
Já conhecia o caminho da casa dela até de olhos fechados, e nem prestou muito atenção conforme caminhava pelas ruas quase desertas naquele domingo nublado.
Em 20 minutos chegaria lá, mas no meio do caminho escutou algo que o despertou de seus devaneios.
Era um grito.
Um grito desconhecido e feminino.
Alec sentiu o pavor daquele grito mesmo com a distância, e quando chegou até a fonte, sentiu seu sangue gelar nas veias.
"A maioria dos demônios que viviam no país se dizimaram durante a Guerra Maligna, mas ainda existem alguns, e essas criaturas possuem várias formas e tamanhos. Você pode reconhecê-los pela energia negativa se estiverem com alguma forma humana." - Magnus havia dito alguns anos antes, aplacando a curiosidade do jovem Alec sobre esse mundo sobrenatural.
Mas saber sobre demônios era muito diferente de ver um realmente.
Aquela criatura diante de seus olhos era grotesca, parecendo um verme gigante com 2 pares de braços e garras no lugar das mãos.
Sua boca revelava uma quantidade absurda de dentes afiados, gosmentos, e estava prestes a engolir uma pessoa inteira naquela ruazinha deserta.
A mulher gritava e se debatia no chão num pânico que alcançou Alec, mas ele largou sua mochila e pegou a tampa de uma das latas de lixo mais próximas.
"Qualquer coisa pode ser uma arma" - Magnus também disse.
Só que essa arma só atraiu a atenção do demônio para si depois de acertá-lo na cabeça.
O aperto da criatura sobre a mulher diminuiu e ela se libertou, correndo e gritando para longe.
Alec quase berrou um irônico "de nada", mas agora tinha um problema maior.
Aquele verme estava rosnando e rastejando em sua direção, deixando uma trilha de gosma preta por onde passava.
Ele era assustadoramente rápido e parecia duplicar de tamanho conforme se aproximava.
Alec sentiu vontade de correr e gritar junto com a mulher, mas ao invés disso saltou até a segunda lata de lixo e usou a tampa como escudo.
Por uma fração de segundo as garras da criatura não o partiram ao meio, mas aquela tampa se estraçalhou e o deixou desprotegido.
Adrenalina, pavor, desespero.
Alec não sabia o que estava sentindo, mas se lembrou dos golpes furiosos que dava num saco de pancadas na academia para tentar aplacar aquela raiva em seu coração, e com isso seus punhos serraram.
A criatura estava bem ali, com as garras descendo mais uma vez, e num ato impulsivo, Alec rolou para o lado e acertou a lateral do verme com um soco.
Qualquer outra pessoa teria perdido o equilíbrio e caído, mas aquela coisa não era uma pessoa.
Era um demônio que só ficou mais irritado.
Alec só percebeu que a criatura se moveu de novo quando era tarde demais e uma das garras rasgou sua perna.
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BE MY VOICE
Fanfiction"Alec Lightwood era um menino feliz e amado. Era jovem mas tinha tudo... até que um acidente o deixou com nada além de marcas, tanto por fora quanto por dentro, e desde aquela noite ele nunca mais falou. Muitos tentaram, mas todos falharam, até que...