16- Presas

660 81 55
                                    

- Alec, você tem certeza disso?

- Por que eu não teria?

- Porque você está triste, bêbado e com certeza vai se arrepender depois.

- Não me interessa o depois, Lydia. Eu só quero saber do agora. - Alec recuou um passo, começando a se virar. - E se não for com você vai ser com qualquer outra pessoa desse clube.

Lydia suspirou e o puxou de volta, sussurrando contra seus lábios.

- Só me prometa que nossa amizade não ficará estranha depois disso.

- Eu prometo. - Ele respondeu, e no instante seguinte a sua boca estava sobre a dela.


Um barulho estridente começou a retumbar e Alec abriu os olhos, mas se arrependeu no mesmo segundo.

Seu cérebro parecia o cosplay de um saco de pancadas e um forte gosto amargo subiu em sua garganta.

Aquele barulho insuportável continuou retumbando e ele percebeu que era o telefone apenas um segundo antes de cambalear pra fora da cama e correr pro banheiro.

Enquanto vomitava as tripas fora, Jace surgiu e esperou pacientemente ao seu lado com um copo de água e uma aspirina.

Demorou mais um longo tempo até que Alec conseguisse tomar aquilo, e então as lágrimas começaram a cair.

A dor foi insuportável durante aquelas 4 semanas e muitas lágrimas se acumularam nos seus olhos, mas essa foi a primeira vez que ele chorou de verdade.

Foi a primeira vez que ele deixou todo o turbilhão de sentimentos vir a tona de uma só vez.

- Eu sou um idiota, Jace. - Murmurou conforme as vagas lembranças da noite anterior voltavam à sua mente.

- Talvez sim, mas talvez não.

- Como assim "talvez não"? O pouco que eu consigo lembrar parece ser bem idiota. O beijo... Meu Deus! O que a Lydia vai pensar de mim?

- Olha só, Alec. A parte de você se entupindo de álcool foi idiota sim, e muito, mas eu conversei com a Lydia enquanto te trazíamos pra cá e ela me disse que está mais preocupada com o que você está sentindo. Ela nunca negou que sempre quis te beijar, mas ela preferia que você não tivesse chegado naquele ponto. Ela estava com medo que você se arrependesse e a amizade de vocês não fosse mais a mesma, mas eu garanti pra ela que você jamais permitiria isso, e parece que você também prometeu que nada vai mudar entre vocês.

- Eu prometi. Só não quero que ela se sinta usada.

- Ela não sente, mano. Eu tenho certeza. Ela entende que você só estava tentando se esquecer da decepção e está aliviada por você não ter feito isso com um estranho qualquer. Nós conversamos bastante e ambos concordamos que primeiro beijo é importante sim, mas achamos que o que importa mais é o beijo que você dá na pessoa que ama. E daí se vieram outros antes? Não interessa quem foi o primeiro. Só interessa aquele que tem um significado especial.

Alec ficou em silêncio por alguns minutos tentando não esmagar o próprio crânio na tampa da privada até que soltou uma risada rouca.

- Você fala como se esse beijo com significado especial ainda fosse acontecer.

- Talvez aconteça. Talvez o Magnus entre por aquela porta a qualquer momento e...

- Ele não vai entrar, Jace. - Alec quase gritou. - Ele não vai voltar porque ele não se importa. E mesmo que voltasse não vai ter beijo nenhum. Não vai ter conversa. Não vai ter nada. Nunca mais vai ter Magnus e Alec de novo porque eu não quero que tenha.

BE MY VOICEOnde histórias criam vida. Descubra agora