3- Nova Aventura

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 A primeira coisa que Alec percebeu ao desembarcar em Nova York foi a diferença no clima.

Em Londres, até mesmo o verão era nublado ou chuvoso na maioria dos dias, mas em Nova York era extremamente quente e ensolarado.

Catarina se abaixou na frente do menino e retirou o casaquinho que o sufocava, tendo cuidado principalmente com o porta retrato que Alec abraçava, se recusando a levá-lo na mochila. Depois deu um sorriso incentivador para ele e questionou:

- Você está pronto para essa nova aventura?

Alec assentiu, mas enterrou os dedinhos na barra da saia dela antes de caminharem para fora do aeroporto à procura de um táxi.

Catarina já havia morado em Nova York alguns anos antes, então conhecia muito bem a cidade e as pessoas, ao contrário de Alec, que observava tudo pela janela como se fosse um novo mundo.

Ele tinha tirado o gesso algumas semanas antes, então apoiou a cabecinha no braço e continuou concentrado nas ruas até que o táxi parou na frente de uma construção que parecia uma igreja assustadoramente gigantesca.

Muito além de qualquer coisa que Alec havia imaginado.

Catarina abriu a porta e ele desceu do carro, seguindo-a pela escadaria até a igreja onde duas pessoas estavam esperando.

Uma dessas pessoas era uma mulher que se apresentou como Charlotte Branwell, a diretora do Orfanato.

Ela era baixinha e bonita, com olhos castanhos e cabelos escuros presos num coque.

A outra pessoa era um homem chamado Ragnor Fell, com mais ou menos a idade de Catarina, mas tinha cabelos tão brancos quanto um idoso.

Por um momento Alec teve a impressão de que a pele dele era meio esverdeada, mas logo balançou a cabeça achando que era apenas um efeito estranho causado pelo novo clima, e esperou sua guardiã cumprimentar Ragnor como se o conhecesse a vida toda.

E o garotinho acabou descobrindo que ela conhecia mesmo. Eram amigos de longa data.

Ragnor parecia ser simpático, mas não tanto quanto Charlotte, que se abaixou e abriu um grande sorriso para Alec.

O olhar dela pousou imediatamente na cicatriz que ele tinha na bochecha esquerda, assim como todo mundo sempre fazia quando o conheciam, mas aquele olhar, ao contrário dos outros, durou apenas um segundo.

Ele não se importava realmente com a marca, mas não podia deixar de se irritar com os olhares de pena.

Ele não queria pena.

Só queria que o deixassem em paz.

- Seja bem vindo ao Orfanato Alicante, Alexander. - A voz de Charlotte ecoou num cantarolar animado.

- Alec! - Catarina se apressou em corrigir antes que a carranca do garotinho se intensificasse. - Ele prefere só Alec.

- Ah sim. Me desculpe. Seja bem vindo, Alec. Nosso objetivo aqui no orfanato é cuidar de crianças como você. Temos várias atividades legais, como artes, esportes e estudos no geral. Ragnor é um dos professores e veio te dar as boas vindas também.

Alec olhou para o homem mais uma vez, que tinha acenado preguiçosamente na sua direção antes de se virar e abrir a grande porta do Orfanato.

Ele entrou primeiro, Charlotte em seguida, e após um momento de hesitação, Alec apertou o porta retrato no colo e voltou a segurar na saia de Catarina para entrar também.

O interior daquele lugar era tão imenso quanto o exterior.

Eles passaram direto por um grande salão com alguns sofás, e Charlotte começou a explicar sobre a quantidade infinita de quartos, salas e crianças que tinha por ali.

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