Ruby:
No dia antes da viagem a Santa Mônica, Amy me convidou para dormir em sua casa porque ficaria mais fácil, já que sairíamos cedo no dia seguinte.
Descobri que o motivo da viagem antecipada era para visitar o tio de Amy que quase nunca estava livre e estava de férias naquele período do ano.
Eu perguntei para a morena porquê sairíamos tão cedo, pois a distância de Los Angeles a Santa Mônica é de apenas meia hora, e ela me disse que era porque sua mãe gostava de aproveitar ao máximo todos os dias em que estivermos lá.
No primeiro dia, Amy ficou inquieta e quase sempre arrumava algo pra fazer. Aquilo me deixou confusa, mas eu pensei que devesse ser normal, que ela só estava arrumando as coisas na casa de seu tio pra ficar tranquila o resto da semana.
A casa do tio de Amy era grande, azul pastel e tinha muitas florzinha na varanda. A casa ficava bem perto da praia, tipo umas duas ruas acima, mas se parace para prestar atenção, conseguiria ouvir o barulho das ondas.
Também havia um cachorro, Marley. Eu sei, clichê. Era um Golden lindo e super fofo, amava brincar com tudo e todos. Quando eu falo tudo, é tipo, tudo mesmo.
Depois de uns 3 dias na casa, estávamos todos almoçando, quando a Sra. Sinclair disse:
- Amy, você não acha que está muito em casa? O que acha de você e Ruby irem ao pier hoje a noite?
- Ah, pode ser. O que acha, Ruby?- Ela pergunta para mim. O pier é um parque de diversão em um pier(obviamente), era perfeito pra conversar com Amy sobre como ela está estranha esses últimos dias.
- É, pode ser também.
Quando deu cinco da tarde, fui tomar banho e trocar de roupa para irmos ao pier. Coloquei uma jardineira com uma regata por baixo e um tênis preto, prendi o cabelo em um rabo de cavalo e pra finalizar, um casaco.
Ouço batidas ma porta e quando vejo, era Amy. Ela estava com uma camiseta vermelha e uma saia branca, sapatos pretos, casaco branco, cabelos soltos e um perfume levemente adocicado. Ela estava encantadora...
- Vamos?- Ela pergunta.
- Vamos, só vou pegar meu celular.- E assim fiz, peguei meu celular e fomos em direção a praia.
Chegando lá, pude ver o brilho que apareceu nos olhos de Amy. Ela estava muito animada e parecia que todo aquela sensação de que ela estivesse angustiada e inquieta com algo, tivesse passado simplesmente por pusar naquele lugar.
Ela pegou minha mão e saiu me puxando por todo o parque como duas crianças, só parou quando chegamos na barraquinha de algodão doce. Depois daquilo, fomos no carrinho bate-bate, na montanha russa, no carrossel, na máquina de foto, dividimos uma maçã do amor e voltamos para os brinquedos. Provavelmente fomos em todos os brinquedos existentes naquele parque e quando nos demos conta, já era oito e quarenta e sete da noite.
- Vem, ainda tem mais um.- Ela disse me puxando novamente.
- Qual? Já fomos em todos.
- No clássico, eu vou toda vez que eu piso em um parque de diversão. A roda gigante!- Sério, eu consigui ver o sorriso dela quando ela apontada para aquele negócio gigante.
Fato interessante sobre mim: eu odeio altura, ou seja, qualquer coisa que seja alto, eu já fico com medo de chegar perto. E é por isso que eu nunca fui em uma roda gigante, na verdade, eu até fui uma vez, quando eu tinha 4 anos, mas eu fiquei desesperada e tomei trauma.
- Tem certeza? a gente pode ir pra casa em vez disso.- Falei com a voz meio embargada.
- Tenho! não vai me dizer que a grandiosa Ruby Greenhild está com medo.
Outro fatos legal sobre mim: eu posso morrer, mas eu nunca deixo alguém duvidar de mim.
- Eu? nunca.- Disse e puxei ela para o brinquedo.
Quando eu pisei naquela cabine minúscula, senti minha perna tremer, comecei a suar frio e minha respiração começou a falhar. Simplesmente ignorei os sentimentos e sentei, mas não consigui esconder tão bem.
- Tá tudo bem?- A morena me pergunta enquanto segura minha mão.- Eu posso segurar sua mão se você quiser.
- Eu acho que não vou recusar.E o brinquedo começou a rodar. Apertei a mão de Amy tão forte que provavelmente estaria machucando, mas ela não reclamou nem nada, na verdade, ela só ficou lá me dando apoio. Ficamos assim por uns 30 segundos, até ela finalmente cortar o silêncio.
- Eu preciso falar com você sobre algo.- Ela parecia aflita, tão aflita que meu medo foi deixado de lado e agora parecia a preocupação. Eu não devia estar tão preocupada com ela, ou devia?
- Pode falar.- Eu estava tremendo.
- Eu não sei se você se lembra, mas isso anda me incomodando muito.
- Você está me assustando, eu fiz algo errado?
- Não, não agora. É que...
- É que?
- É que a Hailey me contou de uma coisa que aconteceu quando eu era criança. Eu não lembrava, mas é que... eu sofri bullying, por você. Eu não lembro o motivo, nem Hailey, tudo o que ela me lembrou foi que você me empurrava, puxava meu cabelo e pra me defender, ela e a Olivia brigavam com você.- Ela lembrou, ela lembrou da minha pior fase. Eu estava torcendo para que ela não lembrasse.- Só que você era mais forte, então ganhava de nós três juntas e elas acabaram virando um alvo. Eu só quero que você saiba que quando eu lembrei disso, me machucou muito porque eu simplesmente não sabia o porquê de você fazer aquilo, pra falar a verdade, até hoje eu não sei.
- Posso te contar o porquê de eu fazer aquilo? Era por conta do meu pai. Minha mãe tinha acabado de descobrir que estava grávida de gêmeos e meu pai simplesmente fugiu. Eu estava furiosa com ele e como eu não podia descontar essa raiva nele ou em casa, eu descontava na escola.- Meus olhos lacrimejavam e uma lágrima solitária escorre pelo meu rosto.
- Mas por que em mim? Eu nunca te fiz nada.
- Eu acho que era por que você chamava minha atenção de alguma forma, eu só não sabia de que maneira.
- Como assim?
- Você chamava minha atenção de maneira romântica, Amy. Eu gostava de você, mas não sabia na época.
- Uau, essa é uma revelação surpreendente. Mas eu nunca senti raiva de você, só ficava triste. Eu sempre quis ser sua amiga.- Ela ri e suas covinhas incrivelmente fofas aparecem.
- Minha eu de oito anos ficaria triste depois dessa.
- E a sua eu de dezesseis? Ela também ficaria triste em saber que somos amigas agora?
- Amigas?- Eu pergunto e ela assente com a cabeça.- Ela ficaria muito feliz que estamos bem.
Eu menti, não queria que fôssemos só amigas...
- Olha só! A roda gigante passou e você simplesmente superou seu medo.- A morena diz animada.
- Eu não estava com medo.- Digo sindo da cabine com os braços dados.
- Ah não?!
- Não.
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𝐒𝐡𝐞'𝐬 𝐉𝐮𝐬𝐭 𝐀 𝐅𝐫𝐢𝐞𝐧𝐝
RomanceAmy Sinclair e Ruby Greenhild eram inimigas de infância, porém com o tempo, Amy se mudou e as duas foram esquecendo uma da outra. Com uma promoção de trabalho de seu pai, Amy volta para sua cidade natal e é claro para sua casa e escola antiga. Amy a...