03-De volta em casa

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  Dormi no caminho para Los Angeles (ou melhor, para casa) quase inteiro, quando acordei só faltavam 30 minutos para chegarmos, então fiquei escutando música até meu pai avisar que tínhamos chegado.

  Quando parei de frente para aquela casa, senti uma onda de emoções. Aquela foi a casa onde eu cresci e vivi minha infância. Embora eu ainda fosse muito pequena, consigo me lembrar de cada momento importante que tive, como a perda do meu primeiro dente de leite, minha primeira festa do pijama, a primeira vez que eu andei de bicicleta sem rodinhas e quando eu fui e voltei do meu primeiro dia de aula do ensino infantil.

  Quando consigui me recompor dos deja vus, observei em volta, estava tudo igual, exceto pela casa da vizinha de frente. Antes a casa era bem simples, sem nenhum detalhe e da cor azul marinho; agora tinha vasos de planta na porta, um banco tipo balanço na varanda e as paredes tinham um tom de amarelo bem claro.

  - Você acha que ela se mudou?- Perguntou minha mãe olhando para a mesma casa que eu observava e também me dando um pequeno susto.

  - Quem?

  - A Senhora Johsson, claro- disse ela.

  - Por que acharia isso?

  -  Ela odiava amarelo, não seria louca de colocar a cor que odeia na própria casa- Ela respondeu de maneira óbvia.

  - Tem razão.

  - Agora vem me ajudar à tirar as coisas do carro.

(...)

  Já era domingo e todas as coisas tipo móveis, roupas e tralhas já estavam em seu devido lugar, mas uma coisinha não estava no lugar, minha mente.

  No sábado, a maioria do vizinhos bateram em nossa porta (para desejar as boas-vindas), algumas pessoas já conhecidas e outras que eu nunca tinha visto na vida, e se vi, nem lembro mais. Porém, havia uma pessoa em específico que não saiu da minha cabeça, "Ruby Greenhild", ela tinha o cabelo metade ruivo (provavelmente natural) e metade rosa (que já estava com a cor desbotando); o cabelo foi a única coisa que deu para ver porquê eu não estava perto o bastante para enxergar seu rosto.
  Ruby estava com uma mulher, provavelmente sua mãe, e duas crianças, um menino e uma menina que tinham entre seis e oito anos de idade.
  Quando a mulher disse o nome da garota mais velha, eu tive a sensação de que já o conhecia há anos, mas não me lembrava de onde. Isso está na minha cabeça desde esse momento e eu não sei o porquê.

  Decidi deixar isso pra lá e ir arrumar minhas coisas para a escola amanhã. Peguei minha mochila e coloquei dentro dela alguns cadernos, um estojo, uma pasta e itens pessoais tipo álcool em gel, hidratante labial, dinheiro e elástico de amarrar o cabelo.

  Deixei minha mochila encima da minha escrivaninha e fui tomar banho. Tirei a roupa e entrei debaixo do chuveiro; sentindo a água morna passando por todo meu corpo e levando todo o cansaço do dia, o nome "Ruby" se passa novamente em minha cabeça.

  Decido terminar o banho logo e ir ocupar minha cabeça. Quando termino o banho, coloco um pijama e deito na cama, pego meu celular e começo a ler fanfic, mas logo meu celular descarrega e minha mãe me chama pra jantar.

  A janta foi macarronada, tinha salada também, mas ninguém nem triscou nela. Quando terminei de comer, dei um beijo de boa noite no meus pais e subi pro meu quarto.

  Escovo os dentes, bebo água e vejo se está tudo na mochila. Quando olho pela janela pela primeira vez, consigo ver a casa da frente, mais especificamente, a janela de um quarto. O quarto tinha luzes coloridas, uma estante com muitos livros, cordas de folhas espalhadas pela parede e um escrivaninha com algumas fotos na frente.
  Enquanto eu observava para ver se eu conseguia enxergar as fotos, uma pessoa entra no quarto, Ruby, ela estava mexendo no celular, mas o coloca em cima da escrivaninha carregando e vai em direção a estante, pega um livro e observa em volta; rapidamente eu me abaixo para que ela não me veja e subo na esperança de ela não estar olhando para minha direção (graças à deus ela não estava). Ela tinha sumido para algum canto do quarto que eu não enxergava, provavelmente a cama.

  Decido ir dormir, pois já estava cansada, então eu fecho as cortinas, coloco meu celular para carregar e deito na cama. Não demorou muito para eu estar quase roncando.

  Amanhã vai ser um grande dia...

𝐒𝐡𝐞'𝐬 𝐉𝐮𝐬𝐭 𝐀 𝐅𝐫𝐢𝐞𝐧𝐝 Onde histórias criam vida. Descubra agora