Ruby:
Eu estava quase dormindo, quando recebo uma mensagem. Achei estranho, pois já havia passado das 23:00, mas mesmo assim verifiquei e era Amy.
Dizia: Me encontre na praça perto de casa, preciso de companhia. E só.
Fiquei procupada e levantei da cama, venti uma calça de moletom e uma blusa de frio, só pra trocar o pijama mesmo. Saí de fininho com medo de minha mãe acordar, ou pior, minha irmã.Após sair de casa com sucesso, fui em direção à tal praça que tinha perto de casa. Estava uma completa solidão na rua, mas confesso que estava calmo e confortável de se andar por ali.
Chegando lá, logo vejo uma pessoinha morena sentada em um dos bancos, toda encolhida e, chorando? Amy estava chorando, eu consiguia ver isso mesmo de longe.
- Ei! Tá tudo bem? Quer dizer, se você está chorando, obviamente não está bem, a não ser que esteja chorando de felicidade e... desculpa, eu fico nervosa quando vejo pessoas chorando.- Eu disse quando cheguei perto o bastante para tocar um de seus ombros e sentar ao seu lado.
- Está tudo bem, eu acho.- Disse ela limpando as lágrimas com a mão. Aquilo me cortava o coração. Ver pessoas falando que "está tudo bem" enquanto choram me fazem querer ajudar do jeito que for, não importa como.
- Tem certeza?- Ela negou com a cabeça.- Quer conversar sobre isso?
- Talvez, não agora. Quer dizer, não sei porque ao mesmo tempo que eu quero conversar sobre isso, eu também não quero.
- Quer que eu fique aqui até você ter coragem de falar?- Finalmente um balanço de cabeça positivo.
Eu a abracei de lado e logo ela passou seus braços envolta das minhas costas, não demorou muito para que eu sentisse lágrimas quentes molharem minha blusa de frio e algumas respirações pesadas em meu pescoço. Eu estava ali por ela, para oque ela precisasse, e nesse momento ela precisava de alguém que a abraçasse e a ouvisse.
Ficamos por ali por certa de 20 minutos, o que pareceu ser bem menos, quando ela tirou os braços de mim e suspirou enquanto abraçava suas pernas no banco.
- Quer falar sobre isso agora? Se não quiser, podemos deixar pra depois ou pra nunca, mas sempre vou estar aqui pra te ouvir.
- Eu quero falar sobre uma coisa que eu talvez tenha descoberto hoje a pouco mais de duas horas.- Ela disse dando um sorriso de lado, deixando suas covinhas levemente à mostra.
- Pode falar.
- Eu meio que tava sentindo umas coisas estranhas, aí eu liguei para Adrian e ele me ajudou bastante.
[Call on]
- Alô? Quem é?- Adrian? Sou eu, Amy! Eu peguei seu número com a Ruby.
- Ah! Oi, Amy! Sua voz parece aflita, está chorando? Aconteceu alguma coisa?
- Eu tenho que te perguntar uma coisa.
- Claro, pode perguntar.
- Como você descobriu que gostava de meninos?
- Como é?
- Como você descobriu que era gay?
- Ata, entendi agora. Bom, eu nunca realmente me interessei verdadeiramente por uma garota, mas por garotos foi algo completamente diferente. Eu realmente me apaixonei por garotos, mas por garotas nem tanto. Aí um dia, eu estava sem sono algum quando eu comecei a pensar: "eu realmente beijaria, ficaria, namoraria, casaria com uma menina assim como eu faria todas essas coisas com um menino", a resposta foi simplesmente "não". Mas embora que eu tivesse todas as cartas na manga, eu demorei muito tempo pra me aceitar e mais tempo ainda pra me assumir.
- Valeu, Adrian.
- Era só isso?
- Sim, e obrigada.
[Call off]
- Depois eu parei pra pensar e, eu acho que eu possa gostar de garotas.
- Espera, sério? Que bom que você confiou em mim para contar isso. A autodescoberta sobre sexualidade é um processo muito incrível e doloroso, que bom que confia em mim o bastante para compartilhar suas descobertas sobre si mesma.
- Valeu, Rugy.- Ela disse e dando um soquinho de leve no meu ombro, me encarando logo em seguida.
- O que foi? Por que está me olhando assim?
- Já pensou em retocar essas mechas ou então pintar elas da cor do cabelo natural? Tá começando a ficar feio.
- Ok, pode parar.
- Só tô dizendo.- Ela termina e levanta as mãos em forma de rendição. Ficamos em silêncio por alguns minutos pra ela continuar:
- Vai fazer alguma coisa no domingo?- Amy pergunta.
- Na verdade, sim. Por que?
- Eu te chamaria pra vir tomar um sorvete na praça, mas agora fiquei curiosa sobre o que você vai fazer no domingo.
- É que é aniversário dos meu irmãos e eu sempre passo o dia com eles.
- Mentira que é aniversário dos gêmeos e você não me avisou!- Ela coloca a mão no peito como se estivesse muito ofendida.
- Eu tinha que te avisar?
- Mas é claro. A gente precisa fazer alguma coisa pra eles! O que acha?
- Tem certeza?
- Absoluta, o que acha de festa surpresa? O quintal da minha casa é grande e a gente pode chamar só os mais próximos, por exemplo: meus pais, sua mãe e talvez nossos amigos da escola.
- Ok, por mim tudo bem. Só tem que falar com minha mãe antes.
- Tudo bem, eu falo com ela amanhã.
- Então, fechou.- Eu digo e levanto a mão para um high five.
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𝐒𝐡𝐞'𝐬 𝐉𝐮𝐬𝐭 𝐀 𝐅𝐫𝐢𝐞𝐧𝐝
RomanceAmy Sinclair e Ruby Greenhild eram inimigas de infância, porém com o tempo, Amy se mudou e as duas foram esquecendo uma da outra. Com uma promoção de trabalho de seu pai, Amy volta para sua cidade natal e é claro para sua casa e escola antiga. Amy a...