Amy:
Decidi chamar Ruby para vir dormir aqui em casa hoje, para organizarmos a festa do gêmeos direitinho. O aniversário dos pequenos seria no próximo final de semana e seria muito bom se conseguíssemos fazer a festa no dia.
Ruby havia me feito muito bem nos últimos dias, muito bem mesmo. Ela sempre está disposta a me ouvir desde a conversa. Ela tem sido minha melhor amiga.
Ouço um barulho na porta e quando vejo, é Ruby com sua mochila verde água com o chaveiro de ursinho. Logo dou espaço para ela entrar e, depois de ela cumprimentar meu pais, nós subimos para meu quarto.
- Tinha esquecido o quanto seu quarto é bagunçado. Sério, você não arruma isso aqui não!?- Ela diz apontando para todo o quarto.
- Qual é? Nem está tão desarrumado, eu dei uma ajeitadinha hoje mais cedo.
- Então você deu uma "ajeitadinha" muito errada.- Ela faz aspas com mão. Não entendi, mas me senti ofendida, estava bem pior mais cedo.
- Ok, vamos parar? Daqui a pouco eu te mando de volta pra sua casa e busco seus irmãos.
- Não vai mesmo, agora que eu cheguei, só saio daqui amanhã.
Alguns minutos de conversa se passaram e eu e Ruby estávamos no tédio, até a ruiva da mecha desbotada ter uma ideia.
- Vamos chamar o Marco e o Adrian? Eles devem ter ideias melhores do que a gente.
- Tem razão, mas eu tenho que ver com meus pais antes.
- Beleza. Quer que eu vá com você pra dar apoio moral?
- Não precisa, eles são super tranquilos.
Desço as escadas, indo em direção a sala e encontrando dois quase idosos assistindo alguma coisa na televisão. Minha mãe parecia estar interessada no programa, mas, ao contrário dela, meu pai estava quase dormindo.
- Mãe, pai! Posso chamar mais dois amigos pra dormir aqui em casa? Prometo que a gente não vai fazer barulho.
- Os dois são meninos?- Perguntou minha mãe primeiro.
- Sim, é o Marco e o Adrian.
- São héteros?- Meu pai perguntou em seguida. Achei estranho, mas eu devo mentir ou não?
- Não.- São meus pais, eu não iria mentir pra eles.
- Então pode.- Finalizou meu pai e voltando a escorar em sua poltrona.
- Ok, então.- Foi mais fácil do que eu pensei.
Subi para o meu quarto e já entrei avisando Ruby que meus pais deixaram Marco e Adrian virem. Ela, como muito calma que é, já pegou o celular e ligou para um deles e, como estavam juntos na hora, aceitaram e falaram que em menos de uma horas estariam aqui.
Dito e feito, em menos de uma hora, quatro pessoas com pijamas de arco-íris estavam rindo de alguma coisa sem noção que o outro falou, todos distribuídos em apenas dois colchões.
Ficou eu e Ruby na minha cama e Marco e Adrian ficaram no colchão ao lado da cama. Parte de mim estava... surtando, talvez? Não, imagina.
- Oi, crianças!- Disse minha mãe entrando no quarto.- Se vocês quiserem ir pra sala assistir um filme, podem ir. Amy, eu e seu pai estamos indo dormir, podem fazer barulho, a gente não se importa.
- Acho que a gente vai lá pra baixo mesmo.
- Então, façam alguma coisa para vocês comerem. Qualquer coisa, é só chamar. Boa noite, crianças!
- Boa noite, tia!- Disse Ruby, Marco e Adrian em uníssono.
- Boa noite, mãe!- Minha mãe manda um beijinho e sai do quarto.
Descemos para a sala e dividimos as tarefas. Enquanto eu e Adrian estouramos a pipoca e fazíamos o suco, Ruby e Marco escolhiam o filme.
Adrian chegou na cozinha todo perdido, mas eu consegui dar uma ajuda nas coisas pra ele. Foi só quando as pipocas começaram a estourar que a conversa começou.
- Foi a Ruby, não foi?- Ele pergunta.
- É o que? O que tem a Ruby?- Respondi de maneira tão confusa quando minha feição no momento.
- Foi a Ruby que te fez questionar sua sexualidade?
- O quê!? Não! Eu comecei a me questionar sozinha.
- Todo mundo começa a se questionar por um gatilho e eu sinto que a Ruby é o seu gatilho.
- Pois está se sentindo errado.- Respondo colocando as pipocas em potinhos separados. Vejo ele fazendo uma cara de que não acreditava nem no mínimo do que eu estava dizendo.
- Tá bom, pode ser que a Ruby tenha sido meu gatilho.- Declaro em quase um sussurro.
- Eu sabia!
- Eu não tenho culpa daquele cabelo ruivo com a mecha rosa desbotada serem extremamente adoráveis.
- Olha só pra você, toda apaixonadinha.- Ela fala fazendo um movimento estranho com o ombro em minha direção.
- Eu não tô apaixonada, é só uma quedinha, no diminutivo. E não fala pra ninguém, por favor, ninguém pode saber disso, muito menos a Ruby.
- Ok, então você tem uma quedinha no diminutivo e eu não vou contar pra ninguém, pode ficar tranquila que eu não sou fofoqueiro.
- É sim que eu sei.
- Mentira, eu só espalho fofoca que já está espalhada.
- Uhum, sei.
- Vocês vai demorar muito aí ou o que?- Falou Marco chegando na porta e Ruby vindo atrás, ambos escorando na porta em seguida como agentes de filme policial.
- Na verdade, já está tudo pronto. Qual filme vocês escolheram?- Pergunta Adrian pegando dois baldes de pipoca e dois copos de suco, entregando depois um de cada para Marco.
- Operação Cupido, clássico.- Respondeu Ruby.
Sentamos no sofá e alguém deu o play no filme. Provavelmente Marco, já que um braço de Ruby estava em volta do meu pescoço e a outra mão estava roubando minhas pipocas enquanto tinha um balde cheio em sua frente; eu estava muito ocupada sem saber o que fazer e Adrian estava muito ocupado só observando a cena com um sorriso de canto.
Descobri que nenhum dos dois que escolheram o filme, aguentam ver um filme até o final sem dormir. Mas acabou que eu dormi nos créditos finais, com a minha cabeça deitada na de Ruby.
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𝐒𝐡𝐞'𝐬 𝐉𝐮𝐬𝐭 𝐀 𝐅𝐫𝐢𝐞𝐧𝐝
RomanceAmy Sinclair e Ruby Greenhild eram inimigas de infância, porém com o tempo, Amy se mudou e as duas foram esquecendo uma da outra. Com uma promoção de trabalho de seu pai, Amy volta para sua cidade natal e é claro para sua casa e escola antiga. Amy a...