Capítulo 16- A janela da alma

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 Cap.16- A janela da alma

   

O gosto de aventura percorria aquele local, o vento trazia um ar fúnebre, como se qualquer momento em questão de instantes viesse a se tornar o último, a adrenalina percorria sua veias, para Tony tudo aquilo trazia uma agradável emoção, sempre teve certa atração pelo perigo.

  Um bárbaro aproximou-se, usava um meio elmo, mas através dele Tony ainda podia notar que seus olhos eram cinzentos, e com um aspecto avidamente faminto, feito os de um lobo diante da caça, no braço esquerdo estava com escudo metálico marrom meio desbotado, e no outro uma espada prateada que cintilava ao sol bastante graciosa, e igualmente afiada, o samurai sentia que iria ter uma batalha divertida com aquele selvagem, seus dedos enrijeceram-se ainda mais sobre o punho de sua espada de ossos, e estirou a sua mochila ainda com os olhos ainda atentos perante a qualquer movimento que o inimigo viesse a fazer.

  Tinha uma certa admiração pelos bárbaros, pelas histórias que ouviu pareciam guerreiros bastante... desafiadores, e isso tornou-se mais nítido quando presenciou de perto o estado que ficou o reino do Nicolau VII.

  O selvagem ataca rapidamente: esquerda, direita, frontal, esquerda... o seu adversário era bastante rápido, mas não tão rápido a ponto de Tony não conseguir pará-lo, defendeu-se e afastou sua espada, e desta vez foi o samurai que dominou o campo de batalha: direita, frontal, frontal, esquerda, esquerda, enquanto o voraz guerreiro protegia-se com o escudo, mas Tony ainda manteve-se radiante, "seu escudo não vai te proteger pra sempre"; pensou otimista.

  Mas logo foi surpreendido com mais ataques de sua cintilante lâmina: frontal, frontal, esquerda, direita, "pensei que fosse se esconder pra sempre debaixo do seu escudinho"; pensou o samurai, que começou a achar o duelo mais... interessante, seus olhos cintilaram e um sorriso lhe invadia os lábios, para ele aquilo não passava de uma mera brincadeira, um mero esporte.

  Defendeu-se com vigor, mantendo em sincronia sua alegria com toda a sua atenção e agilidade, e logo quando escapou de um golpe afastando a lâmina, recebeu um forte golpe de escudo com a extremidade mais pontuda direto em sua barriga, o samurai sentiu uma grande pontada de dor, o ar começou a lhe escapar como estivesse afogando-se, e ajoelhou-se bruscamente... tentou recuperar o fôlego, mas era quase inútil, por pouco teve a sorte de conseguir observar o próximo golpe, uma estocada direto ao seu crânio, não podia deixar-se levar por vencido por apenas um golpe! Então conseguiu recuperar suas forças para defender-se, as lâminas se encontraram em um som estridente, os olhos lupinos do bárbaro cintilaram em um misto de surpresa e alegria, pois sua presa não era assim tão fraca quanto pensava.

  Tony afastou a espada determinado e levantou-se, ainda com certa dificuldade, mas ainda assim o sorriso em questão de instantes reapareceu, não deixaria se abalar...

  E atacou com sua espada em um arco de direita para a esquerda, mas ainda assim o bárbaro defendeu-se com seu escudo.

  O selvagem parecia ter bons reflexos, pois em questão de instantes lhe surpreendeu novamente com um ataque de esquerda direto em sua bochecha esquerda, e no momento que distraiu-se pousando sua mão sobre a parte ferida, o bárbaro atacou com o escudo direto em seu queixo que logo o fez cair para trás, e quase ver estrelas por tamanha força.

  Os olhos do bárbaro cintilaram, tão brilhantes quanto sua espada e tão voraz quanto um predador que observa sua presa morta e enfraquecida á sua frente, "Não é a toa que tem esses olhos de lobo"; pensou Tony sentindo a ferida em sua bochecha arder, e

o queixo doer.

  Pequenas gotas de sangue escorriam por sua face, até Tony que estava acostumado ao perigo estava surpreso, mal havia visto aquela espada aproximar-se dele, "Você é... bastante rápido, tão rápido quanto eu"; e um sorriso de satisfação lhe veio aos lábios, se ele era á sua altura aquele duelo seria bastante difícil, como esperado de um bárbaro... qualquer outro no lugar de Tony se sentiria um pouco apreensivo e até mesmo amedrontado por ter de enfrentar um alguém igualmente forte, e com razão, mas o samurai não, ao invés disso, sentia prazer, seria ele burro ou apenas louco?

A trilha- O tesouro de Nicolau VIIOnde histórias criam vida. Descubra agora