Capítulo 26- "Bengalança"

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Alexis e Micaelle estavam andando pelos corredores do castelo, o lugar que antes era lar de nobres, agora era abrigo de insetos.

Com as lanternas, os aventureiros desbravavam a escuridão, a noite o local possuía um aspecto ainda mais fúnebre e sombrio, principalmente pela experiência que tanto Alexis quanto Micaelle passaram. Alexis vira espíritos no primeiro contato com a cidade e Micaelle havia enfrentado aranhas e uma cobra no túnel subterrâneo, portanto por mais remoto que aquele castelo fosse, ainda era uma caixinha de surpresas aos dois.

__ Então você sobreviveu a uma flecha envenenada, enfrentou uma cobra, aranhas, plantas espinhosas e ainda saltou de um fosso? Caramba, não entendo como não está com sono, trabalhou bem mais que a gente!__ disse Alexis.

__ As minhas habilidades como caçadora ajudaram muito, mas sem os relatos de seu pai, estaria perdida.

__ Seu pai também te ajudou, afinal foi ele que te ensinou sobre sobreviver na selva.

__ É, nossos pais foram heróis.

__ É, foram sim. Poxa, eu queria ter a sorte de ter um pai pra me ensinar coisas assim__ e suspirou.

__ Ué, mas o seu tio não era policial?

__ Sim, mas... não é a mesma coisa. Ele nunca me ensinou a como portar uma arma ou a lutar, só me ajudava nos deveres de casa e nas provas mesmo, claro, isso é importante, mas... em uma situação de risco uma chave de braço é bem mais eficaz que um livro.

__ E você nunca pediu?

__ Já, mas ele não quer, ele sempre diz que é perigoso pra mim, é como se... eu fosse fraco.

__ Olha, dessa vez eu tenho de ficar do lado dele, estudar não é coisa de gente fraca, sabe, falando assim parece até que você não gosta de ser professor.

Alexis não respondeu.

__ Você gosta, não gosta?__ disse Micaelle.

__ É, eu gosto, mas eu não quero viver disso pra sempre. Eu não quero só ficar... preso numa sala de aula, eu quero conhecer o mundo.

Alexis e Micaelle adentraram uma biblioteca, era um lugar imenso com algumas estantes quebradas e queimadas, livros jogados e estirados no chão, o lugar estava devastado, porém era o lugar menos destruído que eles tinham visto naquele castelo. Boa parte dos corredores formados pelos espaços entre as estantes ainda estavam quase completos.

__ Viu? Era disso que eu estava falando, esse lugar guarda o conhecimento que nenhuma escola pode oferecer__ disse Alexis.

__ Tem certeza? Esses livros parecem meio acabadinhos.

__ Ah, isso são detalhes, para os arqueólogos isso é mero trabalho de rotina.

E assim exploraram a biblioteca e ficaram um longo tempo folheando livros e mais livros: de medicina, história, astronomia, culinária, novelas de cavalaria, de armas e dentre outros, porém Alexis estava mais empolgado que Micaelle, que já estava ficando entediada e acreditava que estavam tempo demais por ali e que nesse longo tempo poderiam estar explorando mais partes do castelo.

__ Você não pode ler esses livros, eles são incríveis, mas se a gente não pode ler eles é como comer sorvete e não sentir o gosto__ disse ela.

__ Eu não sei... eu sinto que nesse lugar vamos conseguir a resposta que tanto queremos, lembra de quando chegamos nessa cidade?
__ Claro, por quê?

__ Porque... eu vi uma coisa que vocês não viram.

__ E o que foi?

__ Acho que se eu contar, você não vai acreditar.

A trilha- O tesouro de Nicolau VIIOnde histórias criam vida. Descubra agora