Capítulo 12- Veneno e papel

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Micaelle corria, mas não sabia para qual direção, sentia-se em um labirinto apesar de estar em um imenso campo aberto.

Quase que sentia o coração bater, sua pele estava fria e pálida, suor gélido lhe descia a pele quase morta.

Sua mãe lhe ensinou bastante sobre plantas medicinais, mas de quase nada isso valia, pois estava com a visão danificada, comprimiu os olhos para ver se encontrava alguma planta milagrosa, mas ainda assim não via nada além de borrões.

"Não posso... parar, tenho de continuar... correndo"; mas a fadiga aumentava e o efeito do veneno estava cada vez mais forte, a circulação sanguínea em suas pernas aos poucos parava de agir.

A sua mochila poderia ser sua esperança, já que lá havia um mini-kit de primeiros socorros, mas não conseguia recordar aonde a havia deixado, outra das suas poucas esperanças haviam se esvaído, como desejava voltar ao tempo e não tê-la escondido, ou melhor, voltar ao tempo e conseguir se esquivar da flecha.

Quando parecia que estava tudo perdido, encontrou ao longe o que parecia ser um frasco de vidro, mas logo Micaelle cai bruscamente, se quando a flecha roçou o seu ombro havia doído muito, ela doeu ainda mais intensamente quando Micaelle caiu, que rangeu os dentes de dor, "Não... não me aban-abandonem agora, pernas", ela então se esforçou para recuperar os movimentos naquela área, até mesmo socou uma das coxas para a circulação voltar, mas de nada adiantou.

Então começou a usar seus braços como suas novas pernas, sentiu-se grata por nenhum animal selvagem ou um humano a atacar, pois estava bastante vulnerável.

Aos poucos era capaz de ouvir as lentas batidas do coração, o frasco estava recostado em um árvore iluminada pelo sol, favorecendo um pouco o campo de visão de Micaelle.

Estava cada vez mais próxima e enfim... conseguiu o alcançar, o abriu e quando o pôs aos lábios percebeu que ele estava vazio. Quase que chega a chorar novamente, a única coisa a fazer antes que a morte chegasse, quando naquela mesma árvore encontrou uma folha de papel, talvez aquilo a ajudasse, apesar de ela não saber como, apressadamente a pegou e com muito esforço nos olhos conseguiu o ler:

"Achei que já estava longe o suficiente daqueles selvagens, principalmente daquele tal do Cupido, maldito seja aquele ruivo! A bosta da flecha doía cada vez mais, com muito esforço e muita dor eu consegui a tirar do meu ombro, sangue jorrou cada vez mais do meu ferimento, então arranquei uma pequena parte da minha camiseta regata, estirei minha jaqueta vermelha e amarrei aquele pedaço de tecido em cima do meu ferimento e aquilo ajudou muito a estancar o sangue e a diminuir a velocidade de minha morte"

Antes de continuar a leitura, Micaelle com muita dor conseguiu arrancar a flecha de seu ombro, rasgou parte da camiseta que cobria o abdômen, para facilitar o ato ela tira a camiseta, mostrando parte de seu formoso corpo escultural, usava um biquíni vermelho, atou o tecido no ombro e realmente havia funcionado, e então novamente vestiu a camiseta, e ainda com muito esforço voltou a ler:

"E então eu bebi o frasco e me encostei em uma árvore, aos poucos me senti mais forte, mais vivo e alegre por não ter morrido e estar vivo o suficiente para conseguir salvar Maria, aaah, Maria... o que eu não faria para sentir novamente o aroma de seus cachos vermelhos, os seus risos, os seus beijos...
Olhei a árvore em que eu estava em cima e percebi que era um desperdício beber o frasco com a mina de ouro que era aquela árvore, a seiva daquela árvore tem poderes medicinais"

Logo o semblante de Micaelle brilhou de contentamento, fitou a árvore por alguns instantes e não demorou muito tempo para ela empunhar sua espada e começar a perfurar a árvore.

Lascas de madeira voavam até sua face e ao chão, usava todas as forças que lhe restavam, e enfim depois de muito, seu esforço alcançou um bom resultado, líquido branco começou a fluir da madeira feito uma nascente, então pegou o frasco e encheu-o daquele líquido, quando estava cheio ao ponto de lambuzar sua mão, bebeu, e não era assim tão ruim, era doce quase que como um mel.

A trilha- O tesouro de Nicolau VIIOnde histórias criam vida. Descubra agora