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Hawkins
1983


Eu nunca havia ido em um funeral antes, sempre vi nos filmes as vestimentas escuras, as flores e todo o sofrimento no ar mas aqui agora eu não chorava mesmo vendo o caixão descendo para o fundo da terra.

Will não estava morto e sei que os mais próximos sabiam disso. Meu irmão e seus amigos não demonstraram nenhum sentimento observando o caixão do melhor amigo, Joyce então só mantinha a testa enrugada ignorando quem lhe dava os pêsames enquanto Jonathan Nancy e eu não víamos a hora daquilo tudo aquilo acabar.

Depois de Johny me mostrar a foto que conseguiu tirar da criatura e contar que Nancy Wheeler também estava nessa e faria de tudo para achar a sua amiga, eu pedi para ele ir embora e subi para o meu quarto para secar as minhas lágrimas. Eu estava apavorada de saber que era possível eu estar vivendo no mesmo ambiente daquela coisa mas então uma lembrança tomou conta de mim.

- Jonathan não está em casa — O pequeno Byers dizia fazendo esforço em apagar algo em seu caderno.

- Eu posso esperar — Falo me sentando ao seu lado no sofá. — O que está fazendo?

- Lição de casa, tenho que pintar o que fiz nas férias — Diz arrancando a folha impaciente.

- Ei! Calma, tenho certeza de que o caderno sabe quem manda por aqui — Brinco fazendo o garoto relaxar um pouco. — Pega o seu lápis com a ponta mais fina.

Will me obedeceu entregando seu lápis e seu caderno e fiz alguns traços leves formando seu rosto, não era um desenho muito elaborado mas com apenas alguns riscos consegui fazer as características mais marcantes de seu rosto fazendo com que qualquer um reconhecesse o garoto.

- Não pode desenhar como se fosse uma obrigação perfeccionista, até os traços imperfeitos podem formar uma imagem boa — Entreguei para ele seu caderno e pude jurar que seus olhos estavam brilhando.

- Caramba! Isso tá incrível Lilly! — Sorriu animado. — Pode me ensinar a fazer? — Pede esperançoso.

Jonathan não demorou para chegar mas não dei muita atenção para ele porque estava ocupada de mais ensinando algumas dicas para Will que recriava tudo com perfeição. Joyce nos chamou para jantar e recebeu um desenho de seu filho como agradecimento pela comida.

Eu precisava fazer isso por Will, por Bárbara e até pela cidade, se tivermos uma chance de acabar com aquele monstro eu seria a primeira da fila antes que pudesse machucar mais alguém e isso contava com meu irmão também.

- É tão estranho — Nancy dizia ao meu lado encarando o caixão cheio de rosas. — Saber que estamos vendo o velório de alguém que pode não estar morto.

- Mais estranho do que uma criatura sem rosto sequestrando jovens? — Faço uma brincadeira mesmo sabendo o quão trágica era mas Nancy riu antes de se virar para Jonathan que acenou para nós duas.

Fomos juntas caminhando até atrás de uma árvore mais distante do fim da cerimônia. Jonathan nos mostrou o mapa da cidade que havia conseguido enquanto eu observava as marcações feitas.

- Está tudo tão perto — Nancy comenta.

- Tudo dentro de um quilômetro e meio — O garoto suspira passando a mão pelo seu cabelo.

𝕆𝕟𝕖 𝕞𝕠𝕣𝕖 || Steve HarringtonOnde histórias criam vida. Descubra agora