capítulo 9

240 31 3
                                    

Ly

Deveria ser entre onze horas ou meia noite quando deixamos o estabelecimento e seguimos cada um para sua casa. Os garotos não quiseram chamar ninguém então fomos obrigados a ir andando.

Bertholdt foi o único a ligar para os pais, então ele, Annie, Reiner e História receberam carona.

Inicialmente estávamos todos juntos, mas os primeiros a nós deixar foram Marcel e Galliard. Logo depois Erwin, Mike e Hange, que moravam próximos.

Sobrando apenas Eren, Armin, Zeke e eu. Armin iria posar na casa dos Yeager's como de costume.

Depois do acontecido, Zeke e eu não nós falamos mais, me sentia tão envergonhada que estava evitando ficar próxima a ele.

A rua estava escura, iluminada pela luz dos postes e os faróis dos carros que passavam de vez em quando. Os três rapazes vieram conversando o caminho inteiro, e eu me mantinha em silêncio.

Minha mente estava um turbilhão, até aquela ação crônica de ferir a carne dos meus dedos quando estava ansiosa havia voltado. Levo a mão algumas vezes até a boca para arrancar a pele já levemente estirada.

E todas as vezes eu estava sendo policiada, Zeke conhecia aquele meu hábito, ele se aproximava de mim sem chamar a atenção dos garotos, dava tapas de leve em minha mão para que eu controlasse a ansiedade e então voltava a sua posição inicial.

- Estamos quase chegando! - Eren indaga puxando Armin pela manga da jaqueta - vamos apostar corrida, Armin! Um, dois, três e valendo! - ele grita já muito a frente do amigo, que tem trabalho para o alcançar.

- Ei! Esperem por mim! - tento iniciar a corrida junto com os garotos, mas sou impedida.

Zeke apanha minha mão, ele olha os ferimentos que causei e solta um suspiro longo. Ele mante minha mão entrelaçada a dele enquanto continua a caminhar.

Eu o acompanho por alguns passos e aí me vem a mente as últimas semanas, em que ele desapareceu da minha vida, me ignoro por quase dois meses e agora ele simplesmente chega e me beija? Começa a me tratar como se tivéssemos algo? Não, eu não posso aceitar isso.

Paro de andar subitamente, sinto como se a planta de meus pés se afincasse ao solo. Zeke mantém nossas mãos entrelaçadas, ele também parou e agora estava me encarando.

Meu punho livre se fecha fortemente e em ato de desespero acerto um soco na boca de seu estômago, o garoto solta minha mão finalmente, ele cambaleia para trás e se curva de dor.

Zeke

Depois de tantos anos essa foi a primeira vez que ela me bateu, até que demorou bastante tempo para acontecer.

Mas esse soco, poxa... Me lembrou da S/n. Ela mudou tanto e continua com essa força brutal.

A dor cessa aos poucos, e consigo retomar minha postura.

- o que acha que está fazendo? - mesmo envolvidos pelo breu da noite consigo ver seus olhos esmeralda cintilando de ódio, algumas lágrimas preenchem suas pálpebra mas ela ordena que recuem - os últimos dois meses tem sido uma merda, e eu tô jogando a culpa de tudo o que tem acontecido na costa da História e do Reiner. Mas a verdade é que é tudo por sua causa, você se afastou do nada, sem ter acontecido algo, não deu explicações, você só se afastou, me deixou sozinha com um puta peso na consciência, todo dia tenho me questionando, o que eu fiz para você?

- Você não fez nada - digo simples.

- Então, por que...?

- O papai não se convenceu com a minha desculpa... Depois que você acordou e foi pra casa, o Grisha me chamou pra conversar, ele já havia falado com a Carla e mesmo ela confirmando minha história, ele não ficou convencido. Mesmo que não fosse motivo pra isso, nós começamos a discutir, a situação só estava piorando a cada dia, e eu não queria te envolver.

Freedom Wings - Zeke YeagerOnde histórias criam vida. Descubra agora