capítulo 8

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Ly

Ultimamente eu ando tão cansada que assim que cheguei em casa depois do colégio, só tive tempo de me banhar e cair na cama, totalmente inconsciente.
Eu não me lembrei de programar o despertador, por isso imagino que agora já seja de tarde.

Pequenas gotas de suor escorrem pela minha testa, mas eu não tenho forças para levantar da cama e abrir as janelas ou ligar o ar-condicionado, talvez tudo se resolveria se eu jogasse esse edredom pra longe, mas ele está tão confortável.

Passo a mão direita por debaixo do travesseiro, procurando meu celular. Vejo o horário e percebo que estava errada, ainda é de manhã, ainda dá tempo de ir pro colégio. Eu só não quero ir mesmo.

Avanço para o aplicativo de mensagens, leio apenas o que Annie e Eren me mandaram, ambos me desejando um "feliz aniversário".

Também vejo o grupo de avisos do colégio, quero ter certeza que não estou perdendo nada de importante. Mas ainda que perca, eu só precisaria falsificar um atestado médico, poderia usar a assinatura e o carrinho da minha mãe ou do tio Grisha, e então estaria tudo resolvido.

Não é como se Eren e eu já não tivéssemos feito isso antes, claro que não nos orgulhamos disso...

Haviam outras mensagens me parabenizando pelo dia de hoje, alguns até perguntando se teria festa ou coisa do tipo.

Assim como meus pais, eu sempre gostei de datas comemorativas, e em especial de aniversários. Mas desta vez... Acho que eu não tenho motivos para comemorar.

Ouço batidas na porta e fecho os olhos me fingindo de desacordada para que a "ilustre" visita vá embora o quanto antes.

Percebo sua aproximação, seus passos leves sobre o chão, nem ao menos o som de seus sapatos eu conseguia ouvir. Sinto uma mão acariciar minha testa descendo para a bochecha, ela desce puxando minha coberta e então pousa sobre meu peito, sinto dedos longos caminharem pelo meu esterno até chegar a cartilagem que forma a sua extremidade inferior.

Parado naquele local, deita as palmas das mãos e então imprimi peso ali, comprimindo com força minha cavidade torácica.

Com um grito de dor me levanto rápido, empurrando aquela pessoa para longe de mim. Logo ouço sua risada.

- Não tem graça nenhuma! - esbravejo lançando um travesseiro em sua direção - que tipo de mãe você é?

- Mais que mau humorada! - ela continua rindo, aperta minhas bochechas, se sentando ao meu lado na cama - achei que estivesse inconsciente, só estava fazendo o meu trabalho!

- Se não vê diferença entre sua filha dormindo e alguém tendo uma parada respiratória, então deve ser uma péssima médica!

- Olha o jeito que fala comigo, pirralha arrogante! - ela dá um estalinho na minha testa, solto um grunhido de dor e levo uma das mãos até o local o massageando - se bem que você não nega a raça, é bem minha filha mesmo - ela dá um sorriso de lado.

- Você e o papai já deveriam estar no hospital a essa hora.

- Em um dia comum, com certeza. Mas hoje é o aniversário da nossa princesa, então pedimos folga! - ela balança os braços acima da cabeça em comemoração.

- Vocês são os donos majoritários, não é como se precisassem pedir folga...

- Não tem nada a ver com ser dono ou não, é uma questão de responsabilidade..., mas isso não vem ao caso.

Meus pais sempre foram muito ocupados por conta do trabalho, nem sempre eles tinham tempo para minha irmã e eu, mas eles sempre faziam o máximo possível para serem presentes.

Freedom Wings - Zeke YeagerOnde histórias criam vida. Descubra agora