capítulo 5

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Olho para trás e vejo os irmãos parados na calçada enfrente a minha casa. Um sorriso aliviado toma meu rosto, seguro firme na mão de Zeke e o arrasto pelo jardim até chegarmos a Annie e Reiner.

- ANNIE!! – com o braço livre agarro o pescoço da loira a puxando para um abraço.

- menos grude, por favor – ela mantem os braços ao lado do corpo, não correspondendo meu abraço.

- você é sempre tão agradável, amiga! – caçoo me separando dela e a mesma revira os olhos.

- Lainā – sorrio para o mesmo e solto finalmente a mão de Zeke – feliz aniversário! – o abraço e ele corresponde na mesmo instante.

O abraço acaba se tornado demorado e logo ouço uma ronquidão produzida por Zeke  que claramente estava incomodado com a situação. Separo o abraço, dando espaço para formarmos uma rodinha, encaro Zeke e faço sinal com a cabeça para ele dizer algo amigável a Reiner.

-  meus parabéns, Reiner! – ele estende a mão e Lainā o cumprimenta, também o parabenizando.

- Ly, a sua irmã... Onde ela está? – o encaro surpresa com a pergunta, não sabia que História e Reiner eram próximos – combinamos de nos encontrar durante a festa – ele explica.

- ela estava lá dentro com algumas colegas de sala.

- vou indo então. Vejo vocês mais tarde! – ele passa por nós e adentra a casa, falando com algumas pessoas que estavam no caminho.

Apesar da Annie ser minha melhor amiga neste momento fiquei um pouco sem jeito de perguntar se ela sabia o interesse de seu irmão por História. Discretamente puxo a camisa de Zeke o forçando a olhar para mim, faço sinal para que ele questione Annie.

- não quero que pense que sou intrometido, mas... – ele começa e de imediato é interrompido pela loira.

- não se preocupe, já tenho certeza disso – ela cruza os braços e o encara sem interesse.

- engraçadinha. O que o Reiner está querendo com a Hisu?

- não tenho ideia. Mas já tem alguns dias que ele tem falado bastante sobre ela e também já peguei os dois conversando por mensagem e nos corredores do colégio durante intervalos das aulas.

- ele tá afim dela? talvez seja isso – digo um pouco pensativa.

- pode ser. Já que você nunca deu chance para ele, talvez o Reiner tenha decidido investir na irmã mais nova – ambos riem.

- melhor assim, ele não tinha chance de qualquer jeito – Zeke comenta deliberado.

- e por que? – a voz de Annie e a minha saem em de maneira uníssona. Nos duas cruzamos os braços e ficamos esperando uma resposta do rapaz.

- só acho que o Reiner não faça seu tipo – ele levanta as mãos demostrando inocência.

- é? E qual é o meu tipo, Zeke? Eu nem sabia que tinha um.

- hum... – a loira põe a mão no queixo parecendo pensativa – se for para comparar as características o Reiner seria sim o tipo da Ly.

- e quais seriam essas "características"? – pergunta curioso, me olhando de canto.

- Annie... – já sabia o que estava por vir, e estava quase pronta para suplicar que ela calasse a boca.

- você sabe... – ela sorri de forma perversa.

- Annie, pelo amor de Deus. Cala essa maldita boca.

- não. Não. Agora eu quero saber – Zeke insisti e me segura contra o próprio corpo para que eu não interrompesse a Annie.

- ANNIE! – grito e escuto risos dos dois.

- meia noite eu te conto – ela fala um pouco descontraída – vou atrás do Reiner antes que algum imbecil estrague a surpresa. encontro vocês lá dentro.

- até! – Zeke responde e eu só concordo com a cabeça – falando da surpresa do Lainā... Eu esqueci o presente dele no quarto. Quer me acompanhar?

- sim. Tenho que chamar o Eren e o Armin também – ele faz sinal para que eu passe primeiro e me acompanha logo em seguida.

Eu estava um pouco envergonhada por causa da brincadeira da Annie e por isso fiquei em silêncio enquanto entravamos na casa. Mas assim que chegamos as escadas ele não se contentou em esquecer o assunto anterior.

- vai me contar sobre aquilo?

- não. A Annie só estava brincando.

- achei que éramos amigos o bastante para que você me contasse coisas desse tipo.

- pois não somos. Nem com o Eren eu falo sobre isso...

- ok. E se eu fizer algumas perguntas? você só pode responder com sim ou não.

- NÃO!

- aah vamos lá. Primeiro: alto ou baixo?

- achei que era pra responder com sim ou não?

- qual é? Só responde a pergunta !

- não. Não é da sua conta! E se a pessoa que eu gosto for sei lá, o seu irmão ou seu melhor amigo, ainda vai querer saber?

- e quem seria o "meu melhor amigo"? – ele faz o sinal de aspas com os dedos.

- Marcel! - Chegamos a porta de seu quarto e vejo que o presente estava em cima da cama.

- nossa! O Marcel ou o Eren?! Serio?! – dou de ombros.

Sigo para a cama e alcanço um travesseiro, o batendo contra o rosto do loiro. Começo a rir mas assim que ouço o som dos óculos caindo no chão e a feição de seu rosto mudando, meu coração aperta e a sensação de desespero me invade.

- me desculpa! – digo arrependida, ainda segurando o travesseiro contra o corpo.

Zeke se abaixa e pega os óculos, ele o verifica para ter certeza de que não quebrou, solto um suspiro de alivio quando o vejo dobrar as hastes e o colocar a armação em cima da mesinha de cabeceira.

Porém a expressão que ele fazia para mim não tinha melhorado. Zeke puxa o travesseiro das minhas mãos e fica parado me olhando por um tempo. Ouço a ronquidão em seu peito e as respirações profundas.

- você vai se arrepender por ter feito isso!

- eu já estou arrependida... – tento sair correndo pela porta mas ele a fecha no mesmo instante, a tranca e esconde a chave no bolso de trás da calça – eu vou gritar pelo Eren!

- Eren... Armin... Meus pais... Todos já foram. Eu e você somos os únicos na casa. Pode gritar o quanto quiser, não vai escapar da sua punição...

Ele bate com o travesseiro nas laterais do meu corpo, principalmente nas pernas, o que me desequilibrou. Involuntariamente vou andando para trás tentado escapar das travesseiradas.

Depois de alguns passos acabo caindo sentada na cama, ele não parava de me bater, não que aquilo machucasse, mas me desorientava. Tento proteger o rosto e acabo deixando o resto do corpo exposto.

Após mais algumas travesseiradas, ele toma outra postura, deixando o travesseiro de lado, Zeke inicia uma sequência de cocegas entre minhas costelas. Sinceramente eu preferia que ele continuasse com as travesseiradas.

Começo a rir descontroladamente, me contorço tentando escapar de suas mãos mas não consigo, acabo por me deitar sobre o colchão e ele passa as pernas de cada lado do corpo, me prendendo cada vez mais.

- Para. Por favor, para! – falo entre risos, e uso os braços querendo o impedir de continuar, mas era tudo em vão.

Ele não me responde, apenas continuar com as cócegas, e em algum momento ele imobiliza meus braços com apenas umas das mãos, os prendendo acima da minha cabeça. Com a mão livre ele se apoiava no colchão.

Meus risos acabam quando percebo o quão constrangedor era aquela situação, seu rosto tão perto do meu, eu só precisaria levantar poucos centímetros e conseguiria o que tanto desejo. nossas respirações unidas, o cheiro de seu perfume toma meus sentidos, meu corpo inteiro preso em baixo do dele. me sinto  submissa, prisioneira das vontades que despertaram dentro de mim naquele momento.

Ele abusava da sorte, chegando cada vez mais perto. Ele encosta seus nariz no meu, esfregando um ao outro. Zeke sempre fazia isso, era o mais próximo que nós demos de um beijo, no começo aquilo era divertido, emocionante até mesmo, mas agora já havia perdido a graça. Eu queria muito mais do que só aquilo, e infelizmente ele não parecia notar isso.

- gostava mais quando você ficava vermelha de tanta vergonha – ele diz me olhando profundamente.

- eu te disse naquele dia... Com o tempo esse seu joguinho se tornou cansativo – provoco.

- ótimo! então, posso te ensinar um jogo novo... - ele puxa meus braços ainda mais para cima e aperta meus pulsos. Sua mão livre que antes se apoiava no colchão, agora escorrega até a minha cintura a apertando com força. Acabo por arfar, ele sorri por conta da reação que tive. Ele se aproxima ainda mais, até consigo sentir de leve seus lábios roçando nos meus. Eu estava pronta, esperei por aqui todos esses anos, fecho os olhos e... Ele se afasta? - ...mas não hoje!

Fico parada tentando processar o que acabou de acontecer, eu estava pronta para surtar e manda Zeke a merda quando do outro lado da janela ouço gritos e a voz familiar de Eren.

-  ZEKE! ANDA LOGO – o mais velho se levanta indo até a janela – TODOS TÃO ESPERANDO VOCÊ, SEU BUNDÃO.

- EREN, ISSO NÃO É JEITO DE FALAR COM SEU IRMÃO! – tia Carla grita do quintal, para o pirralho que estava na janela do meu quarto.

- JÁ ESTOU DESCENDO! – Zeke responde fechando a janela e as cortinas.

Me sento na cama, estou morrendo de vergonha e completamente decepcionada, apoio os cotovelos em minhas coxas e faço compressão nas bochechas usando a palma das mãos.

- vamos? – ele se ajoelha na minha frente. Geralmente eu gastava daquele olhar carinhoso que Zeke tinha mas nesse momento eu só quero socar a cara dele – ta com raiva de mim? – ele sorri de canto.

- abre a porra da porta! – pego o presente de Reiner e espero até que se levante.

- você quem manda! – ele vai até a porta e tira a chave do bolso, finalmente abrindo a porta, me levanto e caminho até onde ele estava – hey... – ele segura meu braço de leve e sorri como de costume – não fica brava comigo. Hoje não é o melhor dia para... – ele morde o quanto interno da boca.

- Tem gente de mais nós esperando lá em baixo – digo puxando meu braço para que ele me soltasse – depois que os convidados forem embora, ai então, você poderia me ensinar o seu novo jogo... não é?!

- hoje não. Mas, se tiver paciência, pode ter certeza, eu vou te ensinar muitas coisas ainda...

Entrego o presente a ele, fecho o cenho, ele não tem ideia do quanto fico com raiva quando me pede para ter paciência ou esperar um pouco mais. Dou as costas para Zeke e saio da casa dos Yeager's, indo para a minha.

assim que entro no sala vejo História e Reiner conversando em um canto isolado, acho a situação estranha mas nesse momento estou pouco me importando com isso.

Freedom Wings - Zeke YeagerOnde histórias criam vida. Descubra agora