Capítulo 35

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— Não vou me desculpar, Eren. Não adianta insistir — rebati, com raiva, para meu irmão mais novo. — Você estava lá e viu como aquela garota estava insultando a Ly.

Eren arremessou uma almofada na minha direção, mas eu a agarrei antes que ela atingisse meu rosto. A tensão no ar era palpável, e ambos respirávamos pesadamente. Meu quarto parecia encolher sob a atmosfera carregada. A luz tênue da manhã infiltrava-se pelas cortinas entreabertas, lançando sombras suaves nas paredes. Eren e eu nos encarávamos intensamente, os olhos cheios de desafio, sem nenhum sinal de que cederíamos.

— Exatamente, a culpada foi aquela garota — disse ele, olhando profundamente nos meus olhos. — O primo da Mikasa não tinha nada a ver com aquilo. O Levi estava tentando afastar aquela louca de perto da Ly. Você não tinha o direito de dar aquele murro nele!

Eren cerrou os punhos, suas veias saltando como pequenos rios de raiva sob a pele, sua expressão uma mistura de frustração e arrependimento. O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor.

— Não fale como se eu tivesse exagerado — retruquei, soltando um suspiro e sentindo o peso da tensão se acumular em meus ombros, como se cada respiração fosse um esforço para acalmar meus nervos exasperados. — Eren, você e a Lya são as pessoas mais importantes da minha vida. Por vocês dois, eu farei tudo, não importa o quão sem escrúpulos eu pareça ser.

Eren permaneceu em silêncio por um momento, seus olhos fixos no chão. Apesar das nossas diferenças, éramos irmãos e sempre nos demos bem. A tensão entre nós era palpável, como uma corda esticada ao limite, pronta para se romper a qualquer momento. Eu sabia que estava exagerando, mas estava uma pilha de nervos desde ontem, quando vi o Ackerman. Passei todos esses anos torcendo para que ele nunca aparecesse, para que não tivesse reencarnado junto conosco. Mas desde a primeira vez que Mikasa mencionou esse seu primo, tive um pressentimento ruim, como se uma sombra do passado estivesse se aproximando para nos assombrar mais uma vez.

Finalmente, Eren rompeu o silêncio, sua voz baixa, carregada de uma emoção que eu raramente testemunhava nele. Seus olhos, normalmente tão cheios de determinação, agora refletiam uma mistura de compreensão e preocupação.

— Eu entendo o que você está dizendo — murmurou ele, sua expressão suavizando-se com uma compaixão genuína. — Mas você não pode controlar tudo, nem proteger todo mundo o tempo todo. Se não tivesse intervido, a Ly teria dado um jeito naquela garota. Eu teria feito algo se ela não conseguisse, ou até mesmo o próprio Levi teria cuidado da situação.

Senti um nó se formar na garganta. As palavras de Eren ecoaram em minha mente, penetrando nas barreiras da minha teimosia. Ele tinha razão, é claro. Eu não podia ser o guardião de todos, não podia controlar cada aspecto da vida da minha namorada ou afastar todas as ameaças que se aproximavam dela.

— Não vou me desculpar, Eren! — Minha voz saiu firme, mas por dentro eu tremia.

— Você não me deixa escolha — ele murmurou, com um olhar determinado. Pegou o celular e deu um toque na tela. Em segundos, passos apressados ecoaram pela escada, e a porta se abriu com um estrondo. Uma garota de olhos esmeralda, com uma mistura de urgência e determinação no olhar, invadiu meu quarto sem pedir permissão. Seus cabelos caíam em desordem ao redor do rosto, e suas mãos estavam cerradas em punhos tensos.

— Sério, Eren? — questionei, desviando meu olhar de Lya.

— Pode ir, eu quero conversar com o Z a sós — disse Ly, com calma, dirigindo-se ao meu irmão.

— Não foi isso que combinamos! — Eren esbravejou, enquanto a garota colocava a mão em seu ombro, encarando-o com uma expressão que claramente dizia "suma daqui".

Freedom Wings - Zeke YeagerOnde histórias criam vida. Descubra agora