•Capítulo 4 - Hospital.

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Deborah Martins:

Escutei um barulho parecido com o bipi de máquinas. Máquinas de hospital. Decidi abrir os olhos e para a minha surpresa eu estava em um hospital. Um quarto muito aconchegante. Ao lado da minha cama uma poltrona reclinável onde minha mãe estava sentada coberta por uma manta azul turquesa, ela estava dormindo. No quarto tinha também uma televisão, uma mesa perto da porta, essa mesa estava cheia de coisas como se fossem presentes, eu não entendi o porque desses presentes. Do outro lado da minha cama um criado-mudo onde tinha um mini-calendário, quando olhei a data, sexta-feira. Eu dormi por dois dias? Também havia duas bolsas de viagens sobre um sofá.

Tinham vários fios que me conectavam nas máquinas. Eram 5 horas da manhã. Eu tentava me lembrar de algo, mas minhas lembranças pausavam exatamente quando desmaiei.

Meu corpo parecia pesar uma tonelada. Minha perna direita estava engessada, me dando entender que alguma coisa aconteceu com ela.

Escutei passos próximos e me fingi dormir assim que uma enfermeira abriu a porta e se dirigiu a minha mãe.

–Senhora Martins, por favor queira me acompanhar, o Doutor Pietro a aguarda na sala dele para conversarem. – a enfermeira sussurrou e minha mãe coçava os olhos acordando.

–Claro. An... há mais alguém da família na sala de espera que possa acompanhar ela enquanto eu não estiver aqui?

–Creio que sim, há o Senhor Martins e dois rapazes com ele.

–Sim. Obrigada. – minha mãe se levantou e seguiu a enfermeira até a porta que se fechou novamente me deixando no escuro.

Assim que ouvi o barulho da porta voltei a observar o quarto. Cada detalhe que eu poderia ver no escuro. Pensei em me levantar e procurar meu celular mais se fizesse isso me desconectaria dos fios e faria a maior bagunça. Fui pelo mais fácil e abri a gaveta do criado-mudo torcendo para que estivesse lá. E estava. 

Peguei meu celular e o liguei. Havia varias mensagens no whatsapp e ligações perdidas. Ligações e mensagens de muitos amigos que a muito tempo não falavam comigo. Tinha também alguns status no Facebook nos quais havia sido marcada, decidi abri-los primeiro.

Muitas mensagens de lamentações pelo acidente. Acidente? Frases de apoio e força. Continuava sem entender coisa nenhuma. A porta foi aberta novamente, entrando dessa vez somente meu irmão. A luz do corredor banhou o quarto escuro, meu irmão me viu acordada e ligou a luz do quarto fechando a porta atrás de si.

–Você está bem? Nunca desgrudando do celular, né? – ele se aproximou e tirou o celular da minha mão o colocando de volta na gaveta do criado-mudo e eu queria muito, muito mesmo protestar contra aquilo que ele fez mas antes ele se explicou. –  se a Flávia ver que você o achou vai esconder. Ela não quer que você saiba por outras pessoas o que aconteceu.

–Que tipo de acidente eu sofri?

–Atropelamento. Não diga nunca a ela que quem te disse fui eu, e nem culpa outra pessoa. Simplesmente se finja de surpresa, OK? – apenas assenti confirmando.

–Como assim, atropelamento? Eu só me lembro de ter desmaiado e...

–Enquanto você estava desmaiada você foi atropelada. – ele foi direto. Eu fiquei indignada, como um motorista viu uma pessoa no chão e ao invés de socorre-la a atropelou ?

–Eu... eu nem... nem sei... o que dizer. Estou confusa. E o motorista que me atropelou?

–Fugiu. Eu vi tudo da janela da cozin...

–E NÃO FEZ NADA? ME VIU CAIR NO CHÃO DESMAIADA E NÃO FEZ NADA? – fiquei alterada. Os bipis da máquina de batimentos cardíacos disparou.

– CALMA! Não é bem por ai! A gente ia sair correndo pra te acudir quando o carro veio e te acertou. O Oscar e a Flávia se desesperaram do mesmo jeito que eu e o Felipe.

Aquele GarotoOnde histórias criam vida. Descubra agora