•Capítulo 37 - SÓ TEMOS 16 ANOS!

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Deborah Martins:

Sábado, 6 de Fevereiro ~
9h21 ~

Acordei sem ninguém chamar, sem nenhum barulho. A porta do meu quarto estava fechada e a Larissa dormia profundamente ao meu lado. Brechas de luz entravam pela porta da varanda particular. Me sentei e me surpreendi por ser tão cedo e eu acordar com meu despertador interno. Em um Sábado. Levantei e abri a porta do quarto cuidadosamente para que a Lari não acordasse. Sai do quarto e fechei a porta, escutei vozes na sala e sabia que não era de pessoas que estivessem aqui mesmo, a televisão.

Ivan estava ao lado de Brenda. Brenda com a cabeça caída no ombro de Ivan, os dois com as pernas no sofá e cobertos por um edredom. Ivan vacilava entre um cochilo e ao noticiário.

-Ivan ? -Chamei ele baixinho. Ele despertou e me olhou assustado.

-Ah, oi Deborah. -Ele disse bocejando.

-Bom dia. -Eu disse me sentando ao lado disponível dele. -O que aconteceu ?

-Minha mãe... Ela... -Ele suspirou. -Sofreu um acidente de carro. -Fiquei parada perplexa olhando os olhos tristes de Ivan se voltarem para a televisão e se distanciarem.

-Sua mãe... Sofreu um acidente ? -Perguntei começando a sentir uma ponta de preocupação na minha voz. -Por isso a Brenda dormiu com você ? -Sussurrei.

-Ela chorou a noite toda, dormir não é a palavra exata. Ela caiu no sono faz pouco tempo. -Ele disse bocejando mais uma vez.

-Você sabe se ela está bem ? -Perguntei baixinho.

-Meu pai ligou falando que logo poderemos ver ela. -Ele disse.

-Você dormiu ? -Perguntei ele negou com a cabeça. Acordei uma Brenda sonolenta e levei ela para meu quarto, Ivan se deitou no sofá e quando voltei para a sala já estava dormindo.

Abri cuidadosamente a porta do quarto do Miguel e vi Miguel largado na cama roncando, Theodor em seu colchão de ar e Felipe em uma cama improvisada. Levei um susto quando Felipe se sentou e me olhou.

-Que susto. -Eu disse me encostando na porta.

-Sou feio assim ? -Me perguntou ele.

-Você sabe que não. Bom dia. -Eu disse e fechei na porta voltando para meu quarto.

Peguei um macacão curto de estampas vermelhas. Fui para o banheiro, fiz minhas higienes e me troquei. Quando entrei na cozinha encontrei Felipe encostado na bancada.

-Me esperando ? -Perguntei enquanto fazia café na cafeteira.

-Não exatamente. -Ele disse olhei para ele esperando a explicação, ele suspirou e continuou. -Fugindo dos roncos. Seu irmão ronca muito, Theodor ronca, Ivan ronca.

-Meu Deus! -Eu disse rindo.

-Difícil dormir com roncos. -Ele disse olhando para o nada. -Quer ajuda em alguma coisa ?

-Amn... -Eu disse pensando se seria abuso de mais pedir para ele ir a padaria, quer saber ? Ele que perguntou. -Vai na padaria ?

-Pra já. -Ele disse indo para o quarto do Miguel. Quando voltou estava com a camisa do avesso., como demorou acredito que tenha ido ao banheiro também. Olhei para a roupa e revirei os olhos. -Tendência.

-Então tá. -Eu disse levantando as mãos em rendição e rindo. Ele saiu.

Fiz suco de laranja natural e coloquei umas frutas na mesa, okay, ainda ia demorar para o resto do povo acordar, mas não sou obrigada a colocar tudo de novo, ia ficar lá ate a ultima pessoa tomar café da manhã. Minutos depois voltou com um saco cheio de pão de queijo e outro de pão francês. Tomamos café da manhã juntos enquanto Ivan roncava no sofá e o noticiário falava sozinho.

-A Mônica sofreu um acidente de carro. -Eu disse olhando para o nada enquanto levava a cabeça de café à boca. Senti Felipe parar de comer e me olhar. Finalmente o olhei. -Essa foi a emergência. Meu pai saiu correndo de casa e mandou Ivan vir para cá, meu pai avisou minha mãe, minha mãe e Roberto foram acudir meu pai, Roberto deve ter falado para Theodor trazer Brenda para cá.

Felipe não falou nada, só olhou para Ivan como se quisesse dizer sinto muito. Felipe me arrastou para o térreo do prédio para poder tomar ar livre. Mas tenho certeza que era porque não tinha mais lugar nenhum para ficarmos sozinhos, em todo lugar tinha alguém roncando, a não ser o quarto da minha mãe e a cozinha.

-Gostei daqui, tem quadra poliesportiva, piscina e playground. -Disse Felipe vendo as crianças correrem de um lado para o outro no playground. -Um dia você vai querer ter filhos ? -Olhei assustada para ele.

-Eu só tenho dezesseis anos. -Eu disse. -Mas acho que não. Além de ser muita responsabilidade, eu não tenho muita... -Olhei para os pestinhas correndo e jogando areia uns nas caras dos outros. -...Afinidade com crianças. E você ?

-Eu quero. Uns 3. -Ele disse.

-Boa sorte para achar alguém que queira os três filhos. -Eu disse vendo uma criança ficar de cabeça para baixo em um poste tipo daqueles de bombeiros e a babá dele gritando e correndo até ele.

-Um dia consigo te convencer. -Ele disse olhando a mesma cena que eu. Olhei para ele de novo surpresa e dessa vez acho que correi porque ele me olhou e sorriu. Ele pensa em mim como quem sabe um dia... Esposa dele ? SÓ TEMOS DEZESSEIS ANOS! -Você deve estar pensando que eu sou maluco né ?

-Sim. Estou pensando exatamente isso. -Admiti. Ele sorriu e olhou para o chão, agora quem corou foi ele. Parei na frente dele e o abracei.

-Porque isso ? -Ele disse enquanto perdia seu rosto nos meus cabelos soltos e acariciava minhas costas.

-Porque eu gosto de você. -Sussurrei em seu ouvido.

-Também gosto de você.

-Que a Larissa não nos ouça, ou ela vai vomitar arco-íris. -Eu disse nos separando do abraço e o olhando nos olhos.

-Ei tio! -Disse um menininho perto da gente. Felipe e eu o olhamos e ele deu um sorriso envergonhado. -Beija logo ela!

-Seu pedido é uma ordem. -Disse o Felipe sorrindo e eu sorri envergonhada, nos beijamos suavemente, até porque tinha uma criança ali e varias outras por perto. O que os pais estão ensinando para esse garoto ?

Voltamos para o apartamento e achamos todos na mesa do café da manhã. Meu pai já tinha ligado e o horário de visitas estava próximo. Lari chamou o Ângelo e ela, Miguel, Brenda e Ivan foram para o hospital ver Mônica.
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09/03/2016 Qua "-"

Aquele GarotoOnde histórias criam vida. Descubra agora