Deborah Martins:
Sábado, 5 de Fevereiro ~
12h42 ~-O que ? Meu Deus pai! Sinto muito! Vocês deviam ter me chamado antes! Desculpa por não estar aqui! -Disparei quase que involuntariamente.
-Tudo bem. -Ele tentou me acalmar, nos soltou do abraço e me olhou nos olhos. -Tudo bem. Sério. Ela... Ela vai ficar bem.
Não tive o que falar, não conseguia achar nada o que falar em minha mente. As palavras me escaparam. Muita informação, muita coisa acontecendo em tão pouco tempo!
Em um dia estava tudo ótimo, no outro minha mãe namorando meu professor de química, no seguinte ela disse que ia se mudar, depois decidimos ir com ela e agora a minha madrasta em coma! Tudo o que podia acontecer até agora aconteceu, e espero que pare por aqui mesmo.
-Como... Como aconteceu ? -Perguntei baixinho olhando para a mão do meu pai que apertava alguma coisa que eu não podia ver.
-Essa semana você deve ter notado que ela não estava em casa. -Assenti. -Ela foi visitar a irmã no Rio de Janeiro. Ela voltou ontem, mas no caminho de volta entre o aeroporto e nossa casa, um caminhão perdeu o controle e... -Ele suspirou e vi outra lágrima escorrer. -E bateu no táxi que ela estava, o carro ficou destruído e o motorista morreu. Parece que o caminhoneiro cochilou no volante.
Olhei espantada para ele, já havia ouvido várias vezes nos noticiários paulistanos coisas desse tipo é estranhamente típico daqui, mas não tão perto da família. Melhor dizendo, na família.
-Sinto muito pai. -Sussurrei e ele assentiu, Felipe apareceu do meu lado e passou os braços sobre meu ombro.
-Sinto muito pelo que aconteceu Senhor...
-Senhor não. Tudo menos senhor. -Disse meu pai. Eu hein essa mania que dos coroas tem de não querer ser chamados assim.
-Sinto muito pelo que aconteceu Oscar. -Reformulou Felipe.
-Obrigado. -Disse meu pai em um sorriso forçado. Minha mãe se levantou e eles foram à lanchonete, parecia que fazia doze horas que meu pai não comia nada.
-Você está bem em relação a isso Roberto ? -Perguntei a ele que parecia não querer se intrometer no momento, quem olhasse de fora devia pensar até que ele nem nos conhecia.
-Sua mãe se importa com ele. -Ele disse dando aos ombros. -Ela quer manter a amizade. Não vejo problemas. -Ele disse dando aos ombros mais uma vez. O celular dele tocou e ele saiu andando pelos corredores.
Andei até meus irmãos. Miguel se sentava entre Brenda e Ivan. Larissa estava do lado de Ivan dando tapinhas amigáveis em suas costas enquanto ele chorava. A camisa de Miguel estava ensopada de lágrimas da Brenda. Sentei do lado disponível da Brenda e peguei sua mão a acariciando, ela se virou para me olhar e assentiu como se agradecesse.
-Desculpa por não estar aqui para apoiar vocês. -Eu disse alto o suficiente para que Brenda e Ivan escutassem.
-Tudo bem. -Disse Ivan em um suspiro longo e tremido por causa de um soluço.
Parecia que naquele momento eu fosse filha da Mônica. Podia sentir a dor dos filhos ao saberem que a mãe estava criando raízes inconsciente em uma cama hospitalar. Imaginei que se fosse a minha mãe o que eu faria. Provavelmente ficaria perdida, por mais que eu discuta com ela, fique brava e a deixe brava, não passa de uma fase da vida: a Adolescência. Mesmo com tudo amo minha mãe mais que a própria vida, que se não fosse por ela, (e de certo modo por meu pai) eu não estaria aqui, eu não estaria respirando. Eu me sentiria excluída do mundo, como se a pessoa mais importante da minha vida ficasse offline por tempo indeterminado em alguma rede social.
Depois de algum tempo a enfermeira nos avisou que poderíamos entrar de três em três para poder ver Mônica. Primeiro foram meu pai, Brenda e Ivan. Depois minha mãe, Miguel e Eu.
Entramos no quarto branco, eu ouvia bipes da máquina dos batimentos cardíacos, várias agulhas estavam injetadas nos braços dela e aquilo me fez estremecer. Me lembrei do meu avô que estava do mesmo jeito que Mônica na última vez que eu o vi me fazendo ter horror por hospitais, afastei a lembrança no mesmo segundo. Seja positiva!Ordenei mentalmente.
Minha mãe parou ao lado do leito e colocou uma mecha de cabelos ruivos de Mônica atrás da orelha.
-Sei que nunca nos demos muito bem. E... Que você me roubou o Oscar. Mas espero sinceramente, do fundo do meu coração que você melhore. -Disse minha mãe baixo quase em um sussurro, Miguel e eu a olhamos falando com uma pessoa inconsciente. -Ah, dizem que quando as pessoas estão em coma conseguem escutar tudo o que se passa a sua volta.
Miguel deu um passo hesitante para perto de nossa mãe e ela assentiu sorrindo. Ele chegou mais perto e começou a falar:
-Nunca nos falamos diretamente. Nunca mesmo. Gostaria que isso mudasse. Vai que um dia eu acabo jogando a Deborah do apartamento ? Eu precisaria de um abrigo e provavelmente correria para a nossa antiga casa, meu pai não estaria em casa e só restaria você. Quero ter uma amizade com você caso isso um dia aconteça. Torço pela sua melhora. -Disse Miguel. Minha mãe riu e eu cruzei os braços. Cheguei perto da cama e suspirei pensando em o que dizer.
-Bom, nós já nos falamos. Falamos não, brigamos. Queria me desculpar por todas as vezes que te ofendi e que fui grossa. Era só birra por você ter caído de para quedas na nossa família. Mas acho que até antes do acidente todos estavam felizes. Meu pai com você e minha mãe com o Roberto. Então está tudo certo. Mas agora... Sinto muito por tudo o que já te fiz passar. Desculpa. Espero que você melhore e que sejamos Branca de Neve e Madrasta Má. Não, brincadeira, espero que nos tornemos... Civilizadas e amigáveis. -Eu disse.
Saímos do quarto. E eu realmente espero que a Mônica tenha escutado, porque foi de coração e um desabafo. Na sala de espera Larissa, Felipe e Roberto fizeram questão de ir ver Mônica, mesmo não terem tido nunca nenhuma relação direta com Mônica.
Larissa, Miguel, Felipe e eu voltamos com o Ângelo para casa. Brenda e Ivan não se moveram de onde estavam se recusando a abandonar a mãe. Meu pai sem dúvidas ficaria lá também, minha mãe ficou para os ajudar em qualquer coisa e Roberto por ela.
_____________________________________Esse foi o capítulo em que a Deborah pede desculpas a todos.
O que você acha que vai acontecer agora ? Comenta aí! Não esquece da estrelinha para a Mônica!
Dei a louca! Aproveita! Três capítulos seguidos no mesmo dia!
25/03/2016 Sex *-*
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Aquele Garoto
Novela JuvenilEu me chamo Deborah Martins e tenho 16 anos, moro em São Paulo, estudo no segundo ano do Ensino Médio. Moro com meus pais: Flávia e Oscar Martins. E o meu irmão Miguel Martins (amo e odeio esse fubango). Tenho uma melhor amiga, Larissa Magalhães, el...