Larissa Magalhães:
Quarta-feira, 17 de Fevereiro ~
22h36 ~Meu pai destrancou a porta do meu quarto e andamos silenciosamente até a sala. Minha mãe estava de um lado da sala olhando ameaçadoramente para Flávia, Oscar e Miguel que estavam do outro lado da sala.
Assim que Miguel me viu veio até mim lentamente e me abraçou, de início fiquei surpresa mas depois cedi.
-Desculpa. -Sussurrou ele, nem precisou dizer o motivo, tenho vários onde esse "desculpa" se encaixa. Assenti e ele voltou para onde estava. Olhei dos Martins para meus pais, sem entender nada.
-Filha... -Disse minha mãe em um suspiro. -Eu vou te dar duas opções e quero que você me responda o mais rápido possível...
-Assim ela não vai pensar direito e ir pelo caminho mais fácil, você está criando uma irresponsável... -Interrompeu Flávia.
-Escuta aqui, a casa é minha e a filha também. -Disse minha mãe fazendo Flávia se contorcer para não responder, minha mãe se recompôs e continuou. -Duas opções, resposta rápida. Você aborta ou você tem o bebê.
-Essas são as opções ? -Perguntei me relaxando.
-Mas cada uma tem suas condições. -Voltei a ficar rígida no mesmo instante.
-Que são ?
-Se você abortar, sua vida de mamata continua. Motorista, shopping, escola... Mas se você quiser mesmo ter esse filho e destruir seu futuro... Pode ir embora da minha casa. -Disse minha mãe e vi meu pai abaixar a cabeça impotente.
-Ir... Ir embora ? -Perguntei sem fôlego. Eu não quero abortar! Eu quero ter esse filho! Eu não fiz ? Agora eu que aguente as consequências (Obrigada Deborah!). Para onde eu iria ?
-Mas diferente dessa aí... -Disse Flávia agressiva e depois gentil. -Nós iríamos te acolher, nunca que alguém da minha família vai ser abandonado, nem minha nora, nem meu neto.
Okay, perco o pai e a mãe, ganho um filho e fico com a família Martins toda para mim ? Ou perco toda a família Martins, continuo sendo essa patricinha e fico com a minha família super unida ?
-Eu... -Comecei a dizer é a voz da minha melhor amiga ecoou pela minha mente.
"E você quer fazer o que ? Abortar ? Se você fizer isso nem chegue mais perto de mim. Vocês foram os irresponsáveis. O bebê não tem nada a ver." , "...estamos do seu lado".
Respirei fundo e falei de uma vez só.
-Eu vou ter esse filho queira você ou não. -Eu disse firme.
-Então pode fazer suas malas. -Disse minha mãe de braços cruzados. Assenti e me virei para voltar ao meu quarto. Mais três pares de perna me acompanharam.
Cheguei no quarto e sentei na cama com as pernas trêmulas.
-Você sabe que fez a escolha certa. -Disse Flávia parando na minha frente e acariciando minha cabeça, assenti. Miguel se sentou ao meu lado e me abraçou.
-Eu sou um idiota. -Ele sussurrou no meu ouvido.
-Não é não. -Sussurrei.
-Vamos ser pais. -Ele disse como se tivesse acabado de ser confirmado.
-E eu fui expulsa de casa. -Eu disse e nos soltamos do abraço. -Onde eu vou ficar ? E agora ?
-Licença. -Disse meu pai na porta, todos nos voltamos para ele. -Nisso eu posso ajudar. A escolha de você ir embora foram sua e da Cláudia. Mas não sou obrigado a concordar. Não posso fazer nada sobre a questão de você ficar aqui. Mas você ainda é minha filha e ainda é de menor. Você vai continuar na escola, eu vou pagar. E... Será que vocês poderiam cuidar da minha menina ? Ajudo nas despesas!
-Claro! Isso sem dúvida, não precisa se preocupar com as despesas. -Diz Flávia.
-Claro que preciso. Aceitem, por favor, eu me sentiria um pouco redimido. -Disse meu pai. Flávia e Oscar se entreolharam. Oscar deu aos ombros e Flávia assentiu. Levantei, andei até meu pai e o abracei.
-Obrigada pai. -Sussurrei.
Fizemos minhas malas, tudo o que eu podia pegar, peguei. Meu guarda-roupa ficou vazio e meu quarto parecia ter perdido um pouco do brilho.
-Vamos ? -Perguntou Flávia parando do meu lado e afagando meu braço enquanto eu fitava o vazio do quarto. Assenti e andamos lentamente até a sala. Minha mãe não estava lá, só Clarisse e meu pai.
-Larissa. -Disse Clarisse vindo na minha direção com lágrimas nos olhos. A abracei e me segurei para não a acompanhar nas lágrimas.
-Filha. -Disse meu pai e me abraçou logo em seguida. -Saiba que você não está sozinha. -Ele disse e Clarisse assentiu.
-Obrigada. -Eu disse e os abracei mais uma vez. Saímos do prédio e entramos no carro do Oscar.
Flávia foi na frente e eu atrás com Miguel, ele me abraçou todo o caminho e eu fiquei agradecida. Esse foi o caminho mais doloroso que eu já fiz.
Tentei segurar as lágrimas, mas elas eram mais fortes. Chorei, chorei mesmo, silenciosa e dolorosa. Mas tenho que me lembrar que a escolha foi minha, eu que escolhi a meu filho à minha mãe. E tomara que eu não me arrependa, o que eu duvido muito que aconteça.
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Um Ano de Aquele Garoto 🎁🎂🎈Já já Bônus!
Qua 20/04/2016 😍💕
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Aquele Garoto
Roman pour AdolescentsEu me chamo Deborah Martins e tenho 16 anos, moro em São Paulo, estudo no segundo ano do Ensino Médio. Moro com meus pais: Flávia e Oscar Martins. E o meu irmão Miguel Martins (amo e odeio esse fubango). Tenho uma melhor amiga, Larissa Magalhães, el...