Capítulo 5

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DONATO SAVÓIA

Sentei-me à mesa da mansão dos Ferrari, sentindo o peso dos olhares sobre mim. O ambiente estava carregado de tensão, mas eu mantinha minha postura firme, os olhos sempre atentos a cada detalhe. No entanto, por mais que tentasse focar nas perguntas e comentários ao meu redor, meus olhos constantemente voltavam para Irina. Ela estava radiante naquela noite, e eu sabia que faria de tudo para tê-la. Principalmente, sentir seus lábios nos meus.

Ivan, o chefe da Bratva, quebrou o silêncio com uma pergunta incisiva.

— O que um Savóia, conselheiro da Cosa Nostra, está fazendo em nossas terras e conversando com Sergei, meu braço direito?

Sorri, um sorriso sarcástico que sabia que irritaria Ivan.

— Negócios, claro. Às vezes, nossos caminhos se cruzam nos lugares mais inesperados – meu tom era deliberadamente casual, mas meus olhos não desgrudavam de Irina. Seu olhar era uma mistura de curiosidade e algo mais que eu não conseguia decifrar.

Ivan não parecia satisfeito com minha resposta, mas antes que pudesse pressionar mais, Mellany, a irmã de Ivan, decidiu intervir.

— E quais são exatamente esses negócios, Donato? – perguntou ela, com um tom malicioso. Credo. – Algo que deveríamos saber?

Antes que eu pudesse responder, o marido de Mellany, sentado ao lado dela, interveio.

— Mellany, isso não é da sua conta – disse ele, com firmeza – Cuide de jantar em silêncio.

Mellany fez uma careta, mas recuou. Eu aproveitei a pausa para olhar diretamente para Ivan e Gizdomo, seu pai.

— Eu vim aqui para negociar – disse, mantendo meu tom casual, mas com um brilho nos olhos que sabia que Ivan perceberia – E pelo que entendo, sou bem-vindo à sua mesa esta noite porque salvei sua filha. Muito bonita, por sinal.

A expressão de Ivan se suavizou um pouco, mas ainda havia desconfiança em seus olhos.

— Sim, você fez – ele admitiu – E por isso, estamos em dívida com você. Mas ainda assim, quero saber o que você realmente quer aqui.

O jantar prosseguiu com uma tensão palpável no ar. Respondia às perguntas de Ivan com o mesmo sarcasmo controlado, mas meus pensamentos estavam sempre voltados para Irina. Eu precisava de uma razão para voltar aqui, para estar perto dela. Essa mulher é uma deliciosa incógnita!

Após o jantar, Ivan e seu pai, Gizdomo, me convidaram para ir ao escritório. Caminhei com eles, sentindo que o verdadeiro interrogatório estava prestes a começar. O escritório de Ivan era exatamente como eu imaginava: imponente e cheio de lembranças do poder da Bratva.

Ivan foi direto ao ponto.

— O que você conversava com Sergei?"

— Poxa. – murmuro – Nem um uísque antes?

— Vá direto ao ponto, Italiano. – disse Gizdomo.

Encarei-o, mantendo meu tom insolente.

— Quero um informante que vocês mantêm preso.

— Por que esse informante é tão importante para você? – Ivan perguntou, a desconfiança evidente em sua voz. – sorri novamente, aquele sorriso que sabia que o irritava.

— Digamos que ele tem informações que poderiam ser muito úteis para os meus negócios. Mas isso não é da sua conta, Ivan.

Ivan estreitou os olhos, claramente irritado com minha resposta abusada.

— Você sabe que estamos em dívida com você, Donato – disse ele lentamente – Então, vou permitir que você leve o informante. Mas que fique claro, nossa dívida termina aqui. E o quero longe das minhas terras

Algo que não irá acontecer.

— Concordo. Nossa dívida termina aqui. – assenti, temporariamente satisfeito com o resultado do jantar.

Ao sair do escritório, meus pensamentos estavam focados em Irina. Eu precisava vê-la antes de ir. Encontrei-a no corredor, os olhos dela se arregalando ligeiramente ao me ver. O sorriso simpático estava ali, junto das covinhas que me fizeram encartar-me por ela.

— Voltarei, Irina – disse, minha voz baixa e carregada de intenção – Voltarei para conquistá-la e ser somente minha, princesa.

Seus olhos se encontraram com os meus, uma mistura de surpresa e expectativa. Eu sabia que essas palavras plantariam a semente do que viria a seguir. Quando seus lábios avermelhados se entreabriram para minha responder, seu pai surgiu no corredor nos encarando de forma arrogante.

— Pensei que já estivesse longe daqui, Savóia.

— Eu tenho educação em me despedir de uma dama, Ferrari. – me virei, ainda relembrando do olhar intenso de Irina.

Enquanto saía da mansão dos Ferrari, senti que algo significativo havia mudado naquela noite. Eu tinha conseguido o que precisava, mas, mais importante, tinha estabelecido um vínculo, mesmo que tênue, com Irina. E eu faria de tudo para fortalecê-lo. Ela seria minha, ela será! Nem que pra isso, eu tenha que por a Russia de cabeça pra baixo.

O Insolente - Nova Era 4 - ContoOnde histórias criam vida. Descubra agora