Capítulo 7

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DONATO SAVÓIA

O sangue espirrava de um lado para o outro na sala de interrogatório. O homem já estava claramente morto, sem batimentos, sem expressão, apenas sangue e dentes quebrados. Armando não o parou de socar, cada vez que o acertava, meu irmão se enchia ainda mais daquele liquido vermelho e viscoso. O cheio ferroso adentrava em minhas narinas e trazia uma sensação familiar, algo sombrio e delicioso.

O infiltrado, que se chama Duru, estava em nossas terras meses atrás. Colocou todos nós risco, informou a Catarina a necessidade que Armando tinha de se casar e como ele estava sendo pressionado para que isso acontecesse de forma rápida.

E se vocês se questionarem do como ele descobriu isso, é simples: O desgraçado é técnico de T.I, além de ter acesso ao número privado da sala de Sebas, ele conseguiu criptografar conversas entre nós e descobrir não só isso, como também que estávamos perto de achar Naoly anos atras em Palermo. Então é compreensível o ódio evidente nos olhos de Armando.

Quando sai do interrogatório com o informante, senti um alivio. O homem era um poço de informações, mas arrancar os dados necessários dele foi um processo cansativo, até mesmo pra mim. O calor do local e a tensão constante me deixaram exausto. Dirigi-me direto para minha cobertura, precisando urgentemente de um banho para limpar o suor e a fadiga do corpo.

Ao entrar no banheiro, tirei minhas roupas sujas e liguei o chuveiro. A água quente escorria pelos meus ombros tensos, lavando as preocupações e a sujeira do dia. Fechei os olhos, permitindo-me um momento de paz. Os pensamentos sobre Irina Ferrari surgiram como uma tempestade inevitável. Seu sorriso delicado, a força disfarçada por uma aparência amorosa.... Ela era como uma joia rara, difícil de encontrar e ainda mais difícil de esquecer.

Depois do banho, vesti uma camisa casual e jeans, preparando-me para visitar minha mãe, Analese. O condomínio onde ela e o restante dos Savóia moram é um refúgio para mim, um lugar onde eu podia ser apenas Donato, sem a pressão dos negócios ou das missões.

Mama! — chamei, entrando na sala de estar ampla e elegantemente decorada.

Mamãe evantou-se com um sorriso caloroso.

— Donato, meu querido! — ela me envolveu em um abraço apertado. — Está com um brilho diferente no olhar hoje. O que está acontecendo? – suspirei, sabendo que não podia esconder nada dela.

— Mamãe, conheci alguém. O nome dela é Irina Ferrari. Ela é... diferente de qualquer pessoa que já conheci. – os olhos de mamãe se iluminaram.

— Uau, uma Ferrari! Me conte mais sobre ela, Don.

Relutante no início, acabei desabafando.

— Ela é forte, corajosa e... há algo nela que simplesmente me atrai. É como se ela fosse uma joia, rara e preciosa.

— Parece que você está realmente encantado por ela. — ela acariciou meu rosto com carinho. — Eu nunca te vi falar assim sobre ninguém.

Antes que pudesse responder, meu telefone tocou. Olhei para a tela e vi o nome de Victoria, a prima de Cristian, meu cunhado. Suspirei, já prevendo o que estava por vir.

Oh garota chata da porra.

— Preciso atender isso, mamãe. Só um momento.

Afastei-me um pouco e atendi a chamada. — Victoria, estou ocupado. O que você quer?

— Donato, querido, sinto sua falta. Podemos nos encontrar hoje? Eu comprei uma lingerie nova e estou louca para voces arranca-la de mim... — A voz dela era sedutora, mas não despertava nada em mim além de irritação.

— Já disse várias vezes, Victoria. Não estou interessado em continuar o que quer que tenhamos tido. Isso acabou. Não entende? Porra!

Ela insistiu, a voz ficando desesperada.

— Mas eu preciso de você, Donato. Eu faço qualquer coisa para te ter de volta. Eu serei uma boa amante, eu faria de tudo para tê-lo pra mim! Qualquer coisa, me ouviu?

— Isso não vai acontecer, maluca. Tchau, Victoria. — Desliguei o telefone, sentindo um alívio imediato. Ela precisava entender que eu não queria mais nada com ela, foi bom tirar a virgindade dela, ter sempre sua boceta à minha disposição, mas o meu coração agora estava lançado e nenhuma mulher poderia mudar isso.

Voltei para perto de minha mãe, que me observava com uma expressão curiosa.

— Tudo bem, filho?

— Sim, só um contratempo. Mamãe, eu preciso voltar para a Rússia – ela me olha relutante e eu sorrio – Preciso de Irina ao meu lado, e não vou voltar para a Itália sem ela.

Os olhos da minha mãe se arregalaram, mas um sorriso de aprovação apareceu em seu rosto.

— Siga seu coração, meu filho. Se Irina é tão especial quanto você diz, então vá buscá-la. – sussurra – Mas tome cuidado, Russos podem ser traiçoeiros! Qualquer coisa, não exite em matar Ivan e volte para a Italia, porque o que houve, resolveremos juntos.

Abracei minha mãe com força, sentindo a determinação crescer dentro de mim.

— Obrigado, mamãe. Eu vou trazê-la de volta.

No caminho para minha cobertura, peguei o telefone e liguei para minha irmã, qua agora se parecia mais com um baleia barriguda. Precisava ouvir a voz dela.

— Oi, Bea. Só queria dizer que te amo muito.

Ela riu do outro lado da linha.

— Eu também te amo, Don. O que houve? Você parece diferente.

Antes que pudesse responder, ouvi a voz de Jane, nossa prima, ao fundo.

— Donato, você está bem? Parece que algo mudou em você.

— Estou bem, Janezinha. Só tenho algumas coisas para resolver. Cuidem-se, tá?

Desliguei o telefone com um sorriso. Sabia que Beatrice e Jane se preocupariam, mas também sabia que entenderiam. Meu coração estava decidido. Irina era a mulher que eu precisava ao meu lado, e faria de tudo para tê-la comigo.

Assim que cheguei à minha cobertura, comecei a planejar minha viagem de volta para a Rússia. O destino me aguardava, e eu estava pronto para enfrentar qualquer desafio para trazer Irina para a minha vida. E isso aconteceria, querendo Ivan ou não.

O Insolente - Nova Era 4 - ContoOnde histórias criam vida. Descubra agora