Capítulo 10

197 21 10
                                    

IRINA FERRARI

São onze e meia. A frase "Meia-noite, me encontre na floresta" martela na minha mente enquanto me agasalho. Donato havia sido claro, mas a incerteza e o medo ainda me dominavam.

Lembro da discussão mais cedo entre Donato e meu pai. As palavras de ódio e desprezo de meu pai, a recusa categórica ao pedido de casamento. As lágrimas escorrem pelo meu rosto enquanto penso em Donato. Eu... gosto dele... eu acho, e a dor de não poder estar com ele é insuportável.

Entre soluços e lembranças, tomo uma decisão. Eu preciso vê-lo, preciso saber o que ele tem a dizer. Pego o máximo de casacos possíveis para me proteger do frio da noite. Coloco meu celular no bolso, certificando-me de que está carregado.

O relógio marca onze e quarenta e cinco. Cada segundo que passa, meu coração bate mais rápido. Saio em silêncio, sem fazer barulho, tentando não acordar ninguém. A mansão é grande, e só consigo ouvir meus próprios passos enquanto desço as grandes escadas. Meu coração está tão acelerado que posso sentir meus batimentos em meu próprio ouvido. Senhor, o que estou fazendo?

Espero que eu não me arrependa.

Saí da mansão exatamente à meia-noite. Meu coração batia forte, e minhas mãos tremiam. Os guardas estavam fazendo a ronda do lado de fora, e eu sabia que precisaria ser extremamente cuidadosa.

Enquanto me movia furtivamente pelos corredores escuros, meu pai estava seguro em sua sala, provavelmente planejando o próximo movimento da Bratva. Penso no quão diferente é Donato, com seu jeito gentil e sua determinação. Quando me aproximo da porta dos fundos, vejo dois guardas conversando ao longe. Abaixo-me e espero que eles se afastem. Meu coração parece que vai sair do peito.

Finalmente, a oportunidade surge. Corro silenciosamente pelo jardim, mantendo-me nas sombras. Quando chego à cerca, paro para recuperar o fôlego. A floresta está à minha frente, sombria e misteriosa, mas é o único caminho para encontrar Donato.

Chego à entrada da floresta e começo a chamá-lo baixinho.

— Donato? Donato, você está aí? – não há resposta. O silêncio da noite aumenta minha ansiedade. A incerteza me corrói por dentro. E se isso for um erro? E se eu estiver apenas colocando mais lenha na fogueira do ódio entre nossas organizações?

Começo a pensar em voltar para a mansão. Talvez isso tudo seja loucura. Mas quando estou prestes a me virar, vejo uma figura emergir das sombras.

— Irina! – a voz de Donato é como um bálsamo para minha alma.

Corro em sua direção e pulo em seus braços. Ele me segura com força, e nossos lábios finalmente se encontram, pela primeira e talvez, ultima vez. O beijo é tudo o que eu esperava e muito mais. É como se todo o medo e a dor desaparecessem por um momento, deixando apenas o amor que sentimos um pelo outro. Suas mãos grandes e quentes trilham meu corpo, aumentando meu desejo de beija-lo ainda mais. Mas infelizmente, preciso de ar.

Quando finalmente nos separamos, ele segura meu rosto entre as mãos.

— Irina, venha comigo. Vamos fugir juntos para a Itália. Lá, poderemos viver em paz, longe de tudo isso.

Olho em seus olhos e vejo a sinceridade. Mas a relutância ainda está lá.

— Donato, eu tenho medo. Não quero que comece uma guerra entre nossos mundos. Não quero que haja mais sangue derramado por nossa causa. Eu sei que Andrei não era um Ferrari, mas os Italianos não são nossos fãs.

Ele sorri suavemente e acaricia meu rosto.

amore mio, às vezes, precisamos lutar pelo que queremos. Prometo que cuidarei de você e que encontraremos uma maneira de viver em paz. Mas precisamos dar o primeiro passo.

Respiro fundo e olho ao redor. A mansão está atrás de nós, um símbolo de tudo o que nos mantém separados. Olho novamente para Donato e vejo a esperança em seus olhos. Finalmente, tomo minha decisão. Isso é loucura! Mas só se vive uma vez, não é?

— Vamos, Donato. Fugiremos juntos. – engulo seco – Mas promete me proteger?

— Com a minha vida, princesa.

Ele sorri e pega minha mão, guiando-me pela floresta até a estrada atrás da mansão. Lá, um Porsche está esperando. Entramos no carro, e ele liga o motor. Enquanto aceleramos para longe, sinto uma mistura de medo e excitação. Estou fazendo uma grande e irresponsável atitude, e embora o futuro seja incerto, sei que não estou mais sozinha.

Enquanto a paisagem passa rapidamente ao nosso redor, seguro a mão de Donato e fecho os olhos, deixando a esperança preencherem meu coração.

Loucura, Irina! É isso que você faz, loucura.

O Insolente - Nova Era 4 - ContoOnde histórias criam vida. Descubra agora