Capitulo 4

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IRINA FERRARI

Eu ainda sentia o calor do abraço da minha mãe, Isadora, enquanto o murmúrio das conversas distantes preenchia a sala. O toque delicado dos seus dedos no meu cabelo trazia um conforto que eu não sabia que precisava até aquele momento. Meu corpo ainda tremia levemente ao lembrar dos eventos no shopping, mas sua presença ajudava a acalmar meus nervos.

Do outro lado da sala, meu pai, Ivan, mantinha uma postura rígida, mas seus olhos revelavam a preocupação que ele tentava esconder. Sergei, o segundo no comando da Bratva, acabava de relatar como o loiro me salvou, o homem que recentemente se tornara um enigma em minha vida, havia me salvado. A menção de seu nome fez meu coração acelerar novamente, desta vez com um misto de ansiedade e alívio.

— Então, é verdade que ele a salvou – ouvi meu pai dizer enquanto Sergei se retirava, deixando a sala em um silêncio tenso. Papai se aproximou de mim, seus passos ecoando no piso de mármore. Seus olhos se fixaram nos meus, um misto de preocupação e determinação brilhando em seu olhar. – Irina, como você está? Preciso que me conte novamente o que aconteceu.

Respirei fundo, tentando organizar meus pensamentos.

— Eu e Calista estávamos passeando pelo shopping – comecei, minha voz ainda trêmula – Estávamos apenas tomando algo quando, de repente, ela viu o pai dela de longe. Fomos até ele, mas... algo estava errado.

Meu pai assentiu, indicando que eu continuasse.

— Houve uma troca de tiros – continuei, meu olhar se perdendo enquanto revivia o caos – Alguém jogou uma bomba e... eu pensei que não íamos conseguir sair de lá. Foi então que o homem loiro..

— Donato Savóia – me corrige

— Donato. Ele me tirou do caminho do perigo e... se certificou de que eu estava bem antes de continuar a troca de tiros e após isso, ele e seus homens fizeram minha guarda pessoal até o reforço chegar.

Papai permaneceu em silêncio por um momento, seu rosto uma máscara de emoções conflitantes.

— Donato Savóia – ele murmurou, quase para si mesmo – Esses Italianos novamente em meu território, já estou me enjoando de ver aqueles loiros esverdeados.

— Ele salvou minha vida, papai – eu disse, minha voz firme pela primeira vez – Não sei o que teria acontecido se ele não estivesse lá.

Meu pai suspirou, passando a mão pelo cabelo, um gesto que sempre fazia quando estava pensando profundamente.

— Vamos chamá-lo para um jantar – disse ele finalmente, sua decisão firme – Quero agradecê-lo pessoalmente. E quero saber mais sobre este homem que salvou minha filha.

A ideia de ver Donato novamente trouxe um inesperado alívio.

— Obrigada, papai – murmurei, um pequeno sorriso curvando meus lábios – Isso significa muito para mim.

Naquela noite, enquanto esperávamos pela chegada de Donato, a mansão estava em um estado de expectativa silenciosa. Eu estava no meu quarto, tentando me acalmar. O pensamento de ver Donato novamente era ao mesmo tempo reconfortante e inquietante. Eu me perguntei o que ele pensaria de nós, da nossa família, e de como ele se sentiria ao entrar em nosso mundo.

Um suave bater na porta interrompeu meus pensamentos. Minha mãe entrou, seu sorriso sereno trazendo uma calma bem-vinda.

— Ele já está a caminho. Suas tias e seus avós também. – ela disse, sentando-se ao meu lado – Como você se sente, querida?

— Um pouco nervosa – admiti, olhando para ela – Mas também estou ansiosa. Quero agradecer a ele por tudo que fez.

Mamãe sorriu, seu olhar cheio de compreensão.

— Ele parece ser um bom homem – disse ela suavemente – E pelo que Sergei contou, ele não ganharia lhe salvando, principalmente por ser de outra organização. Ele tem um bom coraçãoz

Assenti, absorvendo suas palavras.

— Eu só espero que... que ele saiba o quanto somos gratos.

— E ele é bonito, minha filha? – pergunta sorridente.

— Mamãe.. que pergunta é essa? Eu nem reparei com todo aquele susto eu só...

— Eu te conheço, Irina. Mesmo com tudo que aconteceu, vejo o brilho nos seus olhos quando fala dele. Ele é bonito, não é? Lembro-me do primo dele quando esteve aqui.. Mathias! Ele era muito bonito e simpático.

— Sim, mamãe. Donato é a personificação da beleza. Seus olhos esverdeados.. ele é lindo!

— Sabia! – sorri.

Pouco depois, ouvi o som de carros chegando à entrada da mansão. Meu coração começou a bater mais rápido quando soube que Donato estava ali. Desci as escadas com minha mãe, e quando chegamos ao hall, meu pai já estava esperando, seu rosto impassível. Meus avós e minhas tias também estavam com seus respectivos maridos

A porta se abriu, revelando Donato. Ele estava impecável, sua postura firme e seus olhos brilhando com uma mistura de determinação e curiosidade. Quando nossos olhares se encontraram, senti uma onda de emoções que mal podia controlar. Meu coração acelerou e juro que estou quase babando.

— Savóia – meu pai começou, estendendo a mão.

— Ferrari – Donato aceita o comprimento.

— Obrigado por aceitar nosso convite. E, claro, por salvar minha filha.

Donato continua apertando a mão de meu pai, sua expressão séria.

— Foi um prazer, Ferrari. Fico feliz que Irina esteja bem.

— Por favor, entre – disse minha mãe, gesticulando para a sala de jantar – Mandei que preparassem um belo jantar em sua honra.

— Novidade – minha tia Mellany sussurrou para o seu marido, que manteve o olhar em Donato como se reprovasse sua presença.

Conforme caminhávamos para a sala de jantar, eu me aproximei de Donato.

— Obrigada por vir – murmurei, meu coração ainda acelerado – E por tudo que fez por mim e por Calista. – Donato sorriu levemente, seus olhos encontrando os meus.

— Faria tudo de novo, Irina. Não se preocupe. – se aproximou de mim com um sorriso maior – Por você, eu começaria uma guerra.

O que?

O Insolente - Nova Era 4 - ContoOnde histórias criam vida. Descubra agora