Capítulo 8

185 21 6
                                    

IRINA FERRARI

O vento frio de Cazã acariciava meu rosto enquanto cavalgava em Maximus, sentindo o peso das lembranças e emoções que me envolviam. A neve caía suavemente, cobrindo a paisagem ao redor com um manto branco e silencioso. Meus pensamentos estavam longe, retornando àquela noite há uma semana, quando Donato, com olhos intensos e uma voz grave, disse aquelas palavras que ecoaram em minha mente desde então: "Eu começaria uma guerra por você, Irina."

Um sorriso involuntário surgiu em meus lábios, aquecendo meu coração no meio daquele frio gélido. Estava tão absorta na lembrança que não percebi um galho à frente. Maximus se assustou e, em um movimento brusco, me jogou ao chão. A queda foi amortecida pela neve, e, apesar do impacto, não me machuquei.

Antes que pudesse me levantar, ouvi passos se aproximando entre as árvores. Meu instinto foi fugir, mas a voz familiar de Donato me fez parar. "

— Irina – ele chamou, e minha tensão diminuiu.

Olhei para ele, surpresa e confusa.

— Donato? O que você está fazendo aqui? Como entrou na mansão?

Ele se aproximou lentamente, um sorriso suave nos lábios.

— Foi Isadora, sua mãe, quem permitiu minha entrada. Pedi a ela que me deixasse falar com você. – levantei-me, ainda sem entender.

— Falar comigo sobre o quê? – Donato parou a poucos passos de mim, seus olhos fixos nos meus.

— Desde que te conheci, Irina, você tem sido um pensamento constante em minha mente. Você é encantadora de uma maneira que nunca imaginei possível. Eu preciso que você me permita te fazer se apaixonar por mim.

As palavras dele me pegaram de surpresa.

— O quê? Isso não faz sentido, Donato. Nós somos de mundos diferentes. Como isso funcionaria? E quem... quem disse que eu quero me apaixonar por você?

Ele deu mais um passo, sua voz baixa e carregada de emoção.

— Seus olhos dizem isso – abre um sorriso insolente – Não consigo mais imaginar meu mundo sem você, Irina. Eu me mudaria para a Rússia, se preciso fosse. Deixaria tudo para trás por você.

Meu coração bateu mais rápido.

— Você deixaria a Itália? E a Cosa Nostra? Abandonaria sua vida inteira por mim?

Donato balançou a cabeça.

— Não posso abandonar a Cosa Nostra. Ela é uma parte de mim. Mas por você, eu uniria todas as máfias. Juntaria a Cosa Nostra e a Bratva, e faria uma só, para garantir que você nunca corresse perigo.

— Isso é loucura, Donato – murmurei, tentando processar suas palavras – Unir as máfias? É impossível.

Ele tocou meu rosto, os dedos frios contra minha pele quente.

— Nada é impossível quando se trata de você, Irina. Me dê uma chance. Deixe-me mostrar o quanto você significa para mim.

Fechei os olhos, sentindo a intensidade do momento. As palavras dele eram sedutoras, quase irresistíveis. Mas meu coração ainda estava dividido.

— E se der errado? E se essa união trouxer mais problemas?

— Eu não permitirei que nada de mal te aconteça – ele disse, firme – Prometo, Irina. Arrancaria o braço de qualquer um, não exitaria em matar nem o presidente, se isso dependesse da sua segurança, amore mio.

Suspirei, ainda incerta.

— Isso é muita responsabilidade, Donato. Eu não posso simplesmente...

— Eu sei – ele interrompeu, a voz suave –Mas podemos tentar. Vamos dar um passo de cada vez. Por favor, Irina.

Olhei nos olhos dele, vendo a sinceridade e a determinação. Talvez ele estivesse certo. Talvez devêssemos tentar.

— Tudo bem – disse finalmente – Mas, Donato, isso não será fácil.

Ele sorriu, aliviado.

— Nada que vale a pena é fácil, Irina. Mas apenas em saber que poderei vê-la com frequência, isso já é motivo de festa.

— Mas... e o meu pai?

— Com ele eu me resolvo, princesa.

O Insolente - Nova Era 4 - ContoOnde histórias criam vida. Descubra agora