DONATO SAVÓIA
Acordo com batidas insistentes na porta da minha cobertura. Estou dormindo no sofá do meu escritório, um local que normalmente uso para trabalhar e pensar, mas agora é o refúgio perfeito para evitar o quarto de hóspedes. Irina dorme no meu quarto, o lugar mais seguro e confortável que posso oferecer. O quarto de hóspedes... bem, é um lugar de memórias que prefiro manter distantes dela.
Ainda sonolento, esfrego os olhos e ouço discussões no andar de baixo. Isso só pode significar uma coisa: meus irmãos. Desço as escadas e vejo Sebastian, Armando e Beatrice, que está com uma barriga grande de seis meses, todos com expressões de fúria e preocupação.
— Olhem, a princesa acordou. – disse Armando, com a cara fechada. Bea estava sentada em uma poltrona enquanto Sebastian se apoiava no braço do móvel.
— O que você tem na cabeça, Donato? – disparou Sebastian –Trazer Irina Ferrari para cá? Está louco?
— Bom dia para vocês também. Dormiram bem familia? – pergunto, passando a mão pelos meus cabelos.
— Não mude de assunto! – bufou Bea, se colocando de pé com a ajuda de Sebas – Donato, você sabe o que isso significa? Ela é a filha de Ivan, que odeia a nossa família! Isso pode causar uma guerra! Não... já vai causar.
— Esse cara é um idiota, só pode – Armando rolou os olhos, verificando seu celular quando o mesmo apitou – Nós estamos preocupados, irmão. Por que você fez isso?
Sinto a necessidade de aliviar a tensão com um pouco de humor, mesmo que a situação seja grave.
— Ah, Armando, sempre tão prático. Talvez eu só tenha sentido falta de uma boa briga. – abro um sorriso, fazendo meu irmão rir.
— Enquanto estávamos aqui, tentando amenizar a situação com o Australiano, você estava na porra da Russia arrumando mais problemas? – questionou Sebas, passando a mão diversas vezes no rosto. – Você comeu ela?
— Que?
— Deflorou... tirou o cabaço.. comeu ela? Porra, comprometeu a integridade da menina?
— O que...? Não! Eu tenho caráter! – grito.
— Graças à dio. – diz Bea.
— Calma, irmã. Agora você terá mais uma cunhada para conversar.
Beatrice não acha graça. Ela se aproxima, com a mão na barriga, como se estivesse protegendo seu futuro filho de minhas decisões questionáveis. Enquanto Sebas faz um sinal com a cabeça para Armando, que aponta seu celular na nossa direção, como se estivesse gravando.
— Isso não é brincadeira, Donato. O papai vai ficar furioso. E o que você vai fazer se os russos descobrirem? – ela segura meu pescoço com ambas as mãos, apertando com força – Eu vou te matar! Você é um completo imbecil.
— Bea? Me larga! – grito, enquanto Armando ainda grava e Sebas se aproxima com uma falsa ajuda.
— Calma, irmã. Você está grávida! – diz Sebas, com a mão no ombro de Bea e um sorriso no rosto. Quando ela finalmente me larga, posso respirar com facilidade.
— Eu não espero que vocês entendam. Eu gosto de Irina. E se isso significa enfrentar nosso pai e a Bratva, então que seja.
— Você está colocando todos nós em perigo por uma mulher? Na Italia tanta mulher, Donato, era só escolher. – questiona Sebas, me olhando como se tentasse me desvendar.
— Não é uma mulher qualquer, Sebastian. É Irina. E eu não a deixaria em perigo na Rússia. Aqui, posso protegê-la. E eu só quero ela.
— Proteger? Como exatamente você planeja proteger ela e a nós, com a máfia russa batendo à nossa porta? – perguntou Armando, me olhando como se sua frase fosse a coisa mais lógica do mundo. – Mesmo que os Russos sejam uns merdas, você meio que sequestrou a porra da única filha do líder Russo.
— Eu já pensei nisso. Temos nossos próprios aliados aqui. Além disso, não subestimem Irina. Ela não é uma donzela em perigo.
O silêncio que segue é tenso. Meus irmãos ainda estão céticos, mas percebo uma pequena brecha de compreensão nos olhos de Beatrice.
— Donato, eu sei que você a ama. Mas por favor, pense nas consequências. Você está pedindo muito de todos nós.
— Eu sei, Bea. E agradeço por estarem aqui, por se preocuparem. Mas essa é a minha decisão. Irina precisa de mim, e eu não vou deixá-la.
— Bem, já que estamos todos nessa bagunça juntos, vamos pelo menos tentar minimizar os danos. Vamos conversar com o papai antes que ele descubra de outra forma.
— Esse é o espírito, maninho! Somos irmãos, e vocês são os mais velho. Por tanto, é obrigação de vocês me proteger do papai – abro um sorriso, recebendo olhares céticos dos três – E prometo que vou fazer o possível para que isso funcione, sem guerra.
Beatrice me dá um abraço rápido, e Armando e Sebastian trocam olhares de resignação. Eles ainda estão irritados, mas somos uma família. Enfrentaremos isso juntos. Enquanto os vejo sair, sinto um peso se levantar um pouco dos meus ombros. Talvez, só talvez, isso possa dar certo. E enquanto subo de volta as escadas, sei que a verdadeira batalha está apenas começando, que é o meu pai.
Enquanto subo as escadas, minha mente ainda está em turbilhão por causa da conversa com meus irmãos. No entanto, meu coração se acalma ao pensar em Irina. Preciso garantir que ela esteja bem, que saiba que estamos juntos nisso.
Ao me aproximar do quarto, a porta do banheiro se abre e vejo Irina sair, enrolada apenas em uma toalha. Seu cabelo molhado cai sobre os ombros, e seus olhos encontram os meus. Por um momento, tudo parece parar.
— Eu ouvi tudo. Estou feliz que eles te apoiem.
Seu sorriso é como um raio de sol atravessando a tempestade. Aproximo-me dela, o som suave do nosso encontro preenchendo o espaço entre nós.
— E você? Precisa de algo?
— Apenas de você. – toca meu rosto com delicadeza.
Puxo-a suavemente para mais perto e nossos lábios se encontram em um beijo cheio de promessas e desejo. O mundo exterior desaparece, deixando apenas nós dois, conectados por algo mais forte que medo ou ódio.
O beijo se aprofunda, e sinto sua mão no meu peito, como se quisesse garantir que estou realmente aqui, com ela. E eu estou. Completamente. Quando finalmente nos separamos, nossos olhares ainda estão entrelaçados, e sei que fiz a escolha certa ao trazê-la para cá.
— Estamos juntos nisso, Irina. Não importa o que aconteça.
— Eu sei. E eu acredito em nós.
Nosso momento é interrompido por um leve ruído vindo do andar de baixo, lembrando-nos da realidade que nos cerca. Mas por agora, aqui, neste quarto, temos um momento de paz, um refúgio onde podemos ser simplesmente Donato e Irina, duas almas que se encontraram contra todas as probabilidades.
— Só desejo passar mais tempo com você – sussurro, com nossas testas unidas.
— E eu quero você. – seu olhar demonstra desejo.
— Tem certeza?
— Por favor – pede.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Insolente - Nova Era 4 - Conto
Roman d'amourVol.4 Nova Era - Série da Máfia O que faria se em um dia comum, você fosse atacada e o príncipe que sonhou por anos, aparecesse para lhe salvar? Pois foi o que aconteceu com Irina Ferrari, após um atentado, ela se vê perdidamente apaixonada por Don...