Estorvo

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Mais uma vez as lágrimas a abraçaram
era uma velha amiga com saudades
a solidão lhe caia bem

os olhos fundos
a cabeça baixa
evitando atrapalhar qualquer um

jogada no meio dos holofotes
como mero entretenimento
não conseguia ser melhor que isso

nenhum remédio capaz de acalmar
o caos que corrói por dentro

transborda
destrói tudo que encontra
enchentes de frustração

boiam as poucas perspectivas
já não haviam muitas
tantas foram as perdas

resta a confusão
catástrofe por onde passa
cria traumas e desafetos
aonde quer chegar?

sempre fugindo
os machucados se tornaram amigos
estão sempre ali e não cicatrizam

remexendo na ferida
pra sentir dor
se sentir viva

lutando contra o impulso
de escolher o caminho mais fácil
acabar com o sofrimento

caindo e se levantando
como uma tola
tropeçando e mesmo assim
correndo

lutando
como se houvesse um prêmio no final

vivendo em um looping
na própria mente
a constante lembrança
do estorvo ambulante

11.06.22

Poeta de meia tigelaOnde histórias criam vida. Descubra agora