Palco

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a melodia me conduz
passos largos e firmes
condizentes com o clima

o céu cinza me diz que está na hora
o fim chega para todos
nem mesmo os sete palmos de terra me protegerão

os pesadelos são reais
ficar sozinha já se tornou um hábito
os monstros não mais assustam
mas as pessoas sim

as multidões não se calam
não respeitam o luto

e cada lágrima que derrubo
fazem questão de aplaudir

vivendo no eterno holofote
mesmo fora de cena

me empurram para o palco e fazem atuar
dando sorrisos largos
nunca poder demonstrar

a platéia grita em euforia
se não fosse essa máscara
quem assistiria?

o tumulto se cessa para ouvir o ato final
as expectativas são altas
então continuo a falar

uma enxurrada de informações
sem nunca poder errar

um piso em falso e volto a cair
o público não contente
começa a repetir

como em geni e o zepelim
logo sinto as pedradas

ninguém se importa se morri por dentro
pois o corpo continua de pé
resistindo

até que não sobre nada

14.12.23

Poeta de meia tigelaOnde histórias criam vida. Descubra agora