Outono

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Sempre tive o amor como algo abstrato
mas se me perguntarem
saberia descrever até mesmo de ponta cabeça

doloroso talvez
mas eu diria que é algo feliz
nebuloso e com arco-íris
tudo ao mesmo tempo

no instante em que clareia tudo
tem uma chuvinha
e o vento

o amor era sensação
intuito
emoção (às vezes até de mais)

quem ligava pra razão?
os dedos entrelaçados acalmavam tudo
não existia nenhum fim do mundo

o amor tinha cabelos bagunçados
sorria meio de lado
me fazia cafuné
e amava azul

a cada elogio ficava corado
com a risada abafada
se encolhia
em uma blusa amarrotada
e dizia que estava errada

a grama realçava seus olhos
junto com o céu
e os pássaros

tudo naquele meio verão
apesar de eu sempre odiar essa estação
por você eu a amava

mas o outono vinha devagarinho
as folhas foram amarelando
alaranjando
e pouco à pouco caindo
voavam livremente pelos céus

e então você também voou
com as folhas das cores de seus olhos
um clima meio bagunçado
como seus cabelos

e os leves tons azuis
como você sempre gostou
no fim se transformaram em roxo

várias estações passaram
tudo mudou
os anos correram por nossos dedos
que já não mais se entrelaçavam

dizia aos ventos para te lembrarem
sou grata por ter te conhecido
e ao novo amor
bem vindo

19.08.19

Poeta de meia tigelaOnde histórias criam vida. Descubra agora