Eco

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Me sinto como uma casca vazia
que logo vira lixo
ou como uma mosca
na grande pata de um elefante
torcendo para ser pisoteada

assim como ela
grito
não sei se de desespero
ou alívio pelo iminente fim

mas minha voz ecoa
só eu posso ouvir
o vazio nunca foi tão ruim

as mãos cansadas
de tanto tentar escalar
e cair
de novo e de novo

os pés errantes
não suportam mais o peso
que o mundo colocou

tropeço
choro
grito
e repito como em um looping infernal

me assistem como a um drama de tv
a personagem secundária da própria história
repetindo bordões
tudo pelo entretenimento

como se sonâmbula
ando por aí sem equilíbrio
criando hematomas
torcendo para acordar do pesadelo

mas ninguém vem
só resta o eco
de cada lágrima que derrubei
tentando me salvar

26.10.2022

Poeta de meia tigelaOnde histórias criam vida. Descubra agora