Poeta de meia tigela

A estranha sobrevive

Peculiar à primeira vista
isolada com muros que construiu com seus próprios medos
medos que lhe fizeram encolher
sumir
inundar teu pequeno recipiente de lágrimas
seu coração é grande demais
com receios maiores ainda

fadada ao uso de mesóclise
e de poesias de meia tigela
com seu amor superficial
e sentimentos vazios
enganando tua mente mas não pode enganar o coração
este sim bate incessante
inconstante
irritantemente
a cada vez que ouve o som que uma vez o fez palpitar de alegria

esconda tua dor
ninguém deve ver tua fraqueza!
és vulnerável e tola
estranha
queres afeto
mas dele foges
construa mais muros com tuas paranóias infantis
fortifique para que ninguém os derrube
afogue-se nas tuas lágrimas e mágoas até não mais respirar

mas quando cansar de teus jogos
respire fundo
tome um café
leia seu livro preferido
jogue algo que lhe distraia
levante tua cabeça mesmo que as lágrimas ainda estejam escorrendo
e lhes mostre
a estranha sobrevive.

26.06.18