Fim

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Sua voz só precisava ser ouvida
mas cada grito era um eco
vazio
nem mesmo as geleiras estremeciam

a penumbra recaiu
como um cobertor no inverno
lhe cobriu
inibiu do mundo

tudo era escuro
o silêncio não era mais amigo
se tornou só mais um bicho papão

o monstro do armário hibernou
enquanto o vazio o levou
escondeu na mais profunda caverna
sem luz
e dessa vez sem lanterna

a paz não viria
nem mesmo quando o último padre
e o último rei
fossem mortos

o inverno lhe consumia
levava cada uma de suas partes
causava terremotos

o chão estremecia
ela apenas aguardava sua ruptura
para cair no esquecimento
no tormento

nenhuma barca lhe esperaria
para o julgamento
e ninguém contaria sua história

sumiria com suas memórias
sem nem ao menos deixar seu nome

indigente
como sempre foi
a ruptura a engoliu
não havia mais volta.

- 07/07/2019

Poeta de meia tigelaOnde histórias criam vida. Descubra agora