LEMBRANÇAS

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Matheus Molina


A claridade do sol faz com que eu acorde, e no mesmo segundo, deseje do fundo do coração nunca ter feito isso.

Uma fisgada de dor na cabeça me lembra que na noite anterior bebi o que obviamente não poderia ter bebido. Entretanto, foi o forte latejar no olho esquerdo que trouxe confusão.

Em busca de lembranças perdidas, me inclino um pouco sob mim mesmo, sentando-me na cama.

Com o movimento, porém, percebo que não estou sozinho.

Ao me virar para o lado direito, vejo um corpo deitado junto á mim.
Suas pernas torneadas, estavam enroladas no edredom. O cabelo loiro, e aparentemente muito sedoso, cobria todo seu rosto. Não poderia dizer exatamente qual o comprimento, mas era grande o suficiente para espalhar-se também sob o travesseiro. Um dos braços estava estendido no colchão, e o outro apoiado no quadril, deixando assim, suas curvas bem á mostra. Ela vestia apenas uma das minhas blusas. Seu perfume tinha um cheiro delicioso, e em vez de me fazer querer vomitar, por causa do enjoo que sentia, me fazia relaxar.

Não sei por quando tempo fiquei parado com os olhos semicerrados, concentrando-me em pensamentos avulsos. Mas, quando cai em mim finalmente, a mulher que estava ao meu lado se mexeu, o que acabou desnudando uma parte do pescoço.
Havia uma estrela tatuada ali.

Imediatamente o sangue fugiu do meu corpo. Comecei a suar frio e uma onda de arrepios percorreu todo meu ser.
Pulei da cama como se ela tivesse pegando fogo.

Todavia, a forma brusca com a qual me movi á assustou.
Lentamente, esticou os braços sobre a cabeça, virou o rosto para seu lado oposto, e esboçou um sorriso enorme. Então, seus olhos verdes me fitaram.

- Bom dia - disse, em tom suave.

Meus olhos ficaram presos nela.
Foi muito difícil raciocinar.

- O quê você está fazendo aqui ? Ou melhor, ai ? - Perguntei todo atrapalhado.
- Eu estava dormindo, até ser acordada. - respondeu de maneira calma e sorridente.

Nunca antes havia visto uma pessoa ser tão perturbadoramente deslumbrante ao acordar.

Precisei respirar fundo, até encontrar as palavras novamente.

- Estou falando sério. Como isso, ou melhor ... - parei, antes de continuar - Como aconteceu e porque ?

Nada fazia sentido aquela altura.
Todavia, só eu parecia preocupado.

Ela ao contrário, nem um pouco abalada, apoiou o cotovelo no colchão e encostou a cabeça ali.

Céus! como era bonita. Pensei.

- Você ainda está bêbado Matheus ? - Assim que a pergunta deixou seus lábios rosados, sua sobrancelha arqueou.

Não! eu não estava bêbado, e sim a ponto de explodir , o que era diferente. E ela pareceu notar, pois se levantou, dando-me uma visão geral daquele caos.

E QUE DEUS ME AJUDASSE!

Se fadas existiam, com certeza se pareciam com ela.
Não havia uma imperfeição. Seus traços delicados exalavam feminilidade.

Apesar que, vestida com aquela blusa surrada branca, quase que transparente, estava mais pra uma Deusa. Sua pele brilhava, e suas duas esmeraldas, que no momento estavam fixas em mim, eram de tirar o fôlego. Seus seios, tinham um formato entorpecente, sua cintura fina, era muito convidativa, e as pernas ....

INFERNO .... TUDO NELA ERA DEMAIS!

Mas, porque estava pensando nessas coisas ? - Me amaldiçoei imediatamente. - Ela era só uma menina, certo ? Eu não poderia estar analisando seu corpo dessa forma.
Algo de muito errado estava acontecendo comigo.
Chacoalhei a cabeça para afastar os pensamentos. Porém, enquanto vagueava por meus devaneios, ela veio ao meu encontro.
Agora estava tão perto, que sua energia vibrava em mim.


- Você não se lembra de nada, né? - Perguntou de repente.
Sua respiração fez contato direto contra minha pele, arrepiando-a.
Meu coração acelerou instantaneamente.

- Pode me ajudar a lembrar ? - Pedi com a voz tremula.

Ela se afastou o suficiente para me encarar.
Enquanto mexia no cabelo, sorriu e começou a fazer o que pedi.

- Ontem a noite você foi lá em casa. Estava totalmente alcoolizado.

Um flash passou entre meus olhos.

- Ok! Eu lembro de ter trabalhado até tarde e depois, ter ido até o bar.
Nunca me esqueceria do motivo.
O acidente.

O irmão do meu tioOnde histórias criam vida. Descubra agora