RAZÃO OU EMOÇÃO

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Matheus Molina



Nossa vida é cheia de pequenas e grandes decisões. Algumas delas nos colocam em verdadeiros dilemas. Há escolhas que são tão impactantes, que mudam toda a nossa rotina, e se revelam importantes demais para o nosso futuro. E os riscos envolvidos nos enchem de ansiedade e preocupações.

É justamente nessas situações que o coração e a razão se chocam.

Se eu estivesse com uma bomba pronta para explodir na mão e tivesse 2 opções de fios para cortar e tentar desarmá-la. Eu usaria meus impulsos para escolher, ou pediria ajuda de um especialista antibombas para me ajudar a decidir?

Tenho convicção de que nossos instintos são importantes. Mas eles são parte da equação. Precisamos tomar muito cuidado porque nosso coração é enganoso. Escolhas importantes merecem uma boa dose de reflexão e sabedoria. Se você quer tomar boas decisões, precisa prestar atenção à forma como decide. Costumo dizer:
"o coração da decisão é mais importante do que a decisão do coração".

Por isso, resolvi pedir conselhos.
Conversei por horas com a minha mãe. Sem citar nomes, é claro.
Ela me escutou com atenção. Depois, segurou firmemente meu rosto com as duas mãos, e olhou diretamente nos meus olhos.

- Embora muitos indivíduos se sintam plenamente felizes com a ideia de um único amor, amar mais de uma pessoa ao mesmo tempo é possível. - Sorriu carinhosamente, ao acariciar minhas bochechas. - Mas amar elas, do mesmo jeito, não. É isso que você tem que entender. Existe o amor terno, que dá vida, conforto, que enche você de segurança e confiança. E tem outro, que te faz arriscar, que te faz vibrar, que é intenso, e te confere poder para fazer qualquer coisa. Em outras palavras, há o amor que você precisa, e o que você quer.

Suas palavras, sabiamente bem colocadas, acabaram preenchendo as lacunas em branco que haviam na minha vida.

Antes, eu me sentia roubado, raivoso, culpado, incapaz e inseguro.
A prisão do meu pai, fez meu mundo virar de cabeça para baixo. Saber que ele não era o herói que eu achava, fez minhas esperanças desaparecerem. A morte do Lucas, me fez perder a fé, e as escolhas da minha mãe me fizeram duvidar de mim mesmo. A Lia era o único elo bom, que eu tinha com aquele passado, e mesmo assim, ela também não era minha.

Então, Fernanda chegou, e me fez entender como as coisas eram.
Ninguém havia me tirado nada. Eu só acabei perdendo o que de fato, não era pra ser meu.

Demorei anos para compreender, mas agora que consegui, faria jus á isso.




Fernanda Sanchez


Amar deveria ser fácil, mas não é bem assim.
O amor exige sinceridade, liberdade, respeito, individualidade, certezas e não dúvidas. Não existem meias palavras, nem meias desculpas... apenas o amo por inteiro.

Algumas pessoas, por desgraça, não conseguem se conectar profundamente com seu coração. Por isso, muitas vezes, a razão ás confunde, as deixam cegas, e as impulsionam a fazer o que não deveriam, em vez do que gostariam.

Mas, em um mundo que faz tanto barulho, que machuca, que maltrata e que aponta nossas erros bem na nossa cara, quem tem o privilégio de ouvir o seu coração, e segui-lo, deveria mesmo se esforçar para fazer o que ele diz.

Durmo e acordo, todos os dias com a certeza, que estou lutando pelo, e com, o meu coração.
Busco ser sempre minha melhor versão. E quero que todos, o façam.

Entretanto, me apaixonar por Matheus Molina superou o limite de confiança que eu tinha em mim mesma.

Em todas as vezes, que estive com ele, conversando, brigando, transando, senti que havia amor.
Meu corpo tremia na expectativa de algo forte, intenso, que ultrapassava essa vida.
Eu sabia, que por mais confuso que estivesse, e por mais perdido que se encontrasse, quando por fim olhasse para frente, veria e sentiria o mesmo que eu: Nascemos um para o outro.


Idade, sobrenome, gostos, poses, vontades, nada disso importaria no final.
Estava certa disso!

Dessa forma, pensei em dar mais um passo, até o meu "Viveram felizes para sempre".
Resolvi fazer um movimento á mais, mostrar a ele, que eu era sua única opção.

Mas, antes mesmo de concretizar a ideia, meu celular vibrou dentro da minha bolsa, fazendo todos os meus pensamentos cronologicamente alinhados, voarem pelos ares.




Matheus Molina




Quando eu a vi entrar pela porta do pequeno, mais charmoso restaurante, que escolhi para nos encontrar e conversar, meu coração acelerou, minhas mãos começaram a suar, e minha visão ficou turva, tamanho meu nervosismo.

Ela estava linda, como sempre.
Enquanto o garçom a guiava, seu sorriso chegou até mim, sincero e cheio de apreciação.

Quando por fim sentou-se á minha frente, parei de mexer com o guardanapo e a encarei, diretamente nos olhos.

" E que olhos"

- Sei que ficou surpresa com o meu convite, apesar de tudo. - comecei falando - Mas, fico feliz que esteja aqui.
- Aqui estou. - Disse, abrindo os braços. - O quer me dizer?
Puxei todo ar que pude, e me concentrei.

- Na verdade, eu nunca, ou talvez agora, não seja tão bom com palavras. - confessei, sem tirar meus olhos do dela - Mas, eu preciso dizer que te amo. - Expirei profundamente - É isso, eu te amo. Só que, acredito que não seja da forma que está pensando, ou da que eu estava. - Ela arqueou as sobrancelhas, surpresa.

- Como assim?
Suspirei, e me inclinei sobre a mesa.

-
- Eu só preciso de um beijo. - Sussurrei - Ai, você mesma vai entender, como. - Em um único movimento, á puxei para mim e a beijei.



Fernanda Sanchez


Quando cruzei a porta daquele restaurante, não sabia o que encontraria. Mesmo assim, algo me dizia que deveria esperar por um grande acontecimento.

Varri o lugar com os olhos, e encontrei uma mesa que me chamou a atenção.
Segui rumo á ela.

A cada passo, meu coração parecia querer explodir, meu sangue fervia, a ponto de sentir que me queimar por dentro. Todavia, quando a figura de Matheus ficou clara para mim, um sorriso largo surgiu nos meus lábios, assim como um sincero sentimento de alegria.
Dei um passo a mais. Então, ele se inclinou e a beijou.


Passei as mãos pelo rosto, e forcei mais a vista.
Entretanto, eu não estava alucinando, ou sonhando.
Matheus estava beijando minha mãe, diante dos meus olhos.


Senti vontade de vomitar, minha cabeça começou a girar, e aos poucos minha visão começou a escurecer.

Corri para fora do lugar sem que ninguém me visse.
Entrei no carro, e sai desnorteada, com lagrimas escorrendo pelo meu rosto.
Definitivamente eu não me encontrava pronta para ver aquilo.
Doía demais.

Eu sabia que ele amava minha mãe. Entretanto, acreditava que era pelo fato dela representar algo bom pra ele. Só que, ao que parece, ia muito além disso. E a tonta aqui, achando que havia chegado ao coração dele. - Ri de nervoso.


Fechei os olhos por um segundo, para tentar organizar meus pensamentos, mas quando os abri, uma luz forte, eliminou tudo o que sentia de uma vez.






O irmão do meu tioOnde histórias criam vida. Descubra agora