VIDA E MORTE

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Matheus Molina

É claro que eu levaria um tapa depois de beijar a Lia. Só que, no final valeu a pena, porque agora eu não tinha mais dúvidas. Fernanda Sanchez, aquela menina atrevida, irritante, linda, e sagaz, se tornara a dona do meu coração. Eu estava completamente apaixonado por ela. E o mais engraçado é que eu já sabia disso, só não queria acreditar. Entretanto, ao não sentir absolutamente nada, ao beijar a mulher que jurava amar, tudo ficou ainda mais claro.

Obviamente, que depois do ocorrido, eu pedi perdão, expliquei como as coisas se deram, e confessei que sua filha e eu, havíamos nos envolvido. Num primeiro momento, ela ficou chocada, depois estática, e por fim se disse muito feliz por nós.  A noite acabou, com uma longa conversa sobre os desafios do amor, da idade, e de como seria minha declaração.

Fui para casa, me sentindo leve e feliz.
Não conseguia tirar da mente a imagem da Fernanda me ouvindo dizer que também a amava.
Seria perfeito.

Pensei em mandar uma mensagem, ou até mesmo ligar, mas ao entrar no apartamento e colocar as mãos nos bolsos, percebi que havia esquecido o celular no restaurante.

Feliz, como a muito tempo não ficava, nem liguei para o aparelho. Tomei um banho, e logo dormi.

Acordei disposto, e capaz de passar o dia sorrindo, só esperando pela noite, onde por fim  a encontraria, e faria minha declaração.

(...)

Ao colocar o pé no hospital, senti um clima tenso.
Havia uma movimentação que não me agradava.
Segui pelos corredores, angustiado.

Ao encontrar uma enfermeira, a interceptei.

- O que está acontecendo?
Ela me lançou um olhar de soslaio, e se desvencilhou rapidamente.

- Chegou um acidente mais cedo, e desde então, estamos tentando estabilizar a moça e .... sua voz morreu, assim que lhe entregaram a medicação que esperava.  - Desculpe-me doutor, mas tenho que ir.

Um arrepio intenso transpassou o meu corpo.

Acidentes sempre deixavam o hospital tumultuado. Todavia, havia algo naquele que estava me deixando inquieto.

Avancei para o meu consultório.
Porém, ao passar pela sala de espera, avistei pessoas familiares.
O sangue deixou meu rosto imediatamente.

Jhon, foi o primeiro que me notou, seguido de Lia, e depois Eduardo.

- Ainda bem que você chegou, cara - Disse meu irmão aliviado, ao me abraçar.
Minhas  pernas começaram a tremer.

Olhei para Lia, que parecia tão arrasada quanto Eduardo.

- O que aconteceu ? - Perguntei, com a voz embargada, afastando-o de mim. - Porque estão aqui?
Jhon apertou meus ombros, de maneira forte.

- A Fernanda ... - Fez uma pausa, olhando ao redor. - Ela sofreu um acidente de carro. Pelo que sabemos até agora, a situação é grave.
Lia desabou apenas com a menção da filha. Ela chorava sem parar, enquanto os braços fortes do marido a amparavam.

- Tentamos entrar em contato com você, para ver se poderia nos ajudar.  - Me explicou, Eduardo- Só que, só dava caixa postal.

O irmão do meu tioOnde histórias criam vida. Descubra agora