SENTIMENTOS Á FLOR DA PELE

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Fernanda Sanchez

O segundo dia de acampamento amanheceu com um sol brilhante e um céu totalmente azul.

Depois de me levantar silenciosamente, ás seis e meia da manhã, voltei para minha cabana, deixando que Matheus dormisse por mais tempo. Tomei um banho e coloquei uma roupa apropriada para praticar esportes. Enfiei um short de lycra e uma camiseta branca comprida - que chegava na metade das minhas coxas -, amarrei meus cabelos em um rabo de cabelo alto, calcei meus tênis, e sai,  pronta para me exercitar.

Após o café da manhã, os monitores dividiram as turmas.
Em um primeiro momento, todos jogaríamos queimada. Depois,  pique bandeira e bets.
Mais tarde, foi a vez do futebol para os meninos, e vôlei para as meninas.
Já os  pequenos, nesse momento, resolveram brincar de terra perto do lago.

Ver a alegria refletida nas ações, nas palavras e nos olhares daquelas crianças, me dava uma satisfação imensurável.  Me sentia completa, feliz e revigorada.

Eu amava cada uma delas.

Estive em todas as modalidades daquela manhã, brincando e me divertindo com as diferentes idades que haviam ali.

Foi só na hora do almoço, que avistei Matheus. Ele usava um short de academia, uma regata preta, e um tênis, da mesma cor. O que realçava ainda mais seus olhos azuis. Seus cabelos estavam bagunçados, e a cara totalmente amaçada.

- Bom dia bela adormecida.  - debochei, falando como se um bebê estivesse na minha frente.
Matheus fechou a cara, e fez uma careta.
- Porque não me acordou ?
- Porque você parecia estar cansado.
Ele se aproximou, semicerrou os olhos, e me encarou
-  E advinha de quem é a culpa?
Sorri, e coloquei as mãos na cintura.
- Sua ?
- Tenta de novo.
Suspirei pesadamente.
- Ok! deve ser minha, como sempre - joguei os braços para cima, rendida.
Ele sorriu, e me observou dos pés a cabeça.
- Porque está toda suada?
Olhei para mim mesma, verificando meu estado.
- isso mão é suor, é brilho. 

Sem aviso, suas mãos grandes e quentes acariciaram meu rosto.
- Você fica bem assim.

Fiquei tão desconcertada com o elogio inesperado, que não disse nada.
Percebendo o choque, Matheus se retirou, avisando-me que iria comer algo.

Devidamente alimentados, todos foram descansar.
Eu em contrapartida,  escolhi andar um pouco perto do  lago, longe da margem principal.
Ao encontrar um banco perto de uma grande árvore, sentei. Recolhi algumas pedrinhas que estavam no chão, e comecei a jogá-las na água.

A imensidão á minha vista, me fez agradecer, e relaxar.
Respirei fundo, aproveitando o ar limpo e puro, para tirar qualquer negatividade que pudesse estar dentro de mim.

Fechei os olhos e me concentrei nos barulhos que a natureza produzia, esvaziando a mente.
Quando por fim abri os olhos, em busca de paz,  me deparei com alguém ao meu lado.

- Puta merda! - xinguei assustada. - O que está fazendo aqui?
Olhos muito azuis, me observavam.
- estava te olhando - sorriu maliciosamente -  Você fica linda quieta, sabia?
Dei um tapa estralado no seu ombro.
- Tá querendo dizer que sou tagarela ?
- Longe de mim! - defendeu-se erguendo as mãos.
Semicerrei os olhos e o encarei.
- Quer tentar ? - ofereci as pedrinhas para que também as jogasse no lago.
Ele estendeu as mãos e as pegou.

O irmão do meu tioOnde histórias criam vida. Descubra agora