VIZUALIZANDO

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Fernanda Sanchez

Todos nós podemos idealizar um futuro. Afinal, a nossa realidade é o que percebemos através dos  nossos sentidos.

Não importa se algo é real ou não, se acreditamos naquilo que vemos,  consequentemente para nós, é legítimo.   Tudo o que nos acontece, o que somos, o que temos, existe porque pensamos nisso antes.

Materializar algo inexistente e torná-lo palpável, esse é o poder da visualização.

Por isso, não basta ver a cena completa, cada detalhe em particular é importante.
É das minúcias que o desejo nasce. E é o desejo que  nos move a encontra maneiras de  concretizar nossos sonhos.

Com esse raciocínio bem em mente, tento calcular, ou ao menos, vislumbrar o que fazer, e o que não fazer, para alcançar meus objetivos.
O que parece estar dando certo.

Há dois dias atrás, pela primeira vez, consegui  tocar o coração de Matheus Molina, o que me fez, de fato, visualizar uma autentica chance de termos algo á mais.  Ele se abriu pra mim, e por algum motivo, baixou a guarda, permitindo uma aproximação.
Eu não poderia perder essa abertura.

Meditar sobre esse assunto,  se tornou um mantra. Mal pude prestar atenção nas aulas.
Estava aérea e inquieta.
Por isso, quando o sinal tocou, corri para o lado de fora da faculdade, em busca de ar fresco.
Tentei me concentrar, fechar os olhos e respirar fundo, anuviando tudo que me consumia. Mas uma voz forte, e conhecida me fez sobressaltar.

- Fernanda! -  Ao abrir os olhos, vi Tayler me encarando com uma expressão divertida.  -  Está tudo bem ? Parece avoada.
- Dá pra notar, é ?  - perguntei genuinamente preocupada.
- Muito! Parece que você foi parar em um universo paralelo. - comentou rindo, enquanto  se aproximava. -  Só que, por favor, saia dele por um minuto, e me diga que vai á festa do Gabriel hoje.

Instantaneamente uma careta surgiu no meu rosto.
- Não! Nem vem com essa cara. Você já não foi na festa da Karen. Cadê seu espírito de universitária festeira? 
Abri os braços, dramaticamente, e forcei uma voz grossa.
- Talvez eu tenha sido abduzida.
- Engraçadinha - me puxou para si, pela cintura . - Sinto sua falta.
Tentei um afastamento, mas sem sucesso.
- A Vitória não foi ? - mudei de assunto.
- Foi... sim!
- E .... 
- E nada, ela só foi - respondeu bruscamente. - Você vai hoje, né?  - de repente parecia incomodado.
Não queria ir em mais uma festa, igual a tantas outras, mas mesmo a contragosto, resolvi concordar.
- Se for pelo bem geral da nação, digam á todos que eu vou.
- Pelo bem geral da nação eu não sei, mas pelo meu bem , com certeza. - piscou, antes de me surpreender com um beijo.

Dando um passo para trás, impedi que prosseguisse.
Seus olhos estavam confusos.
Abri a boca para falar, mas algo atrás de mim lhe chamou mais atenção.

- Oi! você é o tio da Fernanda, não é? Aquele do bar ...

Permaneci parada por alguns segundos, antes de me virar e dar de cara com um Matheus sem expressão.


Matheus Molina





Espere pela decepção, assim você nunca será decepcionado.

Essa filosofia vem me acompanhando á anos.
Graças a ela, nunca me envolvi demais com nada, e por isso, quase nunca me machucava, ou pelo menos, não mais do que já estava.

O irmão do meu tioOnde histórias criam vida. Descubra agora