INEXPLICÁVEL

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Matheus Molina


Já havia beijado muitas mulheres, incluindo a que amava. Mas o beijo que Fernanda e eu trocamos no meu consultório foi diferente de todos. Só existiam suas mãos no meu rosto, seus lábios doces e delicados sob os meus, que por sinal roubaram meu fôlego por completo, e a sensação do seu corpo pequeno, mas firme, movendo-se contra meu membro, me excitou tanto que poderia ter explodido. Nunca tive minha boca devorada como se fosse a melhor das sobremesas, ao mesmo tempo, que sentia-me venerado. Eu teria que ter me afastado e fugido, mas meu cérebro não processou a informação. Em vez disso, retribui afoito, louco para ir além.

Quando senti sua pele se afastar da minha, um vazio me preencheu. Fechei os olhos com força para me controlar, mas quando o abri e a vi, linda com os lábios inchados, um desejo intenso passou por todo meu corpo.

Até tentei buscar uma desculpa plausível pelo ocorrido, afim de faze-la entender que aquilo era errado, mas fui sugado novamente por sua sagacidade.

Fiquei parado feito um bobo quando ela saiu, jurando que aquele beijo aconteceria de novo.
Meu lado racional sabia que teria que por um fim naquela loucura, sem nem mesmo ter certeza do que estava acontecendo. Mas meu lado carnal se contradizia muito.

Cheguei a sonhar com aquele momento.
Acordei desnorteado, e mesmo assim feliz.

Agora parado em frente a porta do escritório de Eduardo Sanchez, tais pensamentos pareciam um pecado imperdoável.

- Pode entrar! - disse a secretária.

Dei alguns passou e encontrei um homem mais velho que eu, determinado e com um semblante nada amigável.

- Sente-se! - disse em um tom de ordem.
- Não será necessário. - Retruquei no mesmo tom.
- Como quiser. Diga, o que quer ?
Engoli em seco, olhei para meus pés, e só depois voltei a encará-lo.
- Vim me desculpar pelo papelão do fim de semana. Sei que não tenho direito algum de interferir na vida de vocês. Eu estava completamente errado. E dou minha palavra que isso nunca mais vai acontecer.

Houve um silêncio constrangedor, que eu mesmo quebrei depois.

- Eduardo, eu amo a Lia e isso não é novidade pra ninguém. Assim como o fato, de eu me manter afastado o máximo que consigo, por respeito. Aquela noite foi uma infeliz exceção.

Ele me encarou.

- Tudo bem! Estamos entendidos. Pode se retirar por favor. - Pediu, apontando para a porta.

Girei pelos calcanhares, louco para gritar.
Sai porta á fora, com o orgulho ferido, mais consciente de que fizera o certo.
Nossas família, por desgraça ou não, se unirão muito depois de tudo. Um mal estar daquele tamanho não seria bom. O que mais uma vez me leva a Fernanda, e ao fato de ter que me afastar dela.

São tantos pensamento cruzados, que me perder neles é a coisa mais fácil do mundo. Creio que por isso, mal pude impedir a colisão que se seguiu.

- Me desculpa! - apressei-me em dizer.
- Não foi nada. - apaziguou, enquanto tentava se equilibrar.

Quando olhei para ver quem era, mesmo já sabendo de quem se tratava, meu coração vacilou. Me endireitei e soltei seu corpo, que até então sustentava.
- Oi Lia, como vai ?
- Bem, e você?
Fitei seus olhos, e por um segundo quis que a terra se abrisse e me engolisse.
- Estou bem envergonhado.
Ela sorriu para mim.
- Eu sinto muito por isso.
Dei um passo para trás.
- Eu também sinto muito. Prometo que não vai acontecer de novo. - olhei para o lado, incomodado comigo mesmo - Já pedi desculpas para o Eduardo, e peço para você também.
Suas mãos subiram até meu rosto, e com carinho o acariciou.
- Eu gosto muito de você, e desejo do fundo do coração que encontre alguém que possa te retribuir.
Tive que controlar as lagrimas traidoras que ardiam em meus olhos.
- Obrigado. - disse com a voz embargada.

Tudo pareceu escurecer. Meus batimentos acelerados taparam meus ouvidos, e meus sentidos se perderam, enquanto eu despencava em um buraco sem fim.
Não lembro de como cheguei em casa, só sei que quando dei por mim, já estava deitado no meu sofá, usando só uma calça moletom, fitando alienado um ponto nulo no teto.

Minha mente começava e terminava em um limbo conturbador, entre o que fui, e o que sou, bem como, o que queria, e o quero.


Meu dia havia começado com uma pontada de luxúria proibida, e acabara terminando com uma facada no coração. Pior que ser rejeitado, é ser digno de pena. E naquela tarde, eu só conseguia ver isso nos olhos de Lia. Tal constatação fez com que me sentisse o pior homem do mundo.

Levantei, em busca de algo que nem ao menos sabia. Mas então, a campainha tocou, fazendo-me parar no meio do caminho.
Desnorteado, sequer olhei pelo olho mágico para ver quem era. Abri a porta de uma vez.

Olhos verdes, vibrantes e hipnotizantes encontraram os meus, antes de caíram sob meu abdome desnudo.

Ela sorriu.

- Boa noite grandão, fiquei sabendo que teve uma tarde difícil. Resolvi fazer uma visita.

O que era aquilo ? Um tipo de maldição ?
Só poderia ser Deus me castigando por ter passado anos amando uma mulher que já era de outro - pensei.

- Como sabe que tive uma tarde difícil ? - perguntei, mesmo sendo empurrado para o lado.

Fernanda passou por mim segurando duas sacolas.
- As fofocas voam. - Limitou-se a dizer.

Seu vestido verde, tal como seus olhos, mexia-se de lá para cá, conforme o movimento do seu quadril, indo em direção a cozinha. Ao voltar, percebi que a peça era tomara que caia, e havia uma faixa á baixo dos seios da mesma cor, que os deixavam empinados.

- Trouxe comida, e um vinho. - Disse, mostrando-me uma garra e duas taças.
- Você é mesmo muito atrevida, né?
- Eu ? imagina! porque pensa isso ? - debochou, ao me entregar uma das taças e a garrava.
Passei a língua pelos lábios para umedece-lo, então a encarei.
- Desde que te conheci,  tenta me seduzir.
Ela não segurou a risada.
- Quem disse que estou tentando te seduzir, grandão?
Foi a minha fez de rir.
- Deu em cima de mim no meu apartamento aquele dia. Já no consultório deixou muito claro, e hoje ... - a encarei - Me parece o mesmo.
Sua cabeça chacoalhou.
- Mas, se fosse isso, você me mandaria embora, certo?
- Com certeza - disse, mentindo para mim mesmo.
- Ok! então não é nada disso. Quero apenas ser sua amiga, e considere aquele beijo, algo amigável. Que tal ?

- Amigos? - Levantei a sobrancelha - Tem certeza?
- Ah, sim! - aproximou-se e me encarou.
Senti uma eletricidade percorrer meu corpo, e com força, puxei a rolha do vinho para cima.
- Fechado!

Bebemos a garrafa toda enquanto conversávamos sobre tudo e ao mesmo tempo, sobre nada. Comemos ao som das nossas risadas, e naquele momento, tudo parecia certo.
Havia uma certa paz, algo nela que me deixava fora de órbita. 

Desejando muito tocá-la, coloquei com delicadeza, uma mecha do seu cabelo, atrás da orelha. O simples gesto fez minha mão queimar, e senti o corpo dela responder ao meu.

Ficamos em silêncio por um bom tempo

Então, nossos olhares se fundiram. 
Eu a queria, e ela parecia querer o mesmo.

- Você primeiro - digo.
Fernanda se levantou e pões as mãos na cintura.
- De jeito nenhum. Você primeiro, vai que depois me acusa de assédio.
Dou um sorriso, me ponho de pé, e tiro a calça, antes que termine de falar.
Eu á jogo no sofá.
Os olhos de Fernanda se voltam para meu membro, agora só coberto pela cueca boxer preta.
- Agora é a sua vez. - insisto.
Ela não se move. Ficamos parados por um tempinho.
Não estava preparado para isso, mesmo assim, tiro eu mesmo seu vestido. Por sorte, consigo retirá-lo e passá-lo de uma vez só, por sua cabeça.
Lanço-o  para o lado, sem nunca tirar os olhos dela.

Ao ver sua cintura fina e seus peitos, fico com a boca seca, e meu cérebro não consegue funcionar direito.
Sem mencionar o pau duro.

Minha resposta ao seu corpo, deve tê-la motivado.
Sua expressão muda, e um sorrisinho malicioso surge em seus lábios.
- Sua vez - Ela diz, toda meiga, pousando as mãos nas minhas pernas, de forma provocativa.
Meus movimentos não foram tão naturais.
Na pressa de tirar a cueca, cambaleio e caio por cima de Fernanda.
O som da sua risada, aumenta ainda mais o meu tesão.

Termino de retirar a cueca, e já deitado sobre ela acaricio seus cabelos.
Fernanda leva o polegar á boca. Então sussurra no meu ouvido:
- Me beija.
Mais uma vez nossos olhos se encontram, e então abaixo minha boca e rapidamente capturo a dela.
Ela segura meu rosto, e seus lábios separam os meus. Sua língua encontra a minha, a princípio com cautela. Solto um gemido de prazer.
Os braços de Fernanda enlaçam meu pescoço, aprofundando o beijo, e fazendo nossos corpos se encontrarem em um contato pele com pele.

Nesse momento perco a cabeço. Passo os braços por baixo do seu corpo, flexiono os joelhos e me levando com ela nos braços.

Eu á deito de costas na minha cama, e subo em cima dela.
Levanto seu queixo com o nariz enquanto beijo seu pescoço. Fernanda joga a cabeça para trás com um grunhido, espalhando seus cabelos pelo travesseiro.

Deslizo as mãos para suas costas, até chegar ao fecho do sutiã. Consigo abrir com facilidade. Depois, me afasto o suficiente para encará-la.
Seus olhos verdes estão marejados e acesos.

Com um sorriso malicioso, jogo o sutiã para longe.
Meu sorriso se alarga quando olho para baixo.
- Acho que sua visita, foi uma excelente ideia.
- Vou usar isso contra você depois. - A voz saiu rouca e áspera.
Seus peitos são firmes e do tamanho certo. Perfeitos! Bem sensíveis também, considerando os gemidinhos que ela solta, assim que encosto neles.

Minhas mãos exploram com cuidado aquela região, aprendendo seus contornos antes de acariciar seus mamilos rosados. Ela reage apertando minha bunda e me puxando para junto de si com um gemido suave.

Eu a beijo de novo, só uma vez, com força, e em seguida desço as mãos até sua calcinha e a puxo entre suas pernas.

Meus olhos não se desgrudam de seu corpo. Não consigo parar de olhar pra ela, o que não a incomoda aparentemente, já que faz o mesmo comigo.

- Você é lindo demais - elogia.
- E você, uma fada. - respondo apoiando uma mão em sua cintura.


Sem perder tempo, levo minha boca aos mamilos, beijando-os, e sugando-os.
Ela fica louca quando passo a língua entre os dois, e ama quando os abocanho novamente. 

Passo a beijar seu pescoço e ela retribui com carícias em minhas costas.

Logo nossas bocas voltam a se encontrar. Nossas línguas passam a se mover no mesmo ritmo, enquanto minha mão vai baixando pelo seu corpo, passando pelo abdome lisinho, até eu a sentir toda gostosa, molhada e quentinha na ponta dos dedos.
Fernanda grita meu nome quando deslizo o dedo para dentro, o que destrói o pouco de bom senso que ainda me restava. Eu me levando e corro para o criado mudo, pego uma camisinha, rasco o saquinho com a boca e a encaro.

- A hora de parar é agora. - Digo mais para mim mesmo, do que pra ela.

Fernanda morde o lábio e olha pra mim.

- Não se atreva.

Só consigo balançar a cabeça, enquanto volto até a cama, com a camisinha na mão.
Observo seu rosto.
É ai então, que acontece o ponto de virada.
Ela estende os braços. Meu pau pulsa em sua mão. Fernanda o acaricia com movimentos firmes e fluídos, lambendo os lábios.

- Seja o que Deus quiser - murmuro, enquanto coloco a camisinha.
Ela se ajeita na cama quando volto a me aproximar, abrindo as pernas para eu me acomodar. Está ofegante assim como eu.

Posiciono as mãos uma de cada lado de seu corpo. As dela pousam sobre as minhas.
Meto nela e , nossa, está prontinha. Respiro com força indo ainda mais fundo, sentindo suas unhas se cravarem em mim, me puxando para mais perto enquanto suplica:

- Vem! Vem ...

Quando estou inteirinho dentro dela, faço uma pausa.
Saboreio o momento.

Então, ela grita impaciente:

- VEM, VEM

Eu me inclino, encontrando seus lábios, enquanto tiro tudo, depois me afundo por completo de novo. Nós dois gememos ao mesmo tempo.
Seus quadris se remexem, me obrigando a acelerar o ritmo.
Sei que ela está chegando quase lá, então vou abaixando a mão pelo seu corpo, e é o bastante, uma esfregadinha com o dedo e ela se arqueia toda, gritando e me apertando dentro de si.
O som e a visão de Fernanda Sanchez se desfazendo toda no orgasmo acaba comigo.
Só consigo dar mais duas estocadas antes de também chegar ao clímax, prendendo a pele macia de seu pescoço entre os dentes, de levinho, enquanto estremeço todo dentro dela.
Então desabo.

Ela me deixa deitar, tirando os braços das minhas costas e os deixando parados ao lado do corpo.
Fernanda vira a cabeça para colar a boca na minha orelha:
- Isso foi ...
Eu a interrompo
- Pois é ...

Não tinha explicação!
Era simplesmente inexplicável.

Fechei os olhos no intuído de relaxar, mais em poucos minutos, acabo dormindo.



O irmão do meu tioOnde histórias criam vida. Descubra agora