PROVOCAÇÃO

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Matheus Molina


Em anos de carreira, nunca havia chegado atrasado. Mas um contratempo, chamado Fernanda acabou me distraindo. E que contratempo.

Se fecho os olhos, consigo reviver a noite de ontem.
Ela perfeita, com os cabelos espalhados, nua, me acariciando, enquanto metia pra dentro dela. 
PORRA! isso nem deveria ter acontecido, eu ter gostado, muito menos. 
Mas o que poderia ter feito? A garota era puro tesão. 
Nunca mais usaria o chuveiro sem lembrar do que ela fez comigo ali.
Todavia, só a menção da recordação, me trazia uma grande angustia.
porque ela? Porque justo ela?
Poderia ser qualquer uma, menos ela. 

BURRO, isso é o que eu era. 
Não poderia ter acontecido. Muito menos na minha casa. 
Eu tinha uma regra séria sobre o assunto.
NUNCA, jamais, levei uma conquista pra casa. Ou seja, nunca havia transado com ninguém na minha cama. Lá era meu santuário, e até isso Fernanda Sanchez estragou. 

Apesar que ... EU comecei aquilo quando fui pra cima dela. Não poderia culpa-la.
Porém, me senti sem opção. Meu membro estava tão duro que parecia que iria explodir. 
Por mais que não quisesse aceitar, e mesmo sabendo, que é MUITO ERRADO, eu a desejava. 
Entretanto, não adiantaria nada, ficar remoendo os fatos agora. 

Eu a desejava. Ok!
 Transei com ela? sim!
 Mas foi bom, porque agora, aquela tensão sexual que existia entre nós, iria acabar, do mesmo jeito que era com as outras. 

Só que ela não era como as outras. INFELIZMENTE.
Fernanda, CONTINUAVA sendo a sobrinha do meu irmão, filha da mulher que amo. 


- Quem vai ser a vitima ? - ouvi me perguntarem.
-  Vitima ? - franzi a testa - Que vitima ?
- Sei lá mano, você tá ai, parado com uma cara de assassino. Está ASSUSTADOR.
Encarei Vinícius, enquanto ele dava um gole em seu café.
- No caso, eu quero me matar.
Meu amigo arqueou a sobrancelha. 
- E porque ?
- Porque sou burro - dei de ombros - Simples assim.
- Mas isso não é novidade. Já até havia aprendido a conviver com isso. - brincou. 
Sorri, com SEU deboche corriqueiro. 
- DEIXA de ser Imbecil! 
- Então me diz o que você fez? tem haver com a Lia ?
Respirei fundo, tentando encontrar meu equilíbrio. 
- Mais ou menos. 
Seus olhos se arregalam na mesma hora.
- Fernanda? Não me diz que você e ela ...
Apenas fiz que sim com a cabeça, interrompendo-o. 

O desgraçado começou a rir, me irritando ainda mais.
- Qual é cara! Eu sabia que não resistiria, mais esperava mais de você, tipo algumas semanas. 
Fechei a cara, imediatamente.
- Larga de ser idiota. Isso não poderia ter acontecido.
- Mais aconteceu. - ponderou, me dando tapinhas nas costas. 
- Você não entende - exclamei, pesaroso. 
- E nem você, então estamos quites. 
Cansado de mim mesmo, resolvo sentar na poltrona ao lado da máquina de café,  e aproveitando que a sala de estar do hospital, estava vazia, tento relaxar.
Passo as mãos pelo rosto, buscando ouvir os meus pensamentos.
Sinto meu amigo sentar ao meu lado. 
- Além da idade - digo de supetão - Tenho medo de estar transferindo o que sinto pela Lia, pra ela. - confessei, descobrindo que era o que realmente estava sentindo.
- Pode ser. - concordou meu amigo. - Seria plausível. Já que não pode ter a mãe, vê na filha a oportunidade que não teve. - deduziu em voz alta, o que eu mesmo pensava. - Ou ... Você é o Jacob.
O encarei.
-  Sou quem ?
- O Jacob cara! ele achava que amava a Bella. Mas na verdade o tempo todo era a Renesmee.
Semicerrei os olhos, e fiz uma careta.
- é o que ? - tentei entender.
- A questão é que o Jacob passou anos lutando pelo amor da Bella, só que na verdade, ele não a amava. O tempo todo foi a filha dela que puxava ele pra perto.
Sua feição estava séria, e pensativa.
- O que tinha no seu café? - perguntei realmente preocupado.
Ele sorriu.
- Matheus! Esse foi o grande Plot twiste de Crepúsculo.
Me endireitei na poltrona, puxando a manga da camisa para cima.
- Pera! você tá fazendo uma comparação, da MINHA VIDA, com CREPÚSCULO?
- Sim. - respondeu rapidamente, sem pensar.
- Eu não tô acreditando nisso. - falei indignado.
- Porque? eu sou eclético, tá? Assisti os filmes e li os livros. -comentou com uma naturalidade assustadora.
- você é doido. MUITO!
- Ei, qual é! - exclamou sorrindo. - Não seja preconceituoso porque faz  total sentido.
- Eu não vou discutir com sua analise. 
Vinícius estalou os dedos. 
- Exato! não discuta, porque estou certo. Talvez, seu destino seja a Fernanda.

DESTINO ? isso existia?
Não, claro que não. Isso só é pura  baboseira pra vender livros e filmes.
E com tanta mulher no mundo, Deus não ia me mandar justo, outra Sanchez. 
SEM CHANCES! 

Olhei de  relance para o meu amigo que sorria feito um bobo.

- Te fiz pensar, né?
Joguei a cabeça para trás, e me levantei.
- Tenho que me lembrar de nunca mais falar com você. - disparei, enquanto ele ria. 
- Tudo bem, posso aceitar isso e meu coração continua aberto. - ironizou, pousando a mão no coração. 
- Belmote, você é insuportável.
- Que tal um barzinho mais tarde, pra recompensar minha chatice eminente ?
- Fechado.

Seria realmente bom sair, conhecer mulheres e beber como de costume. Afinal, nada mudou na minha vida. Deslizes acontece e tudo bem. Já foi.



O irmão do meu tioOnde histórias criam vida. Descubra agora