Matheus MolinaEu sabia que essa ideia série péssima no momento em que pisei na frente do abrigo, ás sete horas da manhã, e vi todas aquelas crianças animadas enfileiradas para entrar no ônibus.
Após os últimos dias, eu realmente me sentia mais leve e revigorado. O jantar na casa da minha mãe havia me devolvido uma perspectiva que há muito tempo tinha perdido. A de ser Feliz. Naquela noite, voltei a sorrir de verdade. Bebemos, choramos, rimos, relembramos momentos e falamos besteiras aleatórias. Entretanto, sinto que não foi dose de alegria suficiente para aguentar passar 3 dias no mato, sendo picado por pernilongos.
- Recapitulando - dizia a voz de Vinícius, pelo celular - Você, Matheus Molina pediu três dias de folga, certo?
- Sim!
- Só que você nunca faz isso, correto?
- Não, nunca faço.
- Ok! - respirou fundo. - E você, Matheus Molina, fez isso justamente pra ir em um acampamento, que fica no meio do mato, cheio de bichos, o que de fato, odeia. Procede ?
- Sim!
Uma gargalhada explodiu do outro lado da linha.
Olhei para os lados para verificar se mais alguém conseguia ouvir.
- Posso saber do que está rindo ? - sussurrei envergonhado.
- De você, óbvio!
- Porque, diabos?
- Cara! Foi só a Fernanda te pedir que ....
- Não tem nada haver com ela. - expliquei antes que continuasse. - Vou pelas crianças.
Mais risadas.
- Vou fingir que acredito, só pra te deixar feliz.
Bufei e revirei os olhos.
- Te odeio Belmonte.
- Só porque tenho razão.
Fernanda escolheu esse momento para se aproximar.
Ela vestia um macacão estilo militar, com um cropped branco por baixo, e coturnos nos pés. O cabelo estava preso em uma transa embutida perfeita.Eu a encarei abobalhado.
- Alô? Matheus? Ainda está ai?
- hum hum. - respondi sem tirar meus olhos dela.
- A Fernanda tá com você, né? - gracejou.Desliguei o celular, sem nem ao menos responder, ou dizer tchau.
- Tudo bem ? - perguntou sorrindo.
- Bem, e você senhorita Sanchez?
- Animada!
Notei que não carregava uma grande mala, ou algo do tipo, muito pelo contrário, tudo que trazia estava em uma mochila.Percebendo minha surpresa, ela deu um tapinha no meu braço.
- Ei! Pelo menos finge que não esperava me ver chegando com duas malas grandes, vestida com roupas cor de rosa, e usando salto alto.Ri com seu alto deboche!
- Me desculpa, mas realmente achei que fosse assim.
Ela pousou a mão no peito, e abriu a boca, como se estivesse chocada.
- agora, fique ofendida.A garota estava linda. Assim como há dois dias atrás, enquanto assistia silenciosamente , um filho e sua mãe se reconectarem. Naquela noite, especialmente, ela não forçou conversas, nem impôs sua presença, muito pelo contrário, parecia mais uma telespectadora, dando-me todo espaço que precisava.
Fernanda se mostrou além de incrível, generosa.Odete passou por nós, e percebendo o silencio, pigarreou, tirando-nos do transe em que estávamos.
- Só falta vocês subirem, todos já estão na condução.
Ambos nos entreolhamos, e nos despedimos da mulher.
Em seguida, subimos no ônibus e sentamos um ao lado do outro.
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O irmão do meu tio
RomanceFernanda Sanchez é uma garota determinada que acredita no amor a cima de tudo. Mesmo muito jovem, ela sabe o que quer e luta por isso. Sem medo de se arriscar, põe tudo o que tem em jogo para conquistar seus objetivos. Seu maior sonho é constituir...