E quem é você?

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Estou exausta, não aguento mais ouvir que vão prendê-lo e que vão dar um fim nessa história de uma vez por todas mas preso ou não, não vai adiantar para mim, eu o quero morto. Nada em minha vida fará sentido enquanto ele viver, tenho esse ódio grandioso dentro de mim que as vezes me cega e literalmente não vejo nada quando acontece, apenas causo o motivo que fez os meus pais biológicos me odiarem, medo e dor.

Estou a caminho do SN mais uma vez ignorando as ordens da minha mãe, a esta altura do campeonato ninguém mais pode me dizer o que devo ou não fazer. Estou andando pelos corredores largos e extensos tentando passar despercebida, tenho certeza que elas avisaram para não me deixarem entrar nessa ala, aperto o capuz em minha cabeça e ando de cabeça baixa até encontrar a porta que eu finalmente procurando. Preciso ver qual foi a última pista que tiveram do assassino para assim ter um ponto de partida.

— Ei você, não pode entrar sem permissão. — Algum diz, conheço todos os funcionários daqui mas este eu não conseguia reconhecer a voz, parecia jovem, como Christopher. — Estou falando com você.

Sinto quando ele anda em minha direção, os pelos da minha nuca se arrepiam e eu tenho vontade de mandá-lo para longe, mas não faço, retiro o capuz e me viro em sua direção.

— Eu conheço você, é filha da Yoona e da Nancy. — Ele diz, como se soubesse exatamente quem eu era.

"E quem é você?" — pergunto e ele se assusta olhando para os lados a procura da minha voz que ecoava em sua mente. Ele olha para a minha boca e percebe que ela ainda está fechada quando digo "Vai ficar me olhando?"

— Fascinante, você nem mesmo abriu a boca... — seus olhos brilhavam mas não tinha certeza do porquê. — Não posso deixá-la entrar, linda.

"Linda?" — quem esse idiota acha que é afinal? Minha mão toca a maçaneta e eu a giro, ele me olhava atentamente — "Eu vou entrar onde eu quiser, idiota."

Entro na sala dando as costas para ele mas não consegui fazê-lo desistir, ele entrou logo em seguida vindo atrás de mim.

— O que você tá procurando?

"Não é da sua conta, me deixa em paz."

— Que acidez, sou novo aqui mas talvez consiga ajudar você a encontrar o que procura.

"E burlar a regra de não me deixar aqui?"

— É o meu primeiro dia, vão me perdoar. — Ele parecia muito confiante no que dizia.

Nós nos encaramos por alguns segundos até eu ter certeza de que deixaria ele me ajudar.

"Os arquivos de Yang Jeongin, é isso o que estou procurando, quero saber a última pista que tiveram sobre o assassino dele."

— Você era amiga dele? — tenho vontade de rir quando ouço aquela pergunta, nenhum amigo de Jeongin estaria disposto a fazer tudo o que farei para me vingar. Mas se ele sabia sobre as minhas mães, porque não saberia que eu era irmã de Jeongin?

"Irmã dele, achei que soubesse disso."

— Existem muitos com o nome Jeongin e você não é irmã de todos eles, ou é? — ele pergunta rindo e pela primeira vez em anos, o canto dos meus lábios sobem num meio sorriso mas eu logo o desfaço.

Ele anda pela sala a procura do arquivo que havia falado, ele folheia e folheia, guarda de volta, pega outro arquivo e volta a folhear mais uma vez, mas que diabos ele tanto estava folheando? O nome da vítima sempre ficava na capa dos arquivos, dou dois passos em sua direção mas logo ele se vira para mim e me entrega o arquivo.

— Achei. — ele praticamente empurra o livro em minha direção e eu o agarro. Ainda estava empoeirado como da última vez que vim aqui, sento-me no chão e olho cada página com atenção até encontrar o que eu estava procurando.

Os últimos rastros do assassino foram a meses atrás, tenho vontade de gritar quando leio aqueles números, as luzes como sempre começam a oscilar e o rapaz que estava na sala esperando com que eu terminasse olhou ao redor.

— Alguém precisa dar um jeito nessa fiação. — ele comenta, seus semblante muda por segundos, seus cenho se franze e ele coloca a mão no peito mas logo volta a me encarar. — Você precisa sair daqui mocinha.

"Mocinha?"

— Sim, mocinha, se tivermos sorte ninguém vai saber que você estava aqui.

"Como você se chama?"

— Minho, agora sai daqui pelo amor de Deus. — ele implora e eu me levanto, ando até ele e empurro a pasta em seu peito da mesma forma como ele fez comigo a minutos atrás.

Coloco o capuz sobre minha cabeça e ando de cabeça baixa até sair do prédio, por sorte ninguém me viu além daquele rapaz.

— Raven? — ouço Christopher me chamar, viro-me em sua direção e ele me olha preocupado. — Você não respondeu a nenhuma das minhas mensagens.

"Eu disse que não precisaria mais da sua ajuda."

— Isso é cruel, sou o seu único amigo.

"Não preciso de amigo nenhum"

Ele estava visivelmente magoado e essa era a minha intenção.

— Não seja tão dura consigo mesma, Raven... Isso tá acabando com você.

"O que está acabando comigo é saber que ninguém nunca deu a mínima para ele"

Christopher toca a cabeça com as duas mãos em agonia, seus olhos se apertam e ele geme de dor, minha voz ecoou ainda mais alto em sua mente e sei bem como aquilo pode ser doloroso. Ele tenta recuperar o fôlego em longas arfadas de ar e olha para mim em seguida.

— É isso o que vai fazer agora? Me machucar? Vai machucar todos o que tentarem ajudar você?

"Eu vou machucar todos que se meterem no meu caminho, eu já avisei e não estou brincando Christopher, eu vou matá-lo e não pararei até vê-lo dar o último suspiro de vida, não se meta no meu caminho, eu não quero ter que machucá-lo novamente."

Heaven & Hell | Lee KnowOnde histórias criam vida. Descubra agora